zenira fiquene

“Educação é fundamental”

Empresária do setor educacional, que chegou a abandonar os estudos na mocidade, hoje tem três diplomas superiores e comanda uma faculdade de sucesso

Atualizada em 13/10/2022 às 11h17

Itevaldo Júnior

Da equipe de O Estado

Das origens na pequena e pacata cidade de Miracema do Norte - então território do Goiás, hoje Miracema do Tocantins -, a empresária em educação superior no Maranhão, a trajetória de Zenira Massoli Fiquene é singularíssima. Diretora-geral da Faculdade Atenas Maranhense (Fama), ela chegou a abandonar os estudos ao concluir o ginasial (hoje equivalente ao ensino fundamental). Anos mais tarde, já casada com o ex-governador e escritor José de Ribamar Fiquene, Zenira Fiquene voltaria aos bancos escolares incentivada pelo marido, para concluir os estudos num curso supletivo.

Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e em Pedagogia e Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Zenira Fiquene acredita que não há riqueza maior de um povo do que a educação e a cultura. "Sou da roça. Fui para a escola e deixei de estudar. Sei o quanto a educação é fundamental para a vida da gente. Não há desenvolvimento algum sem a possibilidade, a chance de educação e cultura para o povo", declara a empresária.

Terceira dos 13 filhos do casal Bernardo Massoli (falecido) e Roberta da Gama Massoli, que reside com a filha, Zenira Fiquene deixou ainda criança a casa dos pais para morar com os padrinhos Úrsula e Francisco Coelho e estudar em Miracema do Norte. "Nessa época, morávamos na cidade de Piquizeiro (PA). Aos 9 anos, fui para a casa dos meus padrinhos para estudar. Dois irmãos meus já tinham ido morar com parentes para irem à escola. Nessa época, era assim. Voltava à casa dos meus pais nas férias. Mas tive uma infância muito gostosa, de muitas brincadeiras, de coisas muito lúdicas", conta a pedagoga.

A diretora-geral da Fama não recorda o nome da escola pública onde cursou o primário em Miracema do Norte, mas tem boas lembranças da professora Ilza Borges Vieira. "Não lembro o nome do grupo escolar em que estudei. Nesse período, recordo que era ótima aluna, só tinha notas 10, e da professora Ilza Borges Vieira, a Zizinha. Ela me marcou muito. Foi a professora, a educadora de todas as crianças", contou.

Zenira Fiquene cursou parte do ginásio colegial no Colégio Tocantins, mas teve de abandoná-lo mais tarde. A desistência da escola ocorreu depois que a empresária decidiu se casar. O seu primeiro matrimônio duraria apenas três meses. "Quando casei, tinha uns 18 anos. O meu marido faleceu três meses depois de termos casado", recordou.

A viuvez precoce levou a empresária para a cidade de Imperatriz, onde sua irmã mais velha, Cenira, já casada, morava com a família. "Vim passar uns tempos com minha irmã. Pensava em retomar os estudos. E, nessa vinda para o Maranhão, recebi de Deus o meu maior presente, que é o Fiquene", ressalta ela.

União

Juiz de Direito em Imperatriz, Ribamar Fiquene já era reconhecido por construir uma escola em cada Comarca em que atuou como magistrado ou promotor. Ao sair do município, deixava o colégio como herança aos alunos e professores. Separado do primeiro matrimônio, no qual teve cinco filhos, Fiquene foi o amor arrebatador de Zenira. "Foi paixão à primeira vista. Ele foi tudo que pedi a Deus. O Fiquene foi e é fantástico na minha vida", disse a pedagoga.

O casamento ocorreu pouco tempo depois do casal se conhecer. Do matrimônio, nasceram as filhas Débora, 36 anos, Fabíola, 35 e Priscila, 25. Junto dos filhos – além das três, há Jorge, Irlana, Silvana, Rosana e Rosilana, filhos do primeiro matrimônio de Fiquene –, veio o retorno aos estudos e a construção da Escola Técnica Amaral Raposo, uma das dezena de colégios edificados por Ribamar Fiquene.

"Ele, por ser educador, me estimulou muito a estudar. Voltei aos estudos e devo muito a ele. Absorvi muito a paixão que o Fiquene tem pela Educação. Depois de fazer a licenciatura em Letras, fui trabalhar na escola que tínhamos. Depois, fui fazer Pedagogia e alcancei outras etapas na escola", ressaltou Zenira Fiquene.

No início dos anos 80, ela tornou-se primeira-dama do município de Imperatriz, depois da eleição de Fiquene para um mandato de seis anos. Como primeira-dama, continuou dirigindo a escola, estudando Pedagogia e realizando programas de ações sociais, mas não ocupou nenhum cargo na Prefeitura.

"Fazia o papel de primeira-dama, mas me sentia muito mais útil trabalhando, e trabalhava muito. Cursava faculdade, dirigia o colégio e fazia um trabalho social intenso nas comunidades e povoados mais carentes de Imperatriz", relata ela. "Trabalhávamos para que as pessoas tivessem condições de vida melhores. Não assumi nenhuma secretaria. Não tinha desejo de assumir um cargo", acrescentou.

Mais tarde, Ribamar Fiquene assumiria o Governo do Estado por nove meses, em lugar do ex-governador Edison Lobão, que deixara o cargo para ser candidato ao Senado. Como primeira-dama do estado, Zenira Fiquene afirmou que a postura era a mesma dos tempos da administração municipal de Imperatriz.

"O fato de ele ter sido prefeito ajudou muito o Fiquene a ser o vice-governador do Edison Lobão. Esse convite foi um presente. Mas a nossa postura foi sempre a mesma: trabalhar para as populações mais pobres do estado. Esses postos não nos fizeram mudar. Somos muito simples e muito apaixonados", disse Zenira.

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