Jomar Moraes, 8 anos
“...Por fim, ao nome ressonante de Jomar Moraes que motivou esta crônica...”
Completados no dia 14 deste agosto, 8 anos do falecimento do pesquisador e intelectual Jomar Moraes , reproduzo aqui a crônica por mim publicada no jornal O Estado do Maranhão na minha coluna da seção Hoje é dia de...um ano após sua partida.
A Academia Maranhense de Letras tomou a iniciativa de celebrar, com uma missa em sua sede, a passagem de um ano de falecimento do escritor, pesquisador e ensaísta, Jomar Moraes , um intelectual cuja vivência foi dedicada em grande parte essa instituição, a par de uma atividade febril e diversificada para composição de uma trajetória literária que serviu de referência e dinamizou a vida cultural do estado.
Assim como o escritor de romances pode ser dividido ente o construtor de texto, de ideias e de enredos ou de personagens , como classificou em recente artigo o escritor Raimundo Carreiro, também se poderia dizer que, em termos do comportamento em relação ao ambiente cultural que o cerca, o escritor pode agir de duas formas, conforme sua personalidade e vocação. De um lado estão aqueles que objetivam e reverberam apenas sua produção, não se permitindo atuar como personagem de referência, fora dos limites de sua obra. Muitos chegam a ser arredios nesse propósito, sendo exemplos típicos J.D.Sallinger nos USA e Dalton Trevisan, no Brasil.
Há, no entanto, aqueles que proliferam sua atuação e não se completam apenas no mero exercício do ofício que escolheram. Fazendo uma analogia futebolística, assim como existem jogadores que se comprazem na plenitude do gol, existem aqueles que se realizam em dar o passe - para que outros atinjam esse clímax. Certamente Jomar Moraes fez parte dessa segunda categoria, secundando a própria produção e abraçando a tarefa de propiciar esse deslumbre para outros. Esse aspecto generoso do seu caráter foi lembrado durante a missa realizada, tanto pelo capelão João Rezende como pelo intelectual Sebastião Moreira Duarte, em seu discurso, nessa noite.
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Evidentemente, não cabe aqui o detalhamento de sua obra tão extensa e do conhecimento de todos. Daí porque o tom mais eloquente da cerimônia foi a rememoração, justamente, dos aspectos humanos de sua personalidade; um humor sutil por trás da postura combativa, seu exacerbado espírito crítico em relação à literatura que considerava de pouco valor, enfim, alguém cuja sinceridade intelectual não poupava nem a si mesmo e que atinge o seu ápice quando ele, ironicamente, ao responder a uma pergunta sobre onde poderia ser encontrado seu primeiro livro de poesias disse “ Gostaria até de saber quem tenha, para dar fim aos dois, ao leitor e ao livro.”, o que provocou risos generalizados na plateia.
Tudo isso está registrado no documentário realizado pelo cineasta Joaquim Haickel, exibido após a missa. Aliás, essa série de documentários, com testemunhos valiosos sobre gente do calibre cultural de Jomar Moraes, Erasmo Dias e outros , a meu ver, deveria ser exibido em todas as escolas públicas, com o objetivo de ampliar o horizonte intelectual e contribuir para a formação de nossa juventude.
Por fim, ao nome de Jomar Moraes, que motivou esta crônica. Lamentável que este ainda não tenha sido escolhido para título de via ou edificação pública relevante. Jomar Moraes, assim como Nauro Machado, José Chagas e Ferreira Gullar, merecidamente já contemplados com a inserção na pedra da memória cultural maranhense, fez jus a também fazer parte dessa plêiade, por ter sido um intelectual de estirpe equivalente. A AML, através de sua diretoria já principiou diligências nesse sentido. Que os homens públicos atendam a esse reclame, e que se proceda então.
Obs. Passados 7 anos considero que o pedido do texto ainda não tenha sido contemplado à altura da envergadura cultural de Jomar Moraes, que por 22 anos dirigiu a Academia Maranhense de Letras durante 11 mandatos consecutivos.
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