Crise POlítica

Pedido de prisão de Lula abre nova possibilidade de conflitos

Ex-presidente reuniu-se ontem com as lideranças do PT para definir estratégias de enfrentamento do que os petistas chamam de estratégias para o golpe no país

Marco Aurélio D''Eça

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50
Lula se reuniu com líderes do PT, que vão brigar pelo legado do partido (Lula se reune com líderes do PT)

Horas depois de o Ministério Público de São Paulo pedir a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em processo sobre o apartamento triplex de Guarujá, que corre na Justiça estadual, o líder petista se reuniu com lideranças do partido para definir estratégias para enfrentamento dos cenários de crise.

A prisão preventiva de Lula foi pedida pelos promotores que apuram o caso do apartamento, sob a alegação de que a medida é necessária para garantir "a ordem pública, a instrução do processo e a aplicação da lei penal". O caso será analisado pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo. Ainda não há data marcada para a Justiça decidir sobre o caso.

Durante a reunião com as lideranças do PT, Lula avaliou também as especulações de que uma nova fase da Operação Lava Jato estaria para ser deflagrada, tendo mais uma vez o ex-presidente como alvo. O petista chamam as ações de golpe.

Nos últimas dias, cresceu a corrente que defende que o ex-presidente assuma um ministério no governo Dilma Rousseff. A medida teria o objetivo de melhorar o poder de negociações do governo e dar foro privilegiado a Lula, na iminência da expedição de um mandado de prisão. Contudo, o ex-presidente não tem se mostrado inclinado a aceitar a proposta.

Ontem, os promotores de São Paulo concederam entrevista coletiva para formalizar os crimes supostamente cometidos pelo ex-presidente.

Segundo a promotoria, Lula é acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, crimes cujas penas podem variar de 3 a 10 anos de prisão e de 1 a 3 anos, respectivamente. A ex-primeira dama Marisa Letícia e um dos filhos do casal, Fábio Luís Lula da Silva, também são acusados de lavagem de dinheiro.

As denúncias envolvem o triplex no Guarujá, que é alvo na operação sobre a Petrobras. O crime de ocultamento de imóvel enquadra-se como uma das modalidades de lavagem de dinheiro, segundo o MP.

PMDB e PSDB já firmaram aliança para o pós-impeachment

Na noite de quarta-feira, 9, após reunião do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores do PMDB e a cúpula do PSDB, Eunício Oliveira (CE), líder peemedebista, afirmou que os dois partidos vão "caminhar juntos" em busca de alternativas para o país.

O encontro entre parlamentares de PMDB e PSDB aconteceu na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Aloysio Nunes (PSDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PE) também participaram. Pela manhã, Renan e outros senadores do PMDB haviam se reunido com o ex-presidente Lula.

Eunício e Tasso Jeireissati destacaram que no encontro foram debatidos cenários para a crise do governo Dilma Rousseff, entre eles o impeachment.

"Não podemos ficar paralisados vendo o país derreter. O PMDB e o PSDB vão caminhar juntos em busca de solução para o país. Discutimos todos os cenários possíveis: o impeachment, a cassação da chapa pelo TSE e até a permanência de Dilma", disse Eunício Oliveira. Ainda segundo Eunício, outros partidos serão procurados para aderir ao movimento, inclusive o PT, "se ele quiser participar."

O tucano Tasso Jereissati destacou que "o momento é muito grave". "Partidos do tamanho do PSDB e do PMDB não podem ficar omissos. Decidimos que vamos trabalhar juntos. É fundamental conversarmos para buscar uma saída, uma solução para essa crise. Do jeito que está não dá para continuar. E com certeza vamos tentar aglutinar outras forças políticas.”

Jereissati afirmou ainda que várias alternativas foram debatidas no encontro com o PMDB, mas que uma decisão só seria tomada com a adesão de outros partidos. "É essencial aglutinarmos várias forças políticas. Tem outros partidos que estão percebendo que é preciso encontrar uma saída. Estamos indo para o abismo. O que definimos é que PSDB e PMDB vão trabalhar juntos com o objetivo no curto prazo de aglutinarmos outras forças e buscar uma solução.”

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