A necessidade de regular a Inteligência Artificial
Falamos sobre a necessidade de governança e regulação da inteligência artificial.
Acho que todos concordamos que o aumento do uso da inteligência artificial (IA) tem impactos positivos e negativos na sociedade. Por exemplo, do lado positivo, a produtividade atingiu níveis sem precedentes e houve imensos avanços no bem-estar. Novos produtos e inovações chegam diariamente ao mercado, em que a ciência e a tecnologia estão em plena atividade. Mas a eleição na Argentina acendeu a luz amarela no sistema eleitoral brasileiro, por conta do uso massivo, naquele país, de IA no debate político.
De fato, a IA pode analisar grandes volumes de dados - como pesquisas de opinião, postagens em redes sociais e tendências históricas - para prever resultados eleitorais ou identificar questões chave que estão mobilizando os eleitores. Isso pode ajudar partidos e candidatos a entenderem melhor o eleitorado e a formularem estratégias de campanha mais eficazes.
Os algoritmos podem também segmentar eleitores com base em suas preferências e comportamentos, permitindo campanhas eleitorais mais direcionadas. Por exemplo, mensagens e anúncios podem ser personalizados para grupos específicos de eleitores com base em seus interesses e histórico de votação, algo que já vem ocorrendo nos últimos anos.
A IA é capaz de monitorar e analisar discussões em plataformas de redes sociais para entender as opiniões e sentimentos dos eleitores sobre diferentes candidatos e questões. Isso pode ser usado para ajustar estratégias de campanha em tempo real. Ou mesmo identificar e sinalizar conteúdo falso ou enganoso nas redes sociais e em outros meios de comunicação, ajudando a combater a propagação de desinformação durante as eleições.
Outro lado positivo, é que ela pode ser usada para melhorar a eficiência e precisão da administração eleitoral, como na gestão de cadastros eleitorais, na contagem de votos e na detecção de fraudes eleitorais. Também, é possível criar publicidades políticas altamente direcionadas, que são mostradas a eleitores específicos com base em seus perfis demográficos, interesses e comportamentos online.
Há outros aspectos também. Em artigo assinado por Ian Bremmer e Mustafa Suleyman, na Foreing Affairs, em 2035, os sistemas de IA estarão administrando hospitais, operando companhias aéreas e até mesmo lutando entre si nos tribunais. O artigo também menciona que a produtividade atingiu níveis sem precedentes e que inúmeras empresas anteriormente inimagináveis cresceram a uma velocidade vertiginosa, gerando imensos avanços no bem-estar. Além disso, o artigo sugere que a IA será usada em vários setores, incluindo saúde, transporte e finanças.
No entanto, o artigo também salienta que o mundo está se tornando mais imprevisível e frágil, com criminosos encontrando novas formas de ameaçar as sociedades com armas cibernéticas inteligentes e a possibilidade de trabalhadores perderem os seus empregos. IA também pode complicar o contexto político dos governos e alterar a estrutura e o equilíbrio do poder global.
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Portanto, o impacto do aumento da utilização da IA na sociedade é multifacetado, com consequências positivas e negativas. De acordo com o artigo, alguns dos riscos incluem:
1. Geração e disseminação de desinformação, desgastando a confiança social e a democracia;
2. Vigilância e manipulação dos cidadãos, minando a liberdade individual e coletiva;
3. Criação de poderosas armas digitais ou físicas;
4. Eliminação de empregos, com agravamento das desigualdades existentes e criação de novas.
Estes riscos precisam de ser levados em conta na elaboração do arcabouço que se está pensando no Brasil, uma vez que a IA é a primeira tecnologia a combinar todas estas características potentes, desafiando os modelos de governo tradicionais . Se não regulado, o uso indiscriminado de IA pode alterar a estrutura e o equilíbrio do poder global, complicando o contexto político. Afinal, ela é um meio inteiramente novo de consolidar poder, o que poderá prejudicar ou mesmo derrubar as autoridades existentes em alguns casos ou consolidá-las em outros.
*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.
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