Com mais de 250 mil habitantes, o polo da Cidade Operária, que compreende aproximadamente 60 bairros da capital, apresenta problemas crônicos que comprometem diretamente os moradores daquela região. A falta de infraestrutura e de organização no trânsito, além da ausência de saneamento básico e da presença de problemas em outros setores, evidenciam o descaso do poder público municipal no logradouro.
A área verde que está localizada na Avenida Oeste, na Unidade 201, na Cidade Operária, está tomada de lixo. Segundo os moradores da localidade, o problema na área é causado principalmente pela ação de carroceiros que insistem em depositar restos de móveis velhos, animais mortos, entulho, entre outros dejetos no local. "Nós não jogamos lixo aqui porque temos consciência, mas eles não estão nem aí e ainda brigam conosco quando falamos algo. Temos que viver com as portas e as janelas fechadas por causa do forte cheiro. Comprei essa minha casa por mil reais porque o dono só queria sair daqui", comentou Francisco Ferreira, que mora há 16 anos em frente ao lixão.
Como se não bastasse o problema, o forte odor da feira da Cidade Operária também incomoda os consumidores e feirantes. O local, que é frequentado por muitos moradores da área da Cidade Operária e de bairros adjacentes, apresenta graves problemas estruturais, além de ter o esgoto exposto e grande acúmulo de sujeira. Segundo Maria de Jesus Pereira, moradora do bairro da Maiobinha, a falta do manuseio adequado dos alimentos no local, por causa da falta de higiene, assusta. "Nós só viemos aqui porque precisamos e é o jeito. Fede muito mesmo. E essa é uma feira muito grande, eu venho de outro bairro só para comprar aqui. Fica mais complicado ainda quando a gente vem com criança", ressaltou a dona de casa.
Imprudência- Além de todos esses problemas, a situação fica ainda mais complicada por causa da disputa constante entre ambulantes, comerciantes, pedestres e ciclistas pelas calçadas e pelo meio-fio da Rua 203, que é a principal avenida do bairro da Cidade Operária e é via de acesso de vários bairros do polo. Muitos feirantes e ambulantes insistem em privatizar a área, tomando o local que deveria ser destinado ao tráfego de pessoas. Para piorar, muitos motoristas ainda param os seus veículos ao lado dessas áreas, atrapalhando e causando lentidão no trânsito, que já é confuso, principalmente nos horários de pico.
Além disso, muitos condutores ainda insistem em trafegar na contramão e utilizar retornos proibidos na avenida principal, sobretudo nas proximidades da 18º Delegacia de Polícia da Cidade Olímpica, situada no bairro de mesmo nome. De acordo com os motoristas, a atitude imprudente é motivada pela falta de sinalização na área. "Não existe uma sinalização aqui. As pessoas sabem que é errado por costume porque não tem nada indicando. Também poderiam colocar um sinal aqui e uma faixa de pedestre. Aqui já teve muito acidente sério", frisou Edmilson Alencar, mototaxista que trabalha em frente ao retorno.
Coletivos - Os usuários do transporte coletivo do polo da Cidade Operária reclamam das atuais condições do transporte público e das paradas de ônibus. Segundo eles, a demora e a superlotação nos coletivos são outros problemas enfrentados diariamente por quem reside na área. Por causa da falta de infraestrutura encontrada em muitas vias da localidade, muitos condutores de coletivos alteram a rota sem aviso prévio, o que causa mais transtornos aos passageiros.
A superlotação dos ônibus prejudica os passageiros. Quarenta e cinco minutos foi o tempo que Joana Vaz aguardou, com dois netos, por um coletivo com destino ao bairro do Jardim Tropical nas proximidades da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Operária. Segundo ela, todos os ônibus que passaram estavam cheios e nem chegaram a parar. A falta de abrigo em muitos pontos de ônibus também contribui para o desconforto dos muitos usuários de transporte da localidade. "Nós já estamos aqui há bastante tempo, 45 minutos para ser exata. É uma falta de respeito, até porque já estamos pagando a tarifa mais cara. Os ônibus, que passaram aqui, estavam cheio demais e nem pararam para mim. Além disso, eles estão todos velhos", disse a aposentada Joana Vaz.
Buracos - A falta de infraestrutura em todo o polo também incomoda. É grande a quantidade de buracos encontrados em muitas ruas do bairro da Cidade Operária e de comunidades vizinhas. Na área do Jardim São Cristovão, nas proximidades do Mix Mateus, o problema é grave. As Ruas 31 de dezembro, Epitácio Cafeteira e Santo Antônio estão intrafegáveis. Nelas, foram formadas enormes valas que impossibilitam o tráfego de carros. Com as chuvas, as crateras ainda foram cobertas por água, o que prejudica a visibilidade e aumenta as chances de acidentes.
Na Rua 39, localizada no Residencial Juçara, ainda no bairro do Jardim São Cristovão, o problema é pior. Segundo o morador, José de Ribamar Albuquerque, a falta de infraestrutura na área é antiga. "Aqui é um bom lugar para viver, mas esses buracos incomodam bastante. Aqui o esgoto passa na nossa porta mesmo, o que forma limo e aumenta a chance de queda. Quando chove, a força da água destrói a rua e a deixa assim. Queremos que venham ver essa nossa situação", comentou.
Resposta - A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp), informou que 15 equipes estão trabalhando na recuperação asfáltica de ruas e avenidas dos bairros de São Luís. A secretaria ressalta ainda que está trabalhando de forma acelerada para a recuperação de todas as áreas da cidade e informa que já estão em circulação na cidade os caminhões especiais do moderno serviço adotado pela Semosp para a requalificação da pavimentação, que utiliza o sistema de injeção por spray mecanizada. O serviço, segundo a secretaria, é cinco vezes mais ágil do que o sistema tradicional e pode ser realizado até mesmo em dias de chuva. Além desse, equipes do sistema tradicional estão trabalhando para recuperação da pavimentação de dezenas de ruas e avenidas em pontos diversos da cidade.
A Semosp informou ainda que a coleta de resíduos sólidos é feita periodicamente em dias alternados no bairro e garante que enviará equipe de fiscalização para averiguar a denúncia. Caso seja constatado o acúmulo de lixo, serão tomadas as providências necessárias para a retirada do material.
Sobre sinalização vertical e horizontal, a Secretaria Municipal de Trânsito Transportes (SMTT) informou que está reforçando a sinalização vertical e eletrônica, com a manutenção de semáforos e troca dos conjuntos semafóricos em vários pontos da cidade, de acordo com o padrão determinado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Em relação aos abrigos, a SMTT informa que até o final do semestre serão instalados 50 novos abrigos nos principais corredores de transporte coletivo da capital, inclusive na região da Cidade Operária.
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Localizado a 25 km do Centro de São Luís, o conjunto da Cidade Operária foi construído há 30 anos e já foi considerado o maior conjunto habitacional da América Latina, com 7.500 unidades. Entregue aos moradores para ocupação desde 1986, o conjunto foi aos poucos se expandindo, dando origem a muitos bairros limítrofes, como Santa Clara, Santa Efigênia, Cidade Olímpica, Jardim Tropical, Jardim América, Jardim São Cristóvão, Recanto dos Signos, Recanto dos Pássaros, dentre outros.
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