Investimentos do agronegócio podem virar prejuízos
Logística de exportação, onerosa e predominantemente rodoviária, a limitada capacidade de armazenamento e as restrições operacionais nos portos configuram obstáculos.
Meus amigos, neste artigo abordo detalhadamente as principais oportunidades e desafios da promissora região dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia (MATOPIBA) e Pará, relacionados aos investimentos e custos que os produtores rurais enfrentam nessa significativa fronteira agrícola.
Em levantamento, observei um notável crescimento nos investimentos direcionados ao aumento da produtividade. Isso inclui a aquisição de terras estratégicas, a modernização do parque de equipamentos agrícolas (com tratores de última geração, plantadeiras de alta precisão e colheitadeiras eficientes), a adoção de tecnologias avançadas (como sistemas de agricultura de precisão e softwares de gestão agrícola), o investimento em capacitação da mão de obra e a implementação de sistemas de irrigação para mitigar os efeitos da variabilidade climática. Há também investimentos em instalações cruciais para o manejo eficiente da produção e o adequado armazenamento dos grãos (como silos e armazéns).
Juntamente com a intensificação dos investimentos, surgem os custos inerentes à atividade. Primeiramente, temos os custos de insumos, que englobam a aquisição de sementes de alta qualidade e adaptadas às condições climáticas locais, fertilizantes para garantir a nutrição ideal das plantas e defensivos agrícolas (herbicidas, inseticidas e fungicidas) para o controle fitossanitário. Também são necessários inoculantes e adjuvantes que otimizam a eficiência dos demais insumos.
Em seguida, incorremos nos custos operacionais, que compreendem o dispêndio com combustível e lubrificantes para o maquinário, a manutenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos, os encargos com a mão de obra, os pagamentos de arrendamento de terras (quando aplicável) e os custos com seguros para proteger a produção contra imprevistos. Nos custos administrativos, encontramos a essencial assistência técnica de agrônomos e outros especialistas, os impostos e taxas incidentes sobre a atividade, os custos de transporte para o escoamento da produção, as despesas com armazenamento (caso não seja realizado na propriedade) e os custos de comercialização. Por último, temos o suporte financeiro de toda essa engrenagem, representado pelos custos financeiros, que envolvem principalmente os juros de financiamentos, os quais, no cenário econômico atual, merecem atenção pela sua elevação e impacto na rentabilidade.
É fundamental ressaltar que os valores exatos dos investimentos e custos podem apresentar variações significativas, influenciadas pela escala de produção de cada propriedade, o nível de tecnologia empregado, as condições específicas do solo e do clima de cada localidade, o tipo de cultura cultivada (soja, milho, algodão, entre outras presentes na região) e as inevitáveis flutuações do mercado de insumos e produtos agrícolas.
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Agora, voltamos nosso olhar para os desafios. A logística de exportação, onerosa e predominantemente rodoviária, a limitada capacidade de armazenamento e as restrições operacionais nos portos configuram obstáculos cruciais para um país que se projeta como um gigante global na produção de alimentos. Em um contexto de tensões comerciais internacionais (guerra tarifária), o Brasil tem uma oportunidade única de se tornar uma potência agroalimentar mundial por muitos anos. Contudo, de forma contraditória, sendo um dos maiores produtores de alimentos do planeta, ainda enfrenta gargalos na infraestrutura que comprometem sua competitividade. O alerta que se impõe é que todos os investimentos do setor produtivo voltado a exportação podem gerar prejuízos pela falta de cuidado dos investidores e do poder público. É crucial sublinhar que essa conta invariavelmente recai sobre os ombros dos produtores, que na safra anterior sentiram esse peso de forma mais aguda em seus resultados financeiros.
Em conclusão, considerando tanto os êxitos quanto os desafios enfrentados pelos produtores do agronegócio, sugere-se a formação de um grupo coeso de produtores certificados e financeiramente sólidos para iniciar um projeto de Trading dos Produtores. Essa iniciativa considera, sem dúvida, mitigar os riscos e a ampliar as margens do produtor, mas é necessário um alinhamento com o poder público para que aconteça esta fase propícia para o agronegócio brasileiro. Sem isso, todo os investimentos em produtividade vão gerar consequências árduas.
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