Iramir Araújo
Especial para o Alternativo
O cartunista Márcio Baraldi, lá por volta de 1996, havia criado para a revista Rock Brigade, um casal de personagens que fez o maior sucesso: os roqueiros Roko Loko e Adrina Lina.
Por conta do sucesso e da receptividade da dupla, Baraldi criou, para a revista de rock pesado Metalhead, a seção "Humortífero", onde satirizava as bandas de rock. Sucesso, novamente.
Antenado, o editor da Metalhead, César Nemitz, percebeu que um segmento estava se formando. A tatuagem estava deixando de ser uma arte "maldita", coisa de "freaks e marginais" e caminhava para se tornar um adorno de pele respeitado por gente de todas as classes sociais. Resolveu lançar uma revista dedicada ao tema e encomendou a Baraldi a criação de um personagem para essa nova revista, que foi batizada como Metalhead Tatoo.
Seria uma revista pioneira. A primeira revista de tatuagem do Brasil.
Baraldi, num lance de genialidade, criou o Tatto Zinho, aproveitando a sonoridade da palavra tatoo, rabiscou um tatuador... tatu. Um bizarro personagem rocker, que usa óculos
escuros, boné virado pra trás, coturnos, piercing e, é claro, um montão de tatuagens.
Nas páginas da revista o personagem iria vivenciar as alegrias e agruras de um estúdio profissional de tatuagem.
Tatoozinho, e seu sócio, o Podrão, uma versão caricata do tatuador Mauro, do Crazy Tatoo e guitarrista da lendária banda punk Garotos Podres, dividem um estúdio freqüentado por tipos muito estranhos.
Aparece de tudo por lá. Desde patricinhas, modelos, empresários, super-heróis (imagine o trabalho que dá, fazer uma tatuagem no Hulk) até pessoas reais como a tatuadora Zuba e o médium Gasparetto, todos devidamente caricaturados, como convém ao universo dos cartuns, mas participando com muita graça.
Tatoo Zinho. Um lançamento pioneiro de um personagem pioneiro, criado por um cartunista pioneiro. É o primeiro personagem tatuador que se tem notícia no Brasil e possivelmente no mundo. Não é fácil ser pioneiro nos dias de hoje, e Baraldi o conseguiu, duplamente.
Em nove anos de Metalhead Tatoo, o tatu mais radical do Brasil já estrelou para mais de quarenta páginas, e não se limitou ao universo da tatuagem. Politizado, participou de fatos conjunturais como as eleições presidenciais e já deu sua espetada no Bush e suas guerras. Já participou de convenções de tatuadores (muitas) e até foi conhecer a múmia tatuada encontrada por arqueólogos.
Tatoo Zinho, de Márcio Baraldi, é mais uma publicação da Ópera Gráfica, que também publicou os álbuns anteriores do Baraldi.
A Ópera Gráfica já se consolidou como a editora mais atuante no segmento de quadrinhos nacionais, atualmente. Além disso, tem publicado obras teóricas sobre quadrinhos e seu universo. Desde 2001 já publicou os principais autores e artistas do Brasil, novos e veteranos. Gente do porte de Mozart Couto, Watson, Saidenberg, Shimamoto, Arthur Garcia, Eugênio Colonese, Marcatti e o próprio Baraldi entre muitos outros. E o que é melhor, os álbuns da Ópera têm como principal característica o cuidado editorial, que vai desde o tipo do papel, formato e editoração, até o acabamento final.
Para o jornalista, compositor e pesquisador de música popular Airton Mugnaini Jr. o trabalho de Baraldi é como tatuagem. "Seus quadrinhos grudam e nossa memória como tatuagens grudam na pele. É como se ele tatuasse nossas mentes com seus quadrinhos coloridos , alegres e inteligentes, para que a gente não perdesse o bom humor".
iramiraraujo@ig.com.br.
Serviço
álbum
Tatoo Zinho
autor
Márcio Baraldi
editora
Ópera Gráfica
páginas
48 (formato: 21x28cm)
preço
R$: 10,00
informações
Comix Book Shop zeluiz@comix.com.br (0xx11) 3083 2142 / (0xx98)
Saiba Mais
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