No início da década de 1960, eu conheci o João do Vale na Praça João Lisboa, na cidade São Luís. Era começo de noite. Eu estava jantando caldo de cana com pão massa fina em um abrigo. Ele chegou e me perguntou: “Você gosta do que está bebendo?” Respondi-lhe: gosto. Assim, eu me lembro mais da minha infância no interior do Maranhão e do meu pai e da minha mãe”.
Diante da minha resposta, acima citada, ele se manifestou assim me dizendo: “Você é de origem pobre. Eu também sou. Nasci em Pedreiras. Assim, agora, juntos vamos jantar o mesmo caldo de cana que é forte. Faz bem à saúde”.
A partir daí, nos tornamos amigos e nos encontrávamos muitas vezes no mesmo local. As nossas conversas continham estímulos recíprocos.
Ele me dizia o que queria ser. E eu lhe dizia o mesmo. Certa vez, eu lhe acrescentei dizendo: “Não lute para ter, lute para ser. Quem luta somente para ter só chegará muito cedo a um desses dois lugares: cadeia ou cemitério”. Após ouvir essa afirmação, ele riu muito e me respondeu: “Nós vamos crescer muito, pois já estamos lutando, desde criança, para ser”.
Naquela época, ele já era um poeta e sabia cantar. Tornou-se músico e cantor entre os melhores no Brasil. A música bela, perfeita, é a que contém dois magníficos elementos: letra e melodia.
João do Vale foi e é perfeito no que fez como compositor e cantor. Assim, ocupou e ocupa merecido espaço de geniais da música no território brasileiro.
A música é uma das mais belas artes e cantor é uma das mais importantes profissões no mundo. Por seus intermédios, a pessoa chega à imortalidade, pois o corpo vai, porém a sua inteligência fica para a eternidade.
Em face dessa realidade universal, está, hoje, entre nós o poeta, compositor e cantor João do vale, ocupando o seu legítimo destaque como compositor e cantor.
Ninguém ver o seu corpo já falecido. Mas todas as pessoas podem perceber o seu espírito comandando o que fez na música e pela música em nosso País.
O maranhense é portador de muita inteligência. Sabe de onde veio, onde está e para onde quer ir. Assim, constrói o melhor caminho e segue somente fazendo o bem.
Recentemente, publiquei o livro “Encontro com as Palavras”, Poesia, e ressaltei a importância da amizade, assim afirmando: “Amizade não nasce do nada,/nasce da união e cresce pela perfeição,/assim segue no tempo e no chão,/vai longe e sobe para sempre,/cresce por si e pela multidão./Ela diz de onde veio e para onde vai,/é precisa e assim deve ser sentida e avaliada,/a sua verdade tem força eterna,/abre espaço para o bem e assim não faz mal,/indica o melhor contra a maldade./Ela revela o sentimento puro,/tem a sua própria história,/protege e engrandece quem por ela só faz o bem,/é bom, sim, protegê-la e engrandecê-la,/assim faz para todos um perfeito berço./Tem na lógica a sua explicação,/tem na razão o motivo para existir,/não se perde nas palavras nem nos fatos,/para isso basta que seja bem conduzida,/se assim cada um fizer, será eternamente feliz”.
A amizade eleva o ser humano ao encontro da felicidade e assim ele cresce a cada dia que passa.
É muito importante ser amigo e ter amigos onde estiver. Assim, a vida lhe garante a certeza da tranquilidade.
João do Vale, meu amigo ontem e hoje, serve-me de exemplo na luta permanente que fiz, faço e farei na construção das melhores amizades. Assim, também venci muitas dificuldades.
José Carlos Sousa Silva
Advogado, jornalista e professor da UFMA e Universidade Ceuma. Mestre em Direito pela UnB. Membro da Academia Maranhense de Letras.
E-mail: jcss@elo.com.br
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