Fazendo parte de um dos eventos mais aguardados pelos atletas e dirigentes esportivos concorrentes do Troféu Mirante Esporte 2015, a palestra de Hortência Marcari, ex-jogadora da seleção brasileira de basquete, foi considerada um sucesso, proveitosa e motivacional. A sala 10 do cinema Cinépolis, na manhã de ontem, no São Luís Shopping, no Jaracati, foi tomada por desportistas, que ouviram atentamente a “Rainha do Basquete” falar sobre lições de uma vida. Estratégias, valores e atitudes de uma campeã.
Sob olhares atentos, Hortência falou de sua vida, sua origem, sua infância, da importância de seus filhos, mas principalmente, conta sua trajetória no esporte e no basquete; uma história construída com talento, oportunidades percebidas e aproveitadas e, sobretudo, de muito trabalho. “Era de família humilde e tinha um objetivo na vida: ser campeã no esporte. Por isso, me dedicava ao máximo aos treinamentos e se não tivesse participado de um evento, como este, acho que seria mais um diamante, que foi descoberto, mas que não brilharia”, disse.
Hortência lembrou que a realidade muitos atletas no Brasil é de luta contra as marcas e principalmente por apoio financeiro. “Acho que não podemos jogar toda a conta na costa dos empresários, porque quem deveria incentivar e patrocinar o esporte era o governo, porque pagamos impostos. Hoje existe a Lei de incentivo ao Esporte, no qual o empresário doa o dinheiro para os atletas e abate dos impostos. Entretanto, a Lei atinge apenas as Empresas que trabalham com Lucro Real, que são as grandes empresas, e não as de Lucro Presumido, que estão mais perto destas comunidades e os atletas e pessoas que tem projeto poderia ter mais acesso”, explicou.
Além disso, Hortência deu um recado aos concorrentes do Troféu Mirante Esporte. “A vida é feita de escolhas e quando você se esforça para conseguir o seu objetivo tudo é possível. Se não vencer desta vez, continue insistindo. O importante é fazer parte dessa festa e curtir cada momento, porque todos que estão aqui já são vencedores”, declarou.
A atleta de Jogos Damas, Thalyane Bianca Sá Santos, disse que a história de vida de Hortência é um exemplo para muitos atletas. “Achei muito motivacional, a palestra da Hortência, porque ela mostrou um lado da sua vida que muita gente não conhece. Que toda atleta passa por dificuldades e se não passou ainda passará e o importante é conseguir superar estes desafios”, comentou.
A presidente da Federação de Ginástica do Maranhão (FEMAG), Liane Melo, disse que a palestra da Rainha do Basquete superou todas as suas expectativas e que estava ansiosa pelo evento. “Foi a melhor palestra que assisti promovida pelo Troféu Mirante Esporte. Ela falou da sua origem, inclusão social, investimento no esporte e da importância da escola na vida das criança. Acho que a palestra dele já deveria ter acontecido”, comentou.
Além dos atletas e representantes de federações que disputam o Troféu Mirante Esporte 2015, foram convidadas a participarem da palestra proferida por Hortência, as atletas do Maranhão Basquete e do Sampaio Corrêa, que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF) e 100 crianças assistidas pelo projeto Liberdade com Basquete, organizado pela atleta Iziane. “Assim como Hortência foi referência na minha vida como atleta. Espero que ela possa ser para estas crianças que fazem parte do Projeto Liberdade com Basquete. Graças ao Troféu mirante Esporte, muitas delas estão tendo a oportunidade de conhecer a maior jogadora de basquete do mundo”, completou a armadora da Seleção Brasileira e do Sampaio Corrêa Basquete.
História
Por 21 anos em que defendeu a seleção brasileira feminina de basquete, Hortência Marcari (Potirendaba, SP, 23/9/1959) reinou nas quadras brasileiras, dividindo com Paula durante boa parte desse tempo a condição de principal jogadora do país. Não por acaso, ela entrou para a história do esporte com o honroso título de “Rainha do Basquete”.
Sua especialidade eram as cestas à distância, tanto que chegou a marcar 121 pontos em uma partida, recorde mundial no basquete feminino, estabelecido em 1990. Em quadra, Hortência era sinônimo de "garra", nunca se intimidou com o corpo-a-corpo das adversárias, apesar de não medir mais que 1,74 metro de altura.
De família humilde, Hortência foi descoberta ainda menina, aos 13 anos, jogando handebol na sétima série do Colégio Santa Maria, em São Caetano do Sul (SP). Hortência chegou à seleção brasileira com apenas 16 anos. Quando começou a vestir a camisa verde-amarela, a seleção era muito pouco respeitada. Ao abandonar a carreira, no entanto, ela pôde atestar o legado deixado pela geração comandada por ela e Paula. Com as duas à frente da equipe, o país conquistou o Pan-Americano, em Havana, 1991, o Mundial, na China, em 1994, e a medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Em Sydney, 2000, já sem Hortência e Paula na quadra, viria o bronze.
Com a camisa número 4 do Brasil às costas, Hortência disputou cinco campeonatos mundiais, quatro Jogos Pan-Americanos e duas Olimpíadas, em Barcelona, 1992, e Atlanta, 1996, quando as meninas do Brasil não conseguiram colocar fim à hegemonia das americanas, mas voltaram para casa com uma honrosa medalha de prata. Na final, foram derrotadas pelos Estados Unidos por 111 a 87. Hortência, que encerrou a carreira após essa conquista, é a única brasileira que tem sua camisa no Hall da Fama em Springfield, nos Estados Unidos, onde o basquete começou.
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