BRASÍLIA - A sobretaxa de 50% sobre carne bovina brasileira anunciada pelo governo dos Estados Unidos já afeta diretamente o setor exportador nacional. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), cerca de 30 mil toneladas da proteína, avaliadas entre US$ 150 milhões e US$ 160 milhões, estão paradas em portos brasileiros ou retidas em alto-mar com destino ao mercado norte-americano.
A informação foi divulgada pelo presidente da Abiec, Roberto Perosa, após reunião do comitê interministerial do governo brasileiro que discute medidas diante da decisão do presidente Donald Trump. O executivo afirmou que frigoríficos interromperam a produção destinada aos EUA em razão da incerteza quanto à taxação, que passa a valer em 1º de agosto.
FRIGORÍFICOS PARALISAM PRODUÇÃO
Atualmente, a carne brasileira paga tarifa de 36% para entrar nos Estados Unidos. Com a nova alíquota, segundo Perosa, a exportação torna-se inviável. Ele destacou que o mercado americano é o segundo maior destino da carne bovina do Brasil, atrás apenas da China, e que o setor está em negociação com o governo federal para adiar ou reverter a medida.
A Abiec argumenta que os contratos em vigor não podem ser desfeitos em tão pouco tempo. A entidade também tem dialogado com importadores norte-americanos para tentar preservar acordos em andamento e demonstrar a importância estratégica da carne brasileira, principalmente o dianteiro bovino, utilizado na produção de hambúrgueres.
GOVERNO AVALIA AÇÕES
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam das discussões sobre os impactos do tarifaço e as possíveis ações de resposta. No Executivo, há sinalização de que o caminho preferencial é a negociação, antes de qualquer retaliação comercial.
De acordo com Perosa, o momento é crítico para a pecuária dos Estados Unidos, que atravessa o menor ciclo de produção em 80 anos. A indústria brasileira, portanto, atua como fornecedora complementar. Diante desse cenário, o setor aposta em argumentos econômicos e diplomáticos para tentar evitar perdas maiores a partir de agosto.
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