Saúde mental é assunto para ser tratado o ano inteiro, diz psicóloga

SÃO LUÍS – “Além das ações neste mês de janeiro, é preciso falar sobre saúde mental o ano inteiro, para instalar na sociedade uma cultura acerca dessa temática, pois ainda há muito preconceito em relação a pessoas que fazem terapia, com diagnóstico de transtorno mental, ou que façam tratamento medicamentoso”, frisa a psicóloga clínica Aline Oliveira.

Segundo a psicóloga, pós-graduada em Psicologia Hospitalar e mestranda em Psicologia Biopsicossocial, o Janeiro Branco é uma campanha que precisaria avançar para os demais meses do ano. “Quanto mais a sociedade tratar essa temática com naturalidade, entendendo que não se pode escalonar o sofrimento dos outros pelas próprias experiências, estará contribuindo para a redução do preconceito e, assim, tornando-se mais acolhedora”, diz.

Com a alta incidência de problemas de saúde mental, o Janeiro Branco tem cada vez mais relevância, de acordo com a psicóloga da Idiagnóstica. Ela afirma que são muitos os motivos que levam a um risco elevado de adoecimento psicológico nos dias atuais, tais como estabelecimento de relações não saudáveis; excesso de exposição nas redes sociais; falta de rede de apoio, maior exposição ao estresse; preocupações relacionadas a dificuldades financeiras; medo de adoecer ou perder entes queridos; sedentarismo, etc.

Aline Oliveira destaca que a atividade física é um dos pilares mais importantes tanto para tratamento de saúde mental abalada quanto prevenção. “Os pilares que precisamos dar muita atenção, além da atividade física: uma boa noite de sono; alimentação equilibrada; terapia e rede de apoio (social e/ou familiar). As relações familiares podem ser um gerador de estresse também, mas é preciso avaliar cada caso”, diz ela, que é do quadro de profissionais da Clínica Idiagnóstica, com unidades no Centro e Cidade Operária.

Ela aborda, ainda, a questão do uso excessivo de tecnologias por todas as faixas etárias, algo que está deixando os indivíduos com baixa tolerância à frustração, sedentarismo, aumento ou diminuição de apetite, problemas de visão, insônia, irritabilidades, entre outros agravantes.

“Além disso, afeta diretamente a atenção, concentração, memória, e aumenta a dificuldade de se manter focado em atividades mais demoradas. O uso de redes sociais, por exemplo, induz a um aumento nas comparações diante do recorte de vida do outro, pois se inicia um processo de autocobrança, invalidação da própria jornada, gerando sofrimento, ansiedade, estresse, busca por outros reforçadores imediatos, podendo levar, inclusive, a uma compulsão por compras, tecnologias, sexo, exercício físico, entre outras consequências”, explica a psicóloga.

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Maior exposição ao estresse

O estresse não é uma doença, mas uma reação natural do organismo a situações imprevistas: brigas ou insatisfações no trabalho, por exemplo. Porém, quando ele se torna crônico ou intenso, pode causar problemas de saúde.

Estudos comprovam que o estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, responsável pela integração dos sistemas nervoso e endócrino no corpo humano. Essa ativação contínua pode levar a uma inflamação sistêmica de baixo grau: o problema ocorre quando o sistema imunológico está constantemente ativado, levando a uma resposta inflamatória prolongada e aumentando o risco, por exemplo, de doenças cardiovasculares.

Doenças de pele, gástricas e autoimunes, insônia, enfraquecimento do sistema imunológico e transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, são algumas das consequências que podem surgir.

O Janeiro Branco surgiu por ser um mês em que, de forma simbólica, as pessoas acabam utilizando para estabelecer metas e planejamentos, o que leva a uma maior reflexão sobre suas vidas e sentimentos. É um mês de recomeços.

A cor representativa é o branco, em referência a uma folha ou tela em branco, o que reforça a possibilidade que sempre se busca de escrever ou reescrever histórias de vida.

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