
Aspectos psicossociais do puxa-saco
O puxa-saco raramente expressa opiniões próprias, temendo desagradar, e se adapta conforme os interesses da pessoa que adula. Essa falta de autenticidade o torna manipulador, interessero e oportunista.
Também conhecido como bajulador, adulador, baba-ovo, chaleira, rasga-seda e outros adjetivos, esses termos são aplicados às pessoas que elogiam demasiadamente e de forma estereotipada uma outra pessoa a fim de conseguir alguma coisa para o seu próprio benefício.
Geralmente, elas, não só elogiam excessivamente a quem bajula, mas adotam também um conjunto de outras ações inspiradas em admiração, cuidados, proteção, promoção do bajulado sempre com vista a corroborarem imagens ou influências que esse tem sobre o puxa-saco.
A bajulação não se resume a elogios, já que ela envolve atitudes estratégicas que fortalecem a imagem do bajulado, garantindo proteção, promoção e favores. O puxa-saco raramente expressa opiniões próprias, temendo desagradar, e se adapta conforme os interesses da pessoa que adula. Essa falta de autenticidade o torna manipulador, interessero e oportunista.
Quais são as principais características comportamentais do puxa-saco?. Uma delas é a necessidade de validação, pois o mesmo busca constantemente a aprovação de figuras de autoridade, pois o mesmo, em geral, tem baixa autoestima e precisa da validação externa.
Outra particularidade é que eles têm um senso apurado para oportunidades. Observam preferências e comportamentos de pessoas influentes para se tornarem indispensável e garantir benefícios.
O medo da competição, aparece como ponto importante entre suas características. Em geral eles preferem se aliar a figuras poderosas em vez de conquistar espaço pelo seu próprio mérito, evitando a concorrência. Buscam sempre construir uma imagem positiva no sentido de serem vistos como leal e confiável, mesmo sendo insinceros é também outra caraterísticas.
A superficialidade nas relações com as pessoas é baseada predominantemente no interesse e não em admiração genuína, já que, como vimos acima, seu maior interesse é elogiar excessivamente a algumas pessoas para tirar proveitos.
As intenções e consequências da bajulação estão na mira do bajulador, pois eles buscam ascensão hierárquica sem precisar demonstrar competência real. Ao se manter próximo de pessoas poderosas, reduz suas chances de ser criticado ou punido, garantindo favores e acesso a informações privilegiadas. Ocorre que, onde a meritocracia é valorizada, a bajulação pode se tornar uma armadilha, pois o bajulador pode ser rejeitado quando suas verdadeiras intenções são descobertas.
Filosoficamente, a bajulação foi sempre objeto de interesse, pois os filósofos, ao longo da história analisaram e discorreram profundamente sobre eles. Aristóteles, por exemplo, via a bajulação como uma falsidade oposta à verdadeira amizade.
Continua após a publicidade..
Cícero, por sua vez, alertava que um líder sábio deveria desconfiar da bajulação, pois ela leva à corrupção moral. Por sua vez, Maquiavel considerava a bajulação um perigo para governantes, pois os bajuladores distorcem a realidade para agradar ao poder.
Schopenhauer, via a bajulação como uma estratégia dos fracos para se manterem próximos do poder, enquanto Nietzsche criticava os bajuladores como submissos que dependem dos poderosos para obter reconhecimento.
Epiteto comparava bajuladores a lobos disfarçados de cães, alertando para o perigo de confiar neles. Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), em suas obras como Além do Bem e do Mal, critica a bajulação como uma forma de ressentimento e submissão. Ele argumenta que os bajuladores são indivíduos que não possuem força para conquistar por méritos, então se submetem aos poderosos em troca de migalhas de reconhecimento. Para Nietzsche, a verdadeira grandeza vem da coragem de se dizer a verdade, não da submissão covarde que a bajulação representa.
Observa-se, então, que ao longo da história, filósofos em diferentes épocas condenaram a bajulação como um comportamento hipócrita e manipulador. Enquanto alguns, como Maquiavel, a considerou como um jogo de poder desenvolvido, outros, como Aristóteles e Nietzsche, a veem como um traço de fraqueza e desonestidade.
Seja na política, no trabalho ou nas relações sociais, a bajulação continua sendo umas características presentes, e as reflexões filosóficas ajudam a compreender seus efeitos e consequências. Moral da história: Um líder sábio deve-se cercar de críticos honestos, não de bajuladores, da mesma forma como uma pessoa de caráter deve buscar reconhecimento por mérito, não por adulação.
Demófilo, dizia:” entregar-se às pérfidas insinuações de um adulador, equivale a beber veneno numa taça de oiro”. Epicteto, do grego Epictetus (55 - 135 a. C.), dizia: “um adulador parece-se com um amigo, como um lobo se parece com um cão. Cuida, pois, em não admitir inadvertidamente, na tua casa, lobos famintos em vez de cães de guarda”.
Outra particularidade importante é sabermos quais os impactos sociais e psicológicos do puxa-saco? O bajulador é frequentemente ridicularizado e desconsiderado socialmente, pois sua atitude revela falta de autenticidade e oportunismo. Quando não consegue obter os benefícios desejados, pode se voltar contra aqueles que antes bajulava. Seu comportamento exagerado e subserviente gera desconfiança, pois sua verdadeira intenção é sempre a obtenção de vantagens pessoais.
Por outro lado, também existem aqueles que se beneficiam do puxa-saquismo e alimentam esse comportamento. Pessoas vaidosas apreciam a bajulação e se cercam de bajuladores para reforçar sua autoestima. Assim, a relação entre puxa-saco e bajulado é um jogo de interesses complexo, onde ambos encontram vantagens momentâneas. O puxa-saquismo continua presente nas relações humanas e pode proporcionar ganhos temporários, mas a longo prazo comprometem a ética, a confiança e a credibilidade de quem o pratica.
É essencial termos cautela com bajuladores, pois suas intenções nem sempre são genuínas, verdadeiras. Eles podem distorcer a realidade para influenciar decisões, manipular situações e criar um ambiente onde apenas seus interesses são atendidos.
Saiba Mais
As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.
+Notícias