Celulares e tablets conectados à internet são algumas das ferramentas que aprisionam diversos profissionais ao trabalho e, sem tempo para todo o restante das tarefas diárias - casa, filhos, relacionamentos, etc - as pessoas começam a experimentar os dissabores da impaciência.
Se antes a pontualidade era um pré-requisito indispensável no mercado de trabalho, agora, só isso não basta. A palavra de ordem no mundo dos negócios é proatividade, ou seja, resolver um problema é importante, mas, mais interessante ainda é antever o problema e evitar que ele ocorra – e, se vier a ocorrer, que cause menos estragos. A questão é que, para ser proativo, executivos de todo o mundo têm dedicado muito mais horas ao trabalho do que antes.
No consultório da psicóloga Carla Cristini Cunha de Oliveira, do Hapvida Saúde, em São Luís, frequentemente pacientes têm buscado ajuda para driblar os efeitos do estresse diário provocado, principalmente, pela sobrecarga de trabalho. A especialista avalia que as pessoas estão muito imediatistas, querem resolver tudo ao mesmo tempo.
“Se estão dirigindo, querem passar mensagem, querem se comunicar. Isso gera inquietação. O estresse exagerado e essa impaciência não permitem relacionamentos realmente afetivos com as pessoas, especialmente, as que estão mais próximas”, alerta a psicóloga. Carla Cristini também revela que essa rotina desgastante provoca várias perdas e danos à saúde, principalmente no sistema nervoso. Síndromes de ansiedade exagerada podem ser decorrentes disso, por exemplo.
Efeitos no corpo
Todos esses efeitos maléficos e, algumas vezes, irreversíveis, são confirmados pelo clínico geral Carlos Eduardo Pereira Conceição, também do Hapvida Saúde. Ele explica que o estresse não é necessariamente algo ruim, pois os animais, racionais e irracionais, de um modo geral, precisam dele em momentos de fuga, diante de uma ameaça iminente. O médico conta que os nossos antepassados já usavam o estresse com esse fim, para escapar de situações em que a vida estava em risco. Essa tensão desencadeia reações hormonais e musculares que põem a pessoa no ponto de fugir, literalmente.
O grande problema, no entanto, é a frequência acentuada dessas reações, diariamente, porque mexem com o metabolismo e geram consequências negativas. De um modo mais amplo, as pessoas ficam mais irritadas, intolerantes, impacientes e, por isso, acabam por extravasar toda essa carga de maneira inapropriada, o que afeta os parentes mais próximos imediatamente.
A médio e longo prazos, problemas mais graves no organismo, como pressão alta, obesidade ou emagrecimento extremo, problemas cardiovasculares, insônia, cefaleia (dor de cabeça), problemas gastrointestinais e até o surgimento de vários tipos de câncer podem se relacionar com as alterações emocionais, com esse estresse diário e com a falta de tempo, de acordo com o clínico geral.
“No consultório, quando um paciente entra, a gente já consegue ler um pouco do comportamento dele e saber se ele tem uma rotina que pode ser estressante. As pessoas têm tiques, manias, alguns vícios e tudo isso é sinal da impaciência”, atesta o especialista.
Tratamento e prevenção
Quando um ou vários desses problemas já fazem parte da vida de uma pessoa, o mais indicado é mesmo procurar o apoio médico e psicológico. A psicóloga Carla Cristini aponta que, para não cair nessa cilada, o ideal é saber dividir bem o tempo ao longo do dia. Ter regras, limites e horários bem ordenados e organizados é fundamental para se reequilibrar o padrão de uma vida tranquila e sem tanto estresse, que leva à frustração constante.
Já no campo da medicina, o mais interessante é levar uma vida com hábitos saudáveis, com atividade física frequente. Além disso, de acordo com o clínico geral Carlos Eduardo, na maioria das vezes, até uma simples mudança na rotina é suficiente para oxigenar a mente e modificar o formato da vida que se tem levado. A partir de uma atitude mais positiva e empoderada, cada um pode navegar pra onde a impaciência não tenha tanto espaço assim: para dentro de si.
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