Há 10 anos em cartaz, o espetáculo História de Todos os Dias, da Companhia Miramundo Produções Culturais, está sendo reapresentado com novo elenco, desta vez com os atores Eduardo Brenha, Luna Gandra e Ricardo Torres. A temporada acontecerá no mês de maio, com data e local ainda não definidos.
O espetáculo é um apanhado de histórias de violência cotidiana, as quais acontecem dentro de casa e as pessoas preferem silenciar. O texto de Michelle Cabral aborda diferentes temáticas, entre elas, tortura nos tempos da ditadura, violência contra a mulher e homossexualidade. A encenação rompe as convenções, buscando, além da personagem, o performer, o ator como personagem de sua própria trajetória de vida. "São histórias, por exemplo, de pessoas torturadas durante a ditadura militar no Brasil. Inclusive reproduzimos um depoimento real de uma mãe que recebe uma carta com relatos da tortura a que o filho estava sendo submetido. Algo como 'não se preocupe, seu filho está apenas levando pontapés, mas isso ele levaria em briga da faculdade", detalha a atriz Luna Gandra.
Pesquisa - Segundo Gandra, a pesquisa completa foi realizada pela diretora Michelle Cabral e adaptada para o teatro. Desde que entrou em cartaz, a peça já foi assistida em mais de 60 cidades do Brasil. São Luís e outros municípios maranhenses foram contemplados.
A montagem ganhou prêmios de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz (Fátima de Franco) e Melhor Direção (Michelle Cabral). Conforme Luna Gandra, a escritora trabalha o texto apresentando inclusive momentos da fase infantil das personagens.
"O intuito das crianças aparecerem ao longo do espetáculo é mostrar que todos ali já foram crianças, como foi sua educação, se sofreram opressão e se já existia violência entre elas. Depois de alguns anos observando o impacto que a peça causava no público, colocamos na estrutura um bate-papo para que pudéssemos conversar sobre esses temas geralmente ignorados e expostos em cena” explica Luna Gandra.
Nos primeiros anos da montagem, o público ficava paralisado olhando para o palco sem reagir, sem sair, sem bater palmas e sempre procurava o elenco e a direção para conversar, por isso, foi pensado um bate-papo com a plateia para compartilhar experiências. Com foco na atuação, a peça utiliza a simplicidade grotowiskiana. Ou seja, os focos são nos atores, que vivenciam as situações, inclusive de violência. Trata-se de um teatro praticamente sem vestimentas, baseado no trabalho psico-físico do ator. O processo de preparação do elenco durou três meses. A ideia, segundo Luna Gandra, é que o espetáculo permaneça em cartaz o máximo de tempo possível.
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