Chanceler diz que deixar a UE não significa abandonar Europa
Boris Johnson liderou campanha para Reino Unido deixar a União Europeia; ele foi um dos primeiros ministros a ser indicados por Theresa May; para o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault, novo ministro britânico é um mentiroso
Londres - O novo ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, disse ontem que a saída de seu país da União Europeia não significa abandonar Europa, segundo a France Presse. "Há uma grande diferença entre o fato de que vamos abandonar a UE e a nossa relação com a Europa, que em qualquer caso se verá reforçada", disse Johnson em sua primeira declaração desde que foi nomeado.
"Na Europa, vamos implementar a vontade do povo no referendo, mas isso não significa em nada abandonar Europa", afirmou o ex-prefeito de Londres, um dos mais prominentes partidários de sair da UE.
Uma das primeiras nomeações anunciadas na quarta-feira por Theresa May depois de assumir como primeira-ministra foi o de Johnson. A escolha foi inesperada depois que ele se retirou há duas semanas da corrida para suceder David Cameron.
O papel do novo chanceler nas negociações britânicas sobre a futura relação do país com a UE deve ser limitado, uma vez que May criou um novo cargo ministerial voltado exclusivamente para negociar o afastamento da União Europeia. Veja o perfil dos novos ministros.
Crítica
O Reino Unido escolheu um mentiroso que está pressionado contra a parede ao indicar Boris Johnson como seu novo ministro das Relações Exteriores em um momento no qual é preciso alguém confiável nesse papel, disse o chanceler francês, Jean-Marc Ayrault, ontem.
Johnson foi bem-sucedido fazendo campanha para os britânicos romperem com a União Europeia no referendo do mês passado. Na França, um país-membro fundador da UE, ele é visto como uma peça fundamental da separação e do revés que esta representa para a integração europeia.
"Não estou nem um pouco preocupado com Boris Johnson, mas... durante a campanha ele mentiu muito para o povo britânico, e agora é ele quem está com as costas na parede", disse Ayrault à rádio Europe 1.
Após a consulta popular de 23 de junho, Johnson desistiu da chance de concorrer a primeiro-ministro no lugar do conservador David Cameron, que renunciou depois de defender sem sucesso a permanência de seu país no bloco.
Na quarta-feira, porém, sua sucessora, Theresa May, indicou o ex-prefeito de Londres e outrora jornalista como seu ministro das Relações Exteriores.
Johnson, porém, não estará a cargo das conversas sobre o procedimento de desfiliação britânica. May nomeou David Davis, ex-presidente do Partido Conservador e defensor da saída da UE, para um cargo ministerial especial para essa função.
Mesmo assim, Ayrault, geralmente moderado em seus comentários, emitiu um alerta contundente para o novo representante de política externa de seu vizinho próximo.
"Ele está pressionado contra a parede para defender seu país, mas também contra a parede no relacionamento com a Europa que precisa ser claro", disse Ayrault.
"Preciso de um parceiro com quem possa negociar e que seja claro, crível e confiável", acrescentou. "Não podemos deixar esta situação ambígua, incerta se arrastar... no interesses dos próprios britânicos".
Mais
A França e outros parceiros da UE exortaram o Reino Unido a iniciar rapidamente o processo de saída do bloco para que o período de conversas de dois anos sobre os termos comerciais e outros laços possa começar. May indicou que não pretende fazê-lo este ano.
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