André Sales
Editor do Alternativo
Localização original: Subúrbio da Ilha de São Luís. Comunidade de Maracanã. Mil e alguns seres atingem qualquer lugar próximo à antiga localização sobrenatural chamada éter, quando erguem no bumbar os pandeirões e os tambores de onça, sacodem de um lado a outro os maracás e criam seu chiar. O bumba-meu-boi maranhense nasce definitivamente quando as matracas encontram-se violentamente e fazem o ar vibrar e subir todos os pêlos do corpo de qualquer um.
Situação: América Latina e a eterna desunião encaixada – forçadamente por ser um fruto de árduo trabalho de pesquisa no triênio 2007-2009 – culturalmente pelo programa Rumos Itaú Cultural Música em um "box" com 16 CDs. Oito compilações com alguns expoentes do folclore e da música popular brasileiros, uma outra com 28 canções de uruguaios, outra com 28 expressões musicais do Paraguai, mais uma com 28 registros dos "hermanos" argentinos e para finalizar uma reunião de 28 gravação do som dos chilenos. O trabalho do Rumos pretende divulgar para toda a América – tendo sido confeccionada em três línguas – a riqueza da cultura brasileira em sua maior fértil manifestação: a música.
Entre todas essas manifestações: a força inconfundível do sotaque de matraca do bumba-meu-boi maranhense concentrado em duas canções gravadas ao vivo, realizadas em setembro do ano passado durante apresentação do Boi de Maracanã em São Paulo, no Espaço Itaú Cultural. Convidados pelo grupo de pesquisadores culturais a Barca, cerca de 60 participantes de um dos maiores grupos maranhenses mostraram o fervor da manifestação folclórica maranhense.
Duas toadas composta pelo cantador Humberto de Maracanã foram registradas dentro da caixa lançada pelo Rumos Itaú: "Banzeiro Grande", criada no início da década de 1980 pelo líder do bumba-boi, quando assistia às ondas fortes vararem as costas do Araçagi. "A música é uma referência às ondas. 'Banzeiro' significa onda. Eu quis mostrar na canção a força do mar e a impossibilidade de poder chegar até a canoa pesqueira que desafiava o oceano", explicou o origem de sua canção.
O canto "Salve os terreiros que o pai Oxalá mandou/ Por ti a Casa das Minas e casa de Nagô/ Viva a Deus, Viva a Rainha" acompanha as matracas da quarta faixa do CD número 2 do "box" lançado pelo Rumos Itaú Cultural. Nos versos da toada "Reis na Encantaria", uma preocupação com a história das encantarias que permeiam fortemente os terreiros de São Luís do Maranhão. Para a composição, criada em 1989, Humberto de Maracanã fez uma intensa pesquisa sobre o culto afro na capital maranhense.
Maracanã no Rumos – O contato do Boi de Maracanã com o programa Rumos Itaú Cultural Música foi possibilitado por intermédio do grupo a "Barca", que percorre todo o Brasil em busca de manifestações folclóricas tradicionais. "O Boi de Maracanã foi uma das 'descobertas' feitas pelo grupo na cultura brasileira. Deles recebemos o incentivo para participar do programa Itaú Cultural", conta Humberto.
Em março do próximo ano, o grupo de bumba-boi maranhense terá parte de seu trabalho em um projeto dos pesquisadores da "Barca", que lançará CD, reunindo músicas de maracatu, toadas do bumba-meu-boi e de outras expressões culturais nordestinas, gravadas com arranjos construídos para instrumentos convencionais de uma orquestra - como a viola e o piano.
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