Euges Lima
COLUNA
Euges Lima
Euges Lima é historiador, professor, bibliófilo, palestrante e ex-presidente do IHGM.
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O Conclave

Após o falecimento do Papa Francisco (21 de abril) e seu sepultamento, a Cúria do Vaticano irá se concentrar agora no terceiro Conclave do século XXI, previsto para o mês de maio.

Euges Lima

Após o falecimento do Papa Francisco (21 de abril) e seu sepultamento, a Cúria do Vaticano irá se concentrar agora no terceiro Conclave do século XXI, previsto para o mês de maio.

Conclave vem do latim cum clave, que significa “com chave” — ou seja, trancados a chave — porque, durante o processo de eleição, os cardeais ficam isolados para evitar qualquer influência externa. 

Como surgiu o Conclave, qual sua origem histórica? Durante a Idade Média, especialmente nos séculos XII e XIII, a eleição de papas se tornava muito demorada e sujeita a pressões políticas externas (reis, nobres, etc.).

Um caso famoso foi o da morte do Papa Clemente IV em 1268: os cardeais demoraram quase três anos para eleger um sucessor, o que causou grande crise.

Em 1274, no Concílio de Lyon, o Papa Gregório X formalizou o processo do Conclave: os cardeais deveriam se reunir em local fechado e não poderiam sair até eleger um novo papa.

Como funciona o Conclave? Participam todos os cardeais com menos de 80 anos. O Conclave acontece na Capela Sistina, no Vaticano. Cada cardeal escreve o nome de seu candidato em um pedaço de papel e o coloca numa urna. São necessárias votações sucessivas até que um candidato receba dois terços dos votos.

Depois de cada votação, queimam-se os papéis: Se não houve eleição, a fumaça é preta (fumata nera). Se houve eleição, a fumaça é branca (fumata bianca).

Algumas curiosidades: às vezes o Conclave durava semanas; hoje em dia é mais rápido. O Conclave que elegeu o Papa Francisco em 2013 durou apenas dois dias. Não há candidaturas formais: qualquer cardeal pode ser eleito (até, teoricamente, qualquer homem batizado, embora isso nunca tenha acontecido). Há tradições, como o juramento de segredo absoluto e a fórmula do anúncio: "Habemus Papam" ("Temos um Papa").

O filme "Conclave" lançado em 2024, dirigido por Edward Berger, baseado no livro de mesmo nome de Robert Harris (de 2016), indicado a vários Oscars, ganhador de uma estatueta, coincidentemente, apareceu um pouco antes do agravamento do estado de saúde do Papa Francisco. A história é ficcional, mas inspirada no processo real da eleição papal.

No filme, após a morte de um papa fictício, os cardeais se reúnem em Conclave para escolher seu sucessor. O personagem principal é o Cardeal Lomeli (interpretado por Ralph Fiennes), que lidera o Conclave, mas descobre segredos ocultos que podem mudar o rumo da eleição. O filme mistura drama político e suspense religioso, revelando jogos de poder internos e crises morais. É uma história independente, criada para explorar as tensões humanas e políticas dentro de um Conclave.

O colégio de cardeais conta com 252 membros, sendo 135 eleitores. Dois já anunciaram que não irão votar por motivos de saúde - serão, então, 133 cardeais votantes. Entre eles, oficialmente, todos podem ser eleitos papas. O Brasil possui 8 cardeais, sendo 7 aptos a votarem.

Após o funeral do papa Francisco e poucos dias antes do início do novo Conclave, nomes começam a despontar na disputa para o comando do Vaticano. Conheça alguns dos considerados favoritos pelos especialistas. Alguns dos "papáveis" mais cotados hoje são: Cardeal Matteo Zuppi (Itália), Arcebispo de Bolonha. Muito respeitado, próximo ao estilo pastoral de Francisco. Ligado à Comunidade de Santo Egídio; Cardeal Pietro Parolin (Itália), secretário de Estado do Vaticano (uma espécie de "primeiro-ministro" da Igreja). Muito experiente em diplomacia vaticana. Visto como moderado e articulador político; Cardeal Luis Antonio Tagle (Filipinas), ex-arcebispo de Manila, atualmente no Vaticano. Jovem (67 anos), carismático, muito popular na Ásia. Favorito para quem quer um papa do "Sul Global"; Cardeal Jean-Claude Hollerich (Luxemburgo), relator do Sínodo sobre Sinodalidade. Tem perfil progressista em vários temas contemporâneos; Cardeal Robert Sarah (Guiné); Perfil mais conservador. Muito admirado pelos tradicionalistas. Menos alinhado com a linha de Francisco.

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