COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

O livro no dia do livro

Livros não nos sufocam, não nos escravizam como o celular ou a televisão.

José Ewerton Neto

 

No dia universal do livro que aconteceu terça-feira, dia 23, ao invés de tantos discursos e postagens bem-intencionados, mas repetitivos, em prol da leitura, talvez fosse bom lembrar que:

1.Livros são amigos fiéis Os humanos são tão desleais com a própria espécie que elegeram o cachorro como seu amigo mais fiel. Mas os cachorros embora leais, são imprevisíveis e por vezes atacam mulheres e crianças. Vinícius de Moraes, o poeta, para quem o uísque era o amigo mais fiel, dizia que o uísque era o cachorro engarrafado. Ora, livros são mais fiéis ainda porque não abandonam seus amigos, como os humanos, não dão ressaca como o uísque, nem atacam mulheres e crianças. Vai ser amigo assim...nas páginas.

2.Livros trazem felicidade. Felicidade, o que é isso? Livros também não sabem, mas pelo menos, ajudam a descobrir seus humores. Ninguém foi tão feliz em seus dias de criança como quem descobriu nas páginas de um livro sua Cinderela, seu Gato de botas, ou sua Branca de neve. Nem quando, depois, já adolescente, se apaixonou por sua Ana Karenina, sua Capitu, sua Madame Bovary. Pensando bem, livros não trazem a felicidade. Livros são a felicidade. 

3.Livros curam doenças. Que o tempo é o melhor remédio, isso ninguém discute. Ora, livros são feitos de tempo e memória, como os humanos, com a diferença de que, para estes, o tempo se vai e a memória se dilui. Livros, pelo contrário, resistem ao tempo e, por isso, são remédios eternos, sem prazo de validade, que não aceitam genéricos e são capazes de curar várias doenças ao mesmo tempo, desde as dores de cotovelo até as de incompreensão. 

4.Livros são viajantes. Viajar sem sair do lugar? Não é tão difícil assim. Basta pegar um livro e começar a ler. Nada de Londres, Paris ou as cidades norte-americanas, tão impregnadas da cultura globalizada a que nos submetemos voluntariamente. O livro é uma viagem por mares e mundos nunca dantes navegados. E sem pagar a passagem. 

5.Livros trazem liberdade. Livros não nos sufocam, não nos escravizam como o celular ou a televisão, onde se troca nossa liberdade de pensar pela comodidade da imagem. Todo viciado em livro é um viciado em liberdade. Isto porque em qualquer lugar do mundo basta ter como arma um livro para enfrentar o tempo e a falta de tempo. Como nas palavras de Marcel Proust “Um único minuto de leitura, libertado da ordem cronológica do tempo, recriava em nós o ser similarmente libertado”.

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