VITORINO FREIRE - A mãe de um estudante de 12 anos procurou a polícia para denunciar um caso de constrangimento e vexame sofrido pelo filho dentro da escola em que estuda, na cidade de Vitorino Freire, distante 327 km de São Luís. De acordo com Ana Kelly, o filho teve a cabeça raspada por um coordenador da Escola Municipal Cleonice Rocha Lima Rodrigues.
A unidade de ensino foi uma escola militar entre 2014 e 2016, mas agora é de responsabilidade do município. Porém, manteve as regras de quando era uma escola militar, que passam por padrões de roupas e penteados.
Ana Kelly diz que nunca se opôs ao padrão de disciplina adotado pela escola, mas se surpreendeu e ficou revoltada ao chegar em casa e ver o filho com a cabeça raspada.
"Ele [coordenador] falou que o cabelo não estava no padrão do colégio, só que antes eu tinha mandado o barbeiro cortar no estilo de sempre, porque não é esse primeiro ano que meu filho estuda lá. Depois que foi cortado, meu filho começou logo a ficar triste e disse que, quando saiu, foi ao banheiro, e lá ele viu que a cabeça dele estava pelada e começou a chorar. Voltou para a sala de aula e lá dentro da sala dele, ele chorou e os colegas dele ficaram sorrindo dele", disse a mãe, que trabalha como operadora de caixa.
Envergonhado por ter a cabeça raspada, o estudante diz que não quer mais voltar pra escola, onde ele afirma que gostava muito de estudar.
"Não quero voltar mais e já falei pra minha mãe. Quero entrar em outra escola", disse o menino de 12 anos.
Apesar das imagens e das afirmações da mãe e do estudante, o coordenador Adriano Martins divulgou um vídeo negando que tenha raspado a cabeça do menino.
"O motivo pelo qual se encontra o cabelo parecido com o que estivesse raspado, mas não está, está no corte número 1, é que o aluno é branco, é loiro e tem o cabelo liso. Reconheço que, de forma equivocada, coloquei diante do aluno para que ele pudesse voltar à sala de aula, a opção de ser cortada a parte de cima igual o da lateral, porque tinha uma máquina dentro da minha bolsa. Mas as minhas intenções era que ele retornasse à sala de aula. O motivo pela qual o corte foi no número 1 na parte de cima, é porque as laterais já estavam na 1 e todo o cabelo deve estar no mesmo número, como diz o regimento interno da escola", explicou o coordenador.
O que diz a Secretaria Municipal de Educação de Vitorino Freire
Por meio de nota, tanto a Secretaria Municipal de Educação quanto a Prefeitura de Vitorino Freire afirmam não concordar com a atitude do coordenador e que medidas administrativas para apuração dos fatos estão sendo adotadas.
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Ainda assim, Ana Kelly registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Vitorino Freire e o delegado já abriu um inquérito para apurar o que aconteceu. Ele diz que esse não foi o único caso.
"O crime é previsto no Artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata que o adulto que submeter criança ou adolescente sob sua guarda ou vigilância a situação vexatória ou que cause constrangimento, a pena será de seis meses de detenção a dois anos. O fato aconteceu em uma escola municipal e as investigações já trazem em seu bojo que não se trata de uma escola militar e sim uma escola municipal, onde o coordenador do curso exigiu e também cortou o cabelo do adolescente que estava chegando naquela instituição. O adolescente falou ainda que não foi só ele que foi exposto a isso, mas também um outro colega que a gente também vai tentar intimar a família para prestar informações e, nessa semana ainda, intimaremos o coordenador dessa unidade escolar municipal para que preste interrogatório e, posteriormente, juntando todos os elementos de prova, será encaminhado ao Poder Judiciário para as medidas cabíveis", afirmou o delegado Rildo Portela.
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