COLUNA
Allan Kardec
É professor universitário, engenheiro elétrico com doutorado em Information Engineering pela Universidade de Nagoya e pós-doutorado pelo RIKEN (The Institute of Physics and Chemistry).
Coluna do Kardec

Os animais e inteligência

Falamos sobre consciência e inteligência dos animais.

Allan Kardec Duailibe

 

A relação entre consciência e inteligência é um campo de estudo intrigante. Embora a inteligência possa ser observada e medida de maneira mais objetiva, a consciência tem um caráter intrinsecamente subjetivo. Alguns pesquisadores argumentam que um nível mais elevado de consciência pode levar a uma melhor utilização da inteligência, pois permite uma reflexão mais profunda e uma compreensão mais rica das experiências.

Consciência é uma experiência subjetiva, a capacidade de estar ciente de si mesmo e do mundo ao redor. É um tópico difícil de definir claramente e tem sido objeto de debate e estudo ao longo da história. Existem diversas teorias sobre o que constitui a consciência. Alguns a veem como um contínuo, variando de estados de consciência reduzida, como durante o sono, até níveis elevados de alerta e autoconsciência. Outros a consideram um fenômeno que envolve a capacidade de experimentar sensações e pensamentos, e a habilidade de reflexão sobre essas experiências.

Inteligência, por outro lado, geralmente se refere à capacidade de aprender, entender e aplicar informações; resolver problemas; e adaptar-se a novas situações. Na psicologia, a inteligência é frequentemente medida através de testes de QI, mas essa é apenas uma abordagem para avaliar as capacidades intelectuais. Inteligência também pode ser vista de forma mais ampla, incluindo habilidades criativas, emocionais e sociais.

A emergência da inteligência artificial (IA) trouxe novas perspectivas e questionamentos sobre esses conceitos. As IAs podem demonstrar formas de inteligência, como aprender, resolver problemas e adaptar-se, mas a questão de se elas podem ter consciência é um tópico de debate e especulação. Muitos cientistas e filósofos argumentam que a consciência requer experiências subjetivas que as IAs, como são atualmente entendidas e construídas, não possuem.

Essa capacidade fica ainda mais intrigante quando se incluem os animais, incluindo nossos companheiros do dia a dia e de centenas de anos, como cachorros ou gatos. Um estudo recente publicado na revista "Biology Letters" revela que as cabras podem ser tão inteligentes e afetuosas quanto os cães. Este achado já era um tema popular na internet, onde as cabras se destacaram com seus adoráveis filhotes em gifs e vídeos engraçados.

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Conduzida por especialistas da Escola de Ciências Biológicas e Químicas da Queen Mary University of London, na Inglaterra, a pesquisa analisou essas qualidades nas cabras de maneira prática. No primeiro teste, as cabras precisavam remover a tampa de uma caixa para obter uma recompensa. Em um segundo teste mais desafiador, os pesquisadores viraram a caixa de cabeça para baixo. Quando as cabras não conseguiam alcançar o objetivo, elas procuravam ajuda dos humanos, encarando-os. Se a pessoa mais próxima estivesse de costas, a cabra tentaria interagir com outra pessoa.

Christian Nawroth, o pesquisador líder, justificou, em publicações na imprensa, que as cabras olham para os humanos assim como os cães, quando desejam algo que não conseguem alcançar por conta própria. Os pesquisadores afirmam que as cabras buscam se comunicar com os humanos. Apesar de serem domesticadas principalmente para fins agrícolas, elas exibem traços comportamentais similares a animais de estimação, como os cães.

Em um estudo anterior, Nawroth realizou um experimento com cabras usando dois copos, um contendo petiscos e outro vazio, para testar a capacidade das cabras de processar essa informação. As cabras mostraram habilidades impressionantes. "Já suspeitávamos que as cabras fossem mais inteligentes do que geralmente se presume, mas esses novos achados demonstram a capacidade delas de se comunicar e interagir com humanos, mesmo sem serem domesticadas como animais de estimação."

Ou seja, o universo de inteligência, empatia, interação não está circunscrito aos humanos nem aos animais domésticos que convivemos como cachorros e gatos. O mundo é um tecido delicado e, a cada dia, nos encantamos e nos deslumbramos com os mistérios de Deus.

*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.

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