Família Fróes e o amor pela dramaturgia

Com filhas que trabalham na área artística, Rogério Fróes volta à cena com a peça A raiva.

Atualizada em 11/10/2022 às 13h45
(T)

RIO- A atriz Luciana Fróes tinha horror de Zeca Diabo e de Lima Duarte, ator que vivia o personagem em O bem amado. Ela costumava visitar o pai nas gravações do seriado e, numa cena, Zeca arremessava um objeto na cabeça do vigário interpretado por Rogério Fróes. "Tive que pedir ao Lima para conversar com ela", conta Rogério. "Ele tirou a roupa de Zeca Diabo e explicou que não era o personagem", diz. Luciana tinha pavor também do Incrível Hulk. "Para acalmá-la, eu disse: 'Minha filha, isso que está na televisão não existe, é mentira'. Mas como ela me via na TV, respondeu: 'E você, também não existe, não?', relembra.

Ver o pai na tela confundia ainda outra filha, a atriz Gisele Fróes. "Uma vez, numa cena, ele saiu por uma porta, e fui olhar atrás do aparelho de televisão", lembra ela. Desde cedo, as duas e a irmã mais velha, a figurinista e estilista Angèle Fróes, habituaram-se a acompanhar o pai nas filmagens, nas gravações e nos ensaios. As três dizem sempre ter tido curiosidade pelas coxias dos teatros e pelos sets. "O bastidor é muito atraente", diz Luciana, recebendo a concordância das irmãs. "Amava ir a Paquetá ver as gravações de A moreninha", diz Gisele, de 47 anos.

O trabalho do pai acabou inspirando as três a seguirem a carreira artística. Gisele, conhecida atriz de teatro, está no ar na novela das seis da Globo, A vida da gente. Luciana, de 35 anos, grávida de cinco meses, faz parte do elenco do infantil O menino que vendia palavras, ao lado de Du Moscovis, com direção de Cristina Moura. E Angèle fez recentemente os figurinos do filme À beira do caminho, de Breno Silveira, e da peça A propósito de senhorita Julia, com Alessandra Negrini, e direção de Walter Lima Jr.

Rogério está de volta à ativa após o acidente vascular cerebral que sofreu em outubro passado, em meio à temporada de ThérèzeRaquin. No Réveillon, a atriz Eva Wilma notou que ele estava se recuperando bem e sugeriu retomarem um projeto que os dois tinham combinado meses antes: encenar Um barco para o sonho, projeto que poderia ficar à deriva por causa do AVC. Já no início de fevereiro eles fizeram a primeira leitura. Em seguida, fizeram mais duas. Agora, surgiu outro convite: participar de A raiva, de Edna Mazya, uma das mais premiadas e populares dramaturgas israelenses. O ator vive um homem que atravessa três gerações. Logo após a entrevista, Rogério seguiria para o primeiro dia de ensaios da peça, que estreia dia 13 de abril no Espaço Sesc, com direção de Rodrigo Nogueira.

"Estou adaptando, praticamente reescrevendo o texto para esclarecer algumas questões políticas, diz Nogueira. Há uma personagem, uma jovem de extrema-esquerda em 1967, contrária à ocupação da Palestina pelos israelenses. E ela é filha de ativistas de extrema-direita que, em 1945, eram contra a ocupação da Palestina pelos britânicos. Ou seja, em 1945 eles sofreram porque os britânicos dificultavam a entrada de judeus no território. E em 1967 os árabes viveram o outro lado da moeda", comenta.

É uma peça polêmica, mas Rogério se diz acostumado a desafios. "AVC quer dizer Associação de Velhinhos de Copacabana", brinca ele, que mora na Avenida Atlântica.

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