Violência

87 assaltos a ônibus causam medo e tensão na população

Violência começa a fazer parte da rotina de usuários de coletivos; se deslocar de um ponto a outro tem se tornado uma tarefa difícil

Gisele Carvalho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53
Utilizar o transporte coletivo em São Luís tem ficado perigoso por causa do alto índice de assaltos; passageiros se sentem inseguros (ônibus)

SÃO LUÍS - O alto índice de assaltos registrados na Grande Ilha nas últimas semanas vem assustando quem precisa andar de ônibus. No mês de outubro, foram registrados 87 assaltos segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (STTREMA), número que traduz a sensação de insegurança entre os usuários e mostra a necessidade de ações de segurança mais efetivas. Nas paradas de ônibus e dentro de coletivos, passageiros adotam estratégias para evitar prejuízos com assaltos.

“Já fui assaltada no ônibus duas vezes, sendo que o intervalo foi de 15 dias entre os assaltos. Nas duas vezes, não me agrediram verbalmente e nem fisicamente. Mas ameaçaram com faca”, contou. O relato da estudante de Geografia Anny Karolyny Oliveira Portela é apenas um entre as dezenas de casos de assaltos que já foram registrados na ilha de São Luís.

Reagir a assaltos nunca é uma alternativa recomendada e, estando sob a mira de uma faca por duas vezes, não há o que fazer para se defender, como aconteceu com Anny Karolyny. Mas muitos usuários vêm adotando medidas para se proteger da onda de assaltos.

A própria estudante lembra que sentou em cima do telefone celular para que ele não fosse levado pelos bandidos. Nas duas ocasiões, ela entregou apenas dinheiro aos assaltantes.“Não tenho como mudar muito minha rotina por causa do trabalho e estudo, mas tento evitar alguns horários e ficar em algumas paradas onde é mais perigoso. Às vezes não tem jeito”, afirmou.

A agricultora Luciana Maia é outra usuária do transporte público que teme pela violência e tenta se prevenir. “Nunca fui assaltada, mas escuto muita gente falando disso. Tenho muito medo não só de perder um pertence, mas também de me machucarem. Por isso, ando só com o dinheiro da passagem e nem ando com bolsa”, ressaltou.

Já o atendente Roberto Tavares, que já foi vítima de assalto em um coletivo,diz que conta apenas com a sorte todos os dias quando sai de casa para o trabalho. “É muito chato passar por isso. A gente trabalha para comprar as coisas e vem alguém te tomar e ainda te chama de vagabundo. Se reagir é pior para a gente”, afirmou.

Ocorrências

Este ano, seis pessoas ficaram gravemente feridas - e algumas morreram - durante assaltos em coletivos. No dia 4 de maio, o estudante Rondinelly Ferreira da Costa, de 18 anos, morreu baleado dentro de um coletivo, na Cohab. No dia 30 do mesmo mês, um assaltante morreu em ação criminosa na Avenida dos Franceses, próximo ao bairro Radional.

No dia 11 de julho, umassalto ao coletivo na Vila Esperança terminou com uma cobradora esfaqueada e um estudante do curso de Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) do campus Maracanã ferido. No dia 3 de junho, um adolescente de 16 anos assaltou um coletivo da linha Cohatrac/São Francisco quando o veículo passava sobre a ponte José Sarney, no bairro São Francisco. A passageira Alessandrina Alves Rodrigues, de 21 anos, e o assaltante morreram baleados por outro passageiro.

A última ocorrência foi registrada no dia 7 de outubro. A vítima foi José Raimundo Brito Batista, de 65 anos. Um coletivo da linha São Raimundo/Bandeira Tribuzzi , foi invadido por três homens armados, no bairro da Camboa, em São Luís. Houve disparos dentro do veículo e o idoso foi um dos dois baleados, ele foi socorrido e levado ao Hospital Universitário Presidente Dutra (HU), mas não resistiu aos ferimentos.

Reação – Neste ano, 459 assaltos em coletivos foram registrados. Desse quantitativo, 18% das ocorrências foramregistradas no mês de outubro. Por causa do alto índice de ocorrências, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (STTREMA) informou que a possibilidade de uma nova paralisação da categoria, a partir do dia 9 deste mês, será discutida com os trabalhadores em assembleia.

A paralisação poderá acontecer com o recolhimento total da frota de coletivos, durante o período noturno. A suspensão integral da circulação dos coletivos também nos períodos da manhã e tarde não está descartada. A categoria se reunirá no próximo dia 6, a partir das 9h, com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP) na sede da pasta, localizada no bairro Vila Palmeira, para discutir o assunto.

Mais

Assaltos a coletivos em 2014*

Janeiro: 52

Fevereiro: 51

Março: 65

Abril: 29

Maio: 44

Junho: 24

Julho: 25

Agosto: 8

Setembro: 3

Outubro: 15

Novembro: 23

Dezembro: 27

Total: 366

Assaltos a coletivos em 2015*

Janeiro: 43

Fevereiro: 29

Março: 38

Abril: 62

Maio: 61

Junho: 15

Julho: 21

Agosto: 36

Setembro: 67

Outubro: 87

Total: 459

*Números do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão

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