BRASÍLIA - O acadêmico, diplomata, poeta, ensaísta, memorialista e historiador Alberto Costa e Silva faleceu na madrugada deste domingo (26), aos 92 anos, em sua residência, de causas naturais. Conhecido por sua especialização na cultura e história da África, Costa e Silva deixou um legado valioso como um dos mais importantes intelectuais brasileiros. A Academia Brasileira de Letras (ABL), onde era membro desde 2000, anunciou que não haverá velório e o corpo será cremado em cerimônia restrita à família. O ex-presidente José Sarney divulgou nota em relação ao confrade.
TRAJETÓRIA E CONTRIBUIÇÕES DE COSTA E SILVA
Alberto Costa e Silva, embaixador do Brasil na Nigéria e no Benin, teve uma carreira diplomática notável e uma obra extensa, incluindo mais de 40 livros. Durante seu mandato na ABL, ocupou várias posições, incluindo a presidência no biênio 2002-2003. Nascido em São Paulo e criado em Fortaleza, ele desenvolveu um interesse profundo pela história da África, contribuindo significativamente para os estudos e ensino sobre o continente.
Sua importância transcendeu fronteiras, sendo reconhecido também em Portugal e na Academia Portuguesa da História. No discurso de posse na ABL, Costa e Silva destacou sua rica herança cultural e conexões familiares que refletiam a diversidade brasileira. Seu trabalho na África foi inspirado por figuras literárias notáveis e resultou em missões diplomáticas significativas no continente.
Costa e Silva recebeu várias condecorações tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco e honrarias em Portugal e outros países. Seu legado é lembrado por líderes e colegas, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que expressou condolências pela perda do diplomata. Membros da ABL, como Merval Pereira, lamentaram profundamente a perda, destacando sua contribuição para a cultura brasileira e sua expertise sobre a África.
REPERCUSSÃO NO ITAMARATY E NOTA DE JOSÉ SARNEY
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) prestou homenagem a Costa e Silva, reconhecendo sua valiosa contribuição para a diplomacia brasileira, especialmente em relação à África. Com a morte de Alberto Costa e Silva, perde-se uma figura emblemática que deixa um legado duradouro no estudo da história africana e nas relações culturais e diplomáticas do Brasil.
Continua após a publicidade..
Abaixo a nota do ex-presidente José Sarney:
Alberto da Costa e Silva
É com muita tristeza que escrevo esta nota sobre meu querido amigo Alberto da Costa e Silva, que faleceu nesta madrugada. Fomos amigos por tantos anos! Nos víamos toda hora, Vera, sua mulher, e ele, Marly e eu, enquanto estavam em Brasília. Tínhamos a afinidade da vizinhança de Maranhão e Piauí, terra de seu pai, o poeta Da Costa e Silva, autor de Saudade “Parnaíba — o velho monge / as barbas brancas alongando”. Mas também a comum visão do Mundo.
Alberto foi um intelectual completo. Grande diplomata, com uma carreira exemplar, era poeta, historiador, memorialista, ensaísta. Sua obra sobre a África — A Enxada e a Lança, A Manilha e o Libambo, Um rio chamado Atlântico, Francisco Félix de Sousa… — é absolutamente indispensável para quem queira entender não só a relação entre o continente e o Brasil, como a própria África, e é referência acadêmica universal. Sua poesia, de extrema sensibilidade, bastava como linhagem. Seus livros de memória, Espelho do Príncipe e Invenção do Desenho, são admiráveis.
Para o Brasil, para a Academia sua inteligência fará imensa falta. Mas a família, Marly e eu sentiremos também a ausência afetiva, que mais dói.
José Sarney
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.