O varejo será destruído pela internet?
O varejo perde dinheiro, as vendas caem e o prejuízo aumenta.
O comércio é talvez a atividade econômica mais antiga depois da agricultura. Há registros de transações comerciais nas civilizações suméria, fenícia e egípcia. Vender bens e lucrar na atividade é, inclusive, uma forma de abastecer e criar conforto as pessoas. Em inglês, a palavra para comércio e a mesma para troca: “trade”.
A popularização da internet, a partir do final dos anos 90, trouxe a possibilidade de vender on line. Ao invés de expor o produto numa loja ou feira, ele pode ser visto, avaliado e comparado pela tela. É verdade que algumas sensações se perdem no comércio eletrônico, como cheiro, peso, gosto e tamanho.
Acompanhamos no Brasil uma série de notícias negativas sobre empresas comerciais antigas e de alcance nacional, fraudes contábeis bilionárias como a das Lojas Americanas. Prejuízos também enormes nas Casas Bahia, Magazine Luiza, Dia %, Ponto Frio, Extra e outras. O varejo perde dinheiro, as vendas caem e o prejuízo aumenta. Uma empresa que opera em prejuízos constantes em pouco tempo quebra e fecha.
Alguns fatores, além da Internet, contribuíram e aceleraram essa situação. A pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022, provocou forte queda nas vendas já que as pessoas permaneceram em casa. Isso por sua vez acabou estimulando o comércio on line.
A elevação da inflação, também impulsionado pela pandemia, provocou aumento nos preços de diversos produtos, houve a quebra de algumas cadeias de suprimento, artigos eletrônicos, automóveis, passagens aéreas, eletrodomésticos aumentaram muito. No caso de alimentos também houve forte aumento em hortaliças, azeite, carnes. Esses últimos afetam mais as pessoas de baixa renda, que têm um percentual muito alto delas comprometido com itens de primeira necessidade.
Voltando ao varejo, a facilidade de compra, a possibilidade de comparar produtos, a rapidez na entrega, as formas de pagamento, a enorme oferta de outros fornecedores, a comodidade, o conforto e a segurança, impulsionaram as vendas remotas. Até mesmo produtos de uso que exigem prova, como roupas e sapatos tiveram enorme aumento da procura. Mesmo restaurantes, onde comer é um prazer que envolve sair de casa, se arrumar, se vestir, tiveram forte impulso com aplicativos como Ifood.
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O site Mercado Livre é hoje o maior portal de compras da América do Sul, seus fundadores são argentinos, mas moram e têm a sede no Brasil. Seu crescimento de vendas é espantoso, a empresa comprou uma frota de vans e aviões de carga para entregar suas encomendas. Nele, outros vendedores podem oferecer suas mercadorias, há de tudo.
A Amazon, maior varejista do mundo, é outra enorme loja virtual com presença no Brasil, a empresa começou vendendo livros e hoje vende de tudo. No Brasil, eles dominaram e, no final, engoliram o setor de livrarias por completo. Empresas sólidas com a Livraria Cultura, a Siciliano, a Fnac e outras não aguentaram a competição.
O varejo é um ramo difícil, com margens de lucro muito baixas e há alguns ramos dentro dele ainda em crescimento, como o de supermercados e artigos de construção, principalmente porque as pessoas levam na hora suas compras. Mas, mesmo nele, grandes empresas têm reduzido de tamanho ou saído do Brasil, como o grupo holandês Makro.
Grandes sites de compras da China também alteraram a configuração do ramo, em especial roupas, sapatos, acessórios, com Aliexpress, Shein e outras. Esses se aproveitavam de isenções de impostos até certo valor, mas o governo deve fechar essa porta.
O fato é que as comodidades de comprar, sem sair de casa, são cada vez mais atraentes e o setor do comércio a varejo está sendo reconfigurado. A destruição criativa do setor, numa alusão ao economista austríaco Joseph Schumpeter, vai fazer novos empreendedores criarem produtos inovadores ou formas de comercialização diferentes. Em resumo, o varejo irá sobreviver e terá vida longa, mas diferente, enxuto e ágil.
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