BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta segunda-feira, 21, de uma cúpula em Santiago, no Chile, com líderes ibero-americanos de perfil progressista. O objetivo do encontro é articular uma resposta regional às recentes ações do governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, que, segundo o Planalto, ameaçam a soberania brasileira.
A viagem ocorre em meio à crescente tensão entre Brasil e EUA após sanções impostas por Washington, interpretadas pelo governo Lula como retaliação à atuação do Supremo Tribunal Federal. Na pauta, estão propostas de regulação das big techs, governança digital, inteligência artificial e o uso de tarifas como instrumento político-eleitoral.
Segundo fontes do governo brasileiro, Lula vai levar à reunião o caso da carta de Trump, na qual o republicano exigiu o fim de ações judiciais no Brasil em troca da retirada de tarifas sobre produtos brasileiros — gesto classificado como uma das maiores ameaças à democracia do país.
GOVERNANÇA DIGITAL E MULTILATERALISMO
Além de Lula e do anfitrião Gabriel Boric, presidente do Chile, a cúpula contará com Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e Pedro Sánchez (Espanha). A presidente do México, Claudia Scheinbaum, foi convidada, mas não confirmou presença.
O encontro vem sendo articulado desde fevereiro, quando os cinco chefes de Estado participaram de uma videoconferência. Na ocasião, comprometeram-se a enfrentar o avanço do extremismo político e a desinformação impulsionada por plataformas digitais.
O primeiro-ministro espanhol defende a criação de um sistema de pseudônimos para evitar abusos no anonimato online, garantir transparência algorítmica e responsabilizar pessoalmente executivos das redes sociais por violações legais.
EIXOS DE DEBATE NA CÚPULA EM SANTIAGO
Segundo nota oficial da presidência chilena, o encontro terá três eixos centrais: o fortalecimento da democracia e do multilateralismo; a redução das desigualdades; e a regulamentação das tecnologias emergentes. Os líderes também devem divulgar uma carta conjunta ao final da cúpula com os compromissos assumidos no encontro.
A articulação visa consolidar uma frente progressista contra o avanço do populismo de direita na região, especialmente após a volta de Donald Trump ao poder. Lula busca alinhamento com aliados para fortalecer a posição do Brasil diante do cenário internacional polarizado.
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