Rio de Janeiro - Se os tiroteios se tornam mais raros nas áreas controladas pelas milÃcias, as mortes com caracterÃsticas de execução aumentam. O crime cometido pela milÃcia é, geralmente, identificado com um tiro final no rosto.
"Os corpos são colocados na rua, sempre no fim do dia, e o último tiro é sempre no rosto. O objetivo é desfigurar completamente a pessoa. Isso amplia o medo, que é um elemento muito importante para quem vende segurança e provoca terror. Essa é a lógica", descreve o deputado Marcelo Freixo (P-SOL), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das MilÃcias, instalada na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
O delegado Marcos Neves, da 35ª Delegacia de PolÃcia Civil, localizada na área de Campo Grande, entregou à CPI um relatório contendo várias fotos de vÃtimas da milÃcia em seu bairro e, em todas elas, os corpos tinham o rosto desfigurado.
tropa de elite
Imortalizado no cinema nas últimas cenas do filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha, o tiro de fuzil no rosto esteve presente no relato de vários pesquisadores. O representante da Justiça Global Rafael Dias destaca que a prática é aplicada contra policiais do bairro que entram em choque com a milÃcia.
"As práticas da milÃcia são muito violentas. Os casos de morte de policiais que entraram em choque com a polÃcia apresentaram um traço comum, o tiro no rosto para desfigurar. Não tem como sair da milÃcia. Se o policial entrou, não tem como sair. Se ele não entrou, tem que no mÃnimo fazer vista grossa ou colaborar."
A colaboração, de acordo com ele, significa inclusive, "limpar" a área para que a milÃcia chegue. "Existem relatos de lugares dominados pelo tráfico em que a polÃcia entrou primeiro, dominou, para depois a milÃcia chegar e se instalar", conta.
segurança paga
"Com a milÃcia, as trocas de tiros param, mas as mortes não. Moro no centro de Campo Grande, em uma área mais urbana, sem favelas, e com polÃcia na rua. Mesmo assim, tenho que pagar R$ 10 por mês por segurança. Todo dia 10, uma mulher loura passa na minha rua recolhendo. Sei que ela é mulher de um policial militar", relata uma moradora à Agência Brasil. Ela pediu para que seu nome não fosse divulgado temendo represálias.
"Na vila onde moro existem cinco casas e todas pagam. Se a gente não paga, o carro aparece arrombado, ou então, ele simplesmente é levado, sua casa é assaltada. Eles [os milicianos] tocam o terror e vendem proteção", conclui.
Uma escola na Favela do Barbante, palco da execução de sete pessoas há cerca de 10 dias, já havia suspendido as aulas, uma semana antes da chacina. "Os alunos começaram a ligar para a escola para dizer que não iriam para as aulas, porque não podiam sair de casa com medo de morrer. A diretora resolveu então fechar a escola para não prejudicar os alunos", explica uma moradora.
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