Obra do poeta Adelino Fontoura está em livro digital

Publicação traz informações e resumo da obra do escritor, maranhense de Axixá e patrono da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras

Atualizada em 11/10/2022 às 13h47
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Patrono da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras (ABL), o ator, jornalista e poeta maranhense Adelino Fontoura (1859-1884) é homenageado com livro digital que reúne artigos escritos por pesquisadores da obra do autor e compilação de poemas. O título O Verso e o Silêncio de Adelino Fontoura, organizado pelo especialista José Neres, está disponível para download ou visualização na Internet pelo blog www.joseneres.blogspot.com.

O trabalho traz uma linha do tempo sobre a vida do autor, além de estudos curtos sobre a sua produção literária e os fatores de seu esquecimento no cenário das letras. A meta, segundo o organizador, é criar um público novo para a obra de Adelino Fontoura. A publicação procurou trazer para os leitores informações e resumo da obra do escritor pouco conhecido até mesmo dentro da ABL. "Embora seja o patrono número 1 da ABL, ele é desconhecido no país inteiro. Ana Maria Machado, ao assumir a cadeira que tem Adelino como patrono, decidiu não falar sobre o autor por não ter conhecimento de sua obra", comentou José Neres.

Os produtores encararam o desafio de organizar a edição que contém uma seleção de 43 sonetos, triolets e outros poemas. Os estudos foram escritos por José Neres, Jheysse Lima Coelho e Viviane Ferreira. A publicação faz parte do projeto de pesquisa Sistema Literário Maranhense: Hipermídia e Hipertexto desenvolvido pela Faculdade Atenas Maranhense (Fama). Além do livro digital, foram impressos cerca de 100 exemplares que estão sendo encaminhados a bibliotecas, institutos e casas de cultura.

Esquecimento – A publicação coordenada pelo professor de Letras José Neres, especialista em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, aborda o esquecimento e a falta de conhecimento sobre a obra de Adelino Fontoura. O livro conta algumas tentativas de agrupamento da escassa produção literária do autor. O primeiro a tentar reunir os trabalhos foi Arthur Azevedo. Em 1904, Coelho Neto também empregou forças para agrupar os poemas de Adelino, mas não obteve sucesso. Escragnolle Dória embarcou na tentativa de mostrar os valores da obra do autor axixaense, porém, o trabalho nunca foi publicado. De modo similar, Luís Murat partiu para a organização dos poemas, mas, com sua morte, o trabalho ficou perdido.

Na publicação virtual também são poucas as referências a Adelino Fontoura entre os historiadores da literatura nacional. Um dos poucos a citar o axixaense é Massaud Moisés, no estudo Realismo do Brasil. Jomar Moraes, em Apontamentos da Literatura Maranhense, arrebata afirmando que Adelino Fontoura "deixou uma obra pequena e sem importância para a poesia brasileira", apesar de reconhecer o talento do poeta. Já Tobias Pinheiro, em artigo breve, destaca os poemas Atração e Repulsão e Celeste como poesias exemplares para a literatura brasileira. Clóvis Ramos, Humberto de Campos e Isarael Souza Lima são outros que também fazem referência a Adelino.

O livro conta que, além de produzir sonetos, Adelino Fontoura se dedicou aos triolets – poema de forma fixa, que se caracteriza pela repetição de alguns versos, com uma ou mais oitivas e métrica heptassílaba ou octassílaba. A publicação digital mostra sete triolets constituídos nesse formato, entre eles, A uma cubana, Bilhete e O bandolim da senhorita.

Saiba Mais

Adelino Fontoura nasceu em Axixá, no Maranhão, e faleceu em Lisboa, Portugal, aos 25 anos. Quando fundada a ABL, a cadeira número 1 foi inaugurada por Luís Murat, que escolheu o amigo Adelino Fontoura como patrono. Trata-se do único caso de patrono sem livro publicado em vida. Atualmente, o assento é ocupado por Ana Maria Machado. Também já ocuparam o posto Afonso d'Escragnolle Taunay, Ivan Lins, Bernardo Élis e Evandro Lins e Silva.

Serviço

• Livro digital

O Verso e o Silêncio de Adelino Fontoura, de José Neres, Jheysse Lima Coelho e Viviane Ferreira

• Editora

JNEdições, 2011

• Páginas

83

• Visualização

www.joseneres.blogspot.com

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