A alma nossa de cada dia
O fato é que o assunto sobre a alma é algo interessante, instigante e sedutor.
A questão da alma sempre despertou muito interesse entre as pessoas em suas diferentes dimensões e é um tema que tem sido explorada há séculos, por muitas culturas, religiões e filosofias ao longo da história e cada uma destas abordagens oferece sua própria interpretação e compreensão sobre este tema. O fato é que o assunto sobre a alma é algo interessante, instigante e sedutor.
É de fato um assunto altamente complexo e abrangente. E ao se estudar este tema se constata que realmente vários fatores colaboram para sua expressão, pois questões antropológicas, culturais, religiosas, espirituais, exercem uma enorme influência sobre o mesmo. Na década de 50/60, ainda criança, os pais em geral passaram a ideia de que alma era algo sobrenatural, assustador, ameaçador. Muitas vezes, a pretextos de nos educarem, os pais faziam medos aos filhos utilizando a temática das almas, como forma de exercerem domínios sobre os filhos.
As babas, quando se fazia algo errado, inesperado ou fora dos seus controles, elas utilizavam expressões como “a alma do além vem aí te pegar”, com gestos fantasmagóricos, para tentar corrigir tal ou qual atitude que supostamente deveria ser corrigida e nestas ocasiões sempre geravam medos nas crianças, de tal forma que nos tornávamos inseguros e medrosos ante as ameaças desta entidade.
Se relacionarmos á alma com religiões, como Abraâmicas (Judaísmo, Cristianismo, Islã) em suas tradições, a alma realmente é entendida como uma entidade imaterial e eterna que representa a essência individual de uma pessoa. No Cristianismo, por exemplo, acredita-se que a alma seja imortal e será julgada por Deus após a morte, determinando seu destino eterno (céu ou inferno). No Islã, a alma é igualmente considerada imortal, com a vida após a morte sendo um componente central da fé.
Já no Hinduísmo e Budismo, ambas as tradições enfocam o conceito de reencarnação, onde a alma (Atman no Hinduísmo) passa por um ciclo de nascimento, morte e renascimento, influenciado pelo karma. O Budismo, embora questione a existência de uma alma eterna e imutável, enfatiza a anatta (não-eu) como uma maneira de entender a impermanência e a interconexão de todas as coisas.
Na Filosofia Ocidental a alma tem sido um tópico de grande interesse desde os tempos antigos. Platão, por exemplo, via a alma como composta de três partes: racional, espiritual e apetitiva, com a alma racional sendo a mais importante. Aristóteles concebeu a alma (psique) como a forma de um ser vivo, a causa de sua vida e atividades. Para Descartes, a alma era a "coisa pensante" (res cogitans), distinta e separada do corpo físico (res extensa).
No mundo moderno, a compreensão da alma pode variar significativamente, desde visões religiosas tradicionais até interpretações mais metafóricas ou simbólicas, considerando-a como a essência ou a identidade profunda de uma pessoa. Algumas abordagens científicas e filosóficas questionam a existência de uma alma separada do corpo, focando em explicações materialistas da consciência e da identidade.
Na perspectiva psicológica, em algumas escolas de psicologia, especialmente aquelas influenciadas por Carl Jung, a alma é entendida como um aspecto profundo da psique humana, representando o verdadeiro self ou a totalidade da pessoa.
Continua após a publicidade..
A alma, portanto, é um conceito multifacetado que toca aspectos religiosos, filosóficos, morais e psicológicos da experiência humana. Sua definição e interpretação variam amplamente, refletindo a diversidade de crenças e perspectivas sobre a natureza humana e o universo.
Etimologicamente, a palavra "alma" remonta às línguas indo-europeias. Ela deriva do termo latino "anima", que significa "sopro", "ar", "vida", ou "princípio vital". Este termo latino, por sua vez, está relacionado à palavra grega antiga "ἄνεμος" (ánemos), que significa "vento". A ideia central por trás dessas palavras é a de algo imaterial e invisível, mas essencial à vida, como o sopro ou o vento.
O conceito de "anima" na filosofia e religião romanas era frequentemente associado à força vital que anima os corpos dos seres vivos, tornando-os "animados" em contraste com os objetos inanimados. Com o tempo, "anima" evoluiu no latim medieval para se referir mais especificamente à dimensão espiritual ou imortal do ser humano, e dessa forma, influenciou o desenvolvimento das palavras para "alma" em várias línguas europeias, como "âme" em francês, "alma" em espanhol e português, e "anima" em italiano.
Essa evolução reflete uma mudança na compreensão do conceito, de uma noção mais geral de força vital para uma ideia mais específica da essência espiritual ou imortal do ser humano. A etimologia da palavra "alma", portanto, nos dá uma visão sobre como os antigos concebiam a vida, a respiração e o espírito, e como essas ideias se entrelaçam com nossas concepções modernas de espiritualidade e essência humana.
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) influente filósofo grego, discípulo de Platão. Dedicou sua vida ao desenvolvimento de conceitos fundamentais de ética, lógica, política, e outros, que são usados até hoje. Ele dizia: “O que é um amigo? Uma única alma habitando dois corpos”. Fernando Pessoa (1888-1935) um dos mais importantes poetas em língua portuguesa, a figura central do Modernismo português dizia: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Mario de Miranda Quintana (1906 - 1994) poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado o "poeta das coisas simples", um dos maiores poetas brasileiros do século XX. Dizia “A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe”.
"A alma" do ponto de vista psicológico pode ser interpretada de várias formas, dependendo da perspectiva teórica considerada. A psicologia, como ciência do comportamento e dos processos mentais, não utiliza o termo "alma" em seu vocabulário técnico de forma comum, preferindo termos como "mente", “consciência” ou “psique”
Do ponto de vista Psicanalítico, escola fundada por Sigmund Freud, poderia associar a ideia de "alma" com o inconsciente, onde residem desejos reprimidos, memórias esquecidas e a verdadeira essência dos impulsos humanos. Para a psicanálise, explorar o inconsciente permite compreender melhor a si mesmo, o que poderia ser visto como uma jornada de descoberta da "alma".
Saiba Mais
As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.
+Notícias