Maranhão

Assassinatos de blogueiros: Abraji manifesta preocupação com os crimes no Maranhão

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo pede que autoridades maranhenses apurem os casos com precisão e celeridade

O Estado Online, com informações da Abraji

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53
Ítalo Diniz foi assassinado em Governador Nunes Freire e Roberto Lano na cidade de Buriticupu. (Assassinato de blogueiros)

SÃO LUÍS – A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se manifestou, nessa quinta-feira (26), sobre morte de dois blogueiros maranhenses, assassinados no interior do Estado no mês de novembro deste ano.

No ultimo dia 13, Ítalo Diniz foi assassinado a tiros em Governador Nunes Freire. Oito dias depois, Orislândio Roberto Araújo, conhecido como Roberto Lano, foi executado na cidade de Buriticupu, região centro-oeste do Maranhão. Nos dois casos, os executores estavam em motocicletas e fugiram logo após atirarem contra os comunicadores.

A Abraji declara que a situação é preocupante e a associação já está apurando as circunstâncias das mortes, que podem estar relacionadas aos conteúdos divulgados pelos blogueiros, os quais usavam seus blogs para criticar políticos locais, além de publicar e reproduzir reportagens sobre a região.

A associação já ouviu colegas de Ítalo Diniz, os quais afirmam que o crime foi represália contra o comunicador por sua atuação no blog. Ainda de acordo com a Abraji, Luciano Tavares, outro comunicador da região de Governador Nunes Freire, disse ao Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) que Diniz “irritava apoiadores do ex-prefeito da cidade [adversário do atual]” com suas críticas. Uma pessoa próxima a Diniz disse à entidade estar certa de que a morte dele teve razões políticas. Além da página na web, Diniz também trabalhava como assessor de imprensa do prefeito de Governador Nunes Freire, Marcel Curió (PV).

Já sobre a morte de Roberto Lano, a associação já apurou que, cinco dias antes de ser assassinado, o blogueiro publicou em seu blog uma crítica ao atual prefeito de Buriticupu, José Gomes (PMDB). Além de comunicador, Lano era promotor de eventos e locutor, inclusive fazia serviços de locução em campanhas políticas.

Mais rigor nas investigações

Segundo a Abraji, a polícia maranhense não conseguiu determinar, até o momento, se as mortes têm relação com as atividades de Diniz e Lano como blogueiros.

Segundo o delegado Guilherme de Sousa Filho, responsável pelo caso de Diniz, essa é uma das possibilidades que estão sendo investigadas. Já sobre o assassinato de Lano, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão diz, por meio de nota, que “a polícia trabalha com várias linhas de investigação”.

Leia também: Assassinato de blogueiro ainda não foi elucidado

A associação pede que as autoridades maranhenses apurarem “com precisão e celeridade a motivação de cada um dos crimes. É preciso esclarecer se as execuções foram consequência do que os blogueiros publicavam e punir os responsáveis. Só assim será possível evitar novos crimes contra a liberdade de expressão”, declarou a Abraji, em sua página na internet.

O perigo de ser jornalista no Maranhão

No início desta semana o Estado Online divulgou dados do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), uma ONG internacional, o qual mostra que a Somália – onde um ou mais jornalistas foram assassinados por ano na última década e o governo se mostra incapaz para solucionar estes crimes – é o lugar mais perigoso do mundo para se exercer a profissão. Fazendo um comparativo, a situação do Maranhão preocupa, já que, só este mês dois blogueiros foram assinados no interior do Estado.

A reportagem chama a atenção para o clima de insegurança em que vivemos comunicadores do Estado, que convivem com o medo e ameaças constantes.

Relembre a reportagem: No Maranhão é tão perigoso ser jornalista quanto na Somália

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