A morte da adolescente Joiliane Cristina Meneses Ramos, de 13 anos, soterrada no desabamento de uma barreira que caiu sobre sua casa, no Coroadinho, ocasionado pelas fortes chuvas que atingiram São Luís na madrugada de ontem, chamou a atenção para um problema antigo na capital: o perigo de viver em áreas de risco de alagamento e desabamento. Na cidade, existem 66 pontos já mapeados pela Defesa Civil Municipal, nos quais é grande a possibilidade de acontecerem tragédias semelhantes à que tirou a vida da estudante.
O desabamento aconteceu na 2ª Travessa Babilônia, no Coroadinho, por volta de 2h de ontem. Na casa que foi destruída estavam, além da Joiliane Cristina, sua irmã, Joisiane Kelly Meneses Fonseca, de 12 anos, seu pai, Alfredo Rodrigues da Silva, de 39 anos, e a companheira dele, Lucilene de Jesus Abreu Coelho, de 43 anos, que dormiam no momento do acidente.
Tragédia - A casa onde as quatro pessoas moravam foi construída próximo a uma grande encosta. Chovia torrencialmente na região, quando parte da terra desprendeu-se do barranco e atingiu a residência, soterrando seus moradores.
Após o deslizamento, Alfredo Rodrigues conseguiu sair da casa e, com a ajuda de vizinhos, tentou tirar as outras pessoas que estavam no imóvel e ainda salvar o que podia, mas já era tarde demais. Sua filha, Joiliane Cristina Meneses, foi retirada dos escombros sem vida. Os moradores também perderam todos os móveis e eletrodomésticos da casa.
Joisiane Kelly foi levada por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I) e recebeu alta na manhã de ontem. A dona de casa Lucilene de Jesus teve ferimentos leves.
A tragédia causou uma grande comoção nos moradores da comunidade, que lamentaram a perda da adolescente. "Foi tudo muito rápido. Me espantei com o Alfredo gritando e tentado tirar as meninas e as coisas de dentro de casa", relatou Lucilene de Jesus. O pai das jovens ainda estava muito abalado com a tragédia e mal conseguia falar.
Vistoria - Na manhã de ontem, técnicos da Defesa Civil, órgão ligado à Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc), foram ao local e vistoriaram o espaço onde aconteceu a tragédia. Após a inspeção, a área foi interditada, e o laudo com as reais causas do acidente ficará pronto nos próximos dias.
Funcionários do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do Coroadinho, ligado à Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) também estiveram no local ontem para prestar o apoio à família da vítima. De acordo com Sílvia Gonçalves, coordenadora do CRAS, o órgão ajudará no sepultamento da vítima e no processo de remanejamento da família, com a concessão do aluguel social. "Nesse momento, eles não têm condições para nada. Por essa razão, daremos todo o apoio necessário", afirmou Sílvia Gonçalves.
Monitoramento - Por causa das fortes chuvas que frequentemente atingem São Luís, aumenta a preocupação com as áreas de risco, que estão sujeitas a alagamentos, inundação ou deslizamentos. Todos os dias em que são registradas fortes precipitações na cidade, o drama dos moradores que vivem nessas áreas vem à tona.
Na capital maranhense, a Defesa Civil mapeou 66 áreas que estão em situação de risco, das quais 16 foram classificadas como de alto risco. Essas regiões estão localizadas nos bairros Salinas do Sacavém, Coroadinho, Vila Bacanga, Vila Isabel, Quinta dos Machado, Vila Embratel, Sá Viana, Itapera, Quebra-Pote, Sacavém, Geniparana, Residencial José Reinaldo Tavares, Vila Lobão, Vila Ayrton Senna, Recanto Canaã, Vila Funil entre outros. Mais de 600 famílias moram nessas regiões.
De acordo com Kelly Jonmara Mara, coordenadora técnica da Defesa Civil e que ontem esteve no Coroadinho, o acidente provavelmente foi causado pela fragilidade do solo próximo de onde a casa estava localizada, que se tornou mais vulnerável com as construções erguidas nele.
Ela informou ainda que o órgão constantemente realiza trabalho preventivo nessas regiões, monitorando os pontos que são suscetíveis a tragédias, como a que aconteceu ontem, a fim de evitar novos acidentes e vítimas.
Chuva causa transtornos em bairro
A chuva que atingiu a cidade durante a madrugada de ontem causou transtornos para moradores do Coroadinho. Após várias horas do término das precipitações, várias ruas e avenidas do bairro ainda permaneciam alagadas, dificultando a locomoção ao longo dessas vias.
Na manhã de ontem, a Avenida Amália Saldanha, uma das principais do bairro, ainda estava alagada em diversos pontos e as pessoas tinham de andar pelas calçadas das casas e estabelecimentos comerciais que se localizavam ao longo da via.
A locomoção pela Rua da Felicidade também ficou comprometida. A via ficou submersa por causa da forte chuva, fazendo com que as pessoas andassem na água, em contato com o lixo e esgoto, aumentando a possibilidade de acidentes.
A comerciante Rosângela de Jesus da Luz, moradora da Rua da Felicidade, disse que o problema acontece sempre quando chove com intensidade. "É um transtorno para todos nós, pois temos que andar pela água suja e é arriscado até pegar uma doença. Esse é um problema antigo e as autoridades deveriam fazer alguma coisa para resolver essa situação", disse.
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Após o acidente, o corpo da adolescente Joiliane Cristina Meneses Ramos foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) e depois liberado para velório, que aconteceu na casa dos parentes da vítima, na Rua da Mangueira, no Coroadinho. O sepultamento será realizado hoje, em um local não informado pelos familiares.
Por meio de nota, a Semusc informou que, em caráter preventivo, desenvolve campanhas de conscientização com a população habitante em áreas de risco, com diálogo e distribuição de panfletos educativos.
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