Atentado

Motorista que atacou multidão em Nice era tunisiano, diz polícia

Mohamed Lahouaiej Bouhlel era da cidade tunisiana de Msaken; segundo fontes policiais, ex-mulher de Bouhlel foi presa; o presidente François Hollande, disse que o atentado tem "caráter terrorista" e que estenderá por três meses o estado de emergência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
Caminhão foi alvejado por policiais franceses (FRANÇA)

França - O motorista que atacou uma multidão na noite de quinta-feira,14, era um tunisiano de 31 anos. A identidade do homem, que já tinha cometido pequenos crimes, foi encontrada na cabine do caminhão que ele utilizou para atropelar as pessoas que participavam da festa da queda da Bastilha. Ele foi morto por policiais após o ataque.

O homem, identificado por fontes da polícia francesa como Mohamed Lahouaiej Bouhlel, era da cidade tunisiana de Msaken, segundo a Reuters. Ele visitou o local pela última vez há quatro anos, disseram fontes da segurança da Tunísia na sexta-feira, 15. Bouhlel era casado e tinha três filhos. As fontes não disseram quando ele residiu na Tunísia pela última vez.Ainda segundo fontes policiais, a ex-mulher de Bouhlel foi detida nesta sexta-feira,15, pelos investigadores franceses.

O procurador de Paris, François Molins, afirmou que uma arma de fogo e munição foram encontradas no caminhão usado no ataque. Até por volta de 12h30 ação não tinha sido reivindicada.

Esse foi foi o 2º ataque mais sangrento dos últimos 50 anos, segundo balanço divulgado pelo francês Le Monde. Em número de mortos, ele ficou atrás apenas da série de ataques de 13 de novembro de 2015.

Solitário e silencioso

Segundo a France Presse, ele foi descrito por seus vizinhos como "solitário" e "silencioso". Bouhlel não tinha a aparência de uma pessoa religiosa e frequentemente era visto de bermuda, conta Sébastien, um vizinho do edifício de quatro andares onde, nesta sexta-feira, 15, foi realizada uma inspeção pelas forças de segurança.

Uma família numerosa, que também vive no mesmo prédio, afirmou que o jovem nunca os cumprimentava. No térreo, um vizinho chamado Anan disse que não confiava nele porque "olhava com muita insistência para suas duas filhas". Segundo a BBC, a residência de Bouhlel fica no bairro de Abattoirs, em Nice.

Dezenas de mortos

O ataque deixou 84 mortos e dezenas de feridos. O presidente francês, François Hollande, disse na quinta que o atentado tem "caráter terrorista". Ele anunciou que vai estender por três meses o estado de emergência no país e ampliar operações na Síria e no Iraque.

"Este ataque, cujo caráter terrorista não pode ser negado, é, uma vez mais, de uma violência absoluta", discursou.

O governo decretou luto por três dias. "A França foi atacada por essa nova tragédia, está horrorizada pelo que aconteceu, essa monstruosidade que consiste em utilizar um caminhão para matar, deliberadamente matar dezenas de pessoas que vieram simplesmente celebrar o 14 de Julho. A França chorou, está ferida, mas é forte, e sempre será mais forte que os fanáticos que a atacaram", disse Hollande.

"É toda a França que está sob a ameaça do terrorismo islâmico. Então, nessas circunstâncias, nós devemos fazer a demonstração de uma vigilância absoluta e de uma determinação contínua", discursou em outro momento.

Hollande afirmou ter decidido, após deliberar com o primeiro-ministro e os ministros da Defesa e do Interior, manter o nível da Operação Sentinela, que mobiliza 10 mil militares, além de policiais.

Ele ainda afirmou que vai fazer um chamado aos militares da reserva para auxiliar no policiamento do território francês e das fronteiras.

Vítimas

Cerca de 50 pessoas estão entre a vida e a morte após o ataque ocorrido em Nice. O último balanço aponta que 202 pessoas ficaram feridas.

"Há cerca de 50 pessoas que estão em emergência absoluta, quer dizer, entre a vida e a morte. Entre essas vítimas, há franceses e muitos estrangeiros vindos de todos os continentes, e há crianças, muitas crianças",a declarou o chefe de Estado após uma visita a um hospital de Nice.
"As vítimas foram "atingidas para satisfazer a crueldade de um indivíduo e, talvez, de um grupo", declarou. Para o presidente, a batalha contra o terrorismo vai ser "longa" e "o inimigo continuará atacando".

O ataque

Um caminhão atropelou diversas pessoas que estavam assistindo à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, Dia da Queda da Bastilha, em Nice, no sul do país, matando dezenas.

Segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, havia 84 mortos. O gabinete da Procuradoria de Paris abriu uma investigação para apurar o ataque.

O ataque aconteceu no Promenade des Anglais (Passeio dos Ingleses), uma avenida à beira-mar, por volta das 22h30 (17h30 em Brasília). O procurador de Nice, Jean-Michel Prêtre, diz que o veículo percorreu 2 km entre a multidão. O motorista foi morto por policiais.

No momento em que o caminhão chegou, segundo o jornal "Nice Matin", um grande grupo de pessoas começou a correr. O clima era de pânico, já que ninguém sabia se era um acidente ou se o motorista atingiu as pessoas deliberadamente. Várias delas entraram no mar para se proteger.

Um vídeo publicado no Twitter mostra um caminhão, que parece ser o que foi usado no atropelamento, acelerando em direção às pessoas.

Frase

“A França chorou, está ferida, mas é forte, e sempre será mais forte que os fanáticos que a atacaram”

François Hollande

Presidente da França

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Motociclista tentou parar caminhão

Motociclista tentava abrir porta de caminhão antes de cair; testemunha filmou ação da varanda de um hotel

França - Um motociclista tentou parar o caminhão que avançou contra a multidão na noite de quinta-feira,14, em Nice, buscando abrir a porta do veículo, que ainda circulava em baixa velocidade no Passeio dos Ingleses, antes de cair, informou o jornalista alemão Richard Gutjahr.

"Eu estava na varanda (de um hotel) com vista direta para o Passeio dos Ingleses vendo as pessoas que estavam celebrando (o 14 de Julho) quando, de repente, um caminhão surgiu em direção à multidão", contou à AFP, por telefone.

"Ele estava dirigindo muito devagar, isso é que foi surpreendente. E foi seguido por um motociclista que estava andando atrás dele, e o motociclista tentou ultrapassar e até tentou abrir a porta do motorista do caminhão", contou o jornalista, que gravou um vídeo com o celular para a cadeia pública alemã ARD.

"Mas ele caiu e ficou sob os pneus do caminhão", acrescentou.

"Eu também vi dois policiais atirarem contra o caminhão. E, em seguida, o motorista do caminhão acelerou e dirigiu em ziguezague para cima da multidão. Em seguida, houve de 15 a 20 segundos de disparos de várias armas", contou ainda.

Segundo seu testemunho, tudo demorou 60 segundos. Ele também viu o pânico tomar conta das pessoas e mais de dez corpos caídos no chão.

"Foi o caos absoluto, gente gritando", descreveu o jornalista da AFP Robert Holloway, presente nas festividades.

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