COLUNA
Meire Rabello
Administradora, Educadora Popular e Integrante de Religiões de Matriz Africana.
Meire Rabello

Consciência de um babalorissá

Um homem do tempo e que para tudo tinha o seu tempo sua hora, assim como tudo tem o seu limite. (Babalorissá Euclides Menezes Ferreira –Talabyan Lissanon)- conhecido como Pai Euclides.

Meire Rabello

Pai Euclides

Um homem do tempo e que para tudo tinha o seu tempo sua hora, assim como tudo tem o seu limite. (Babalorissá Euclides Menezes Ferreira –Talabyan Lissanon)- conhecido como Pai Euclides.

Ki Orumilá didê odú alagassi,
Sová axé axê
Kissi ateté olé iran.
(Tradução: Que Deus vos dê anos de vida, saúde e força para estarem sempre firmes em nossa missão e em nossa família)

Um sacerdote de religião de matriz africana do culto afro brasileiro do culto afro maranhense que nos deixou profundo legado reflexão e história no Maranhão no Brasil e no mundo. A consciência que teve na sua simplicidade de escrever sobre as coisas que presenciou e viveu desde 1944 no meio da espiritualidade em seus livros lançados. Consciência essa em seus ensinamentos curtos, sugêneres, perspicaz e, sobretudo, com discernimento e sabedoria.

Ao escrever em seu último livro “Cartilhas de Memórias – Agora é Minha Vez”, lembrou-se dos sacerdotes e sacerdotisas do nosso maranhão que contribuíram e ficaram ao longo dos séculos como resistência pelo nosso Maranhão e País afora com o universo de diversidade de ritmos, práticas e etc. Segundo o Babalorissá Euclides Menezes Ferreira-Talabyan Lissanon “temos que ter convicção de nossas práticas com simplicidade, consciência e, sobretudo humildade nada de invencionice”. O tradicional e o contemporâneo podem até andar juntos desde que não se desvencilhe do seu propósito espiritual.

Esses sacerdotes outrora deixaram o seu legado na prática do culto religioso afro maranhense até os tempos de hoje. Dadas às informações e repasse dos mais antigos se sabe que as matrizes e linhagens no ritual de Tambor de Mina eram definidas em: Jeje-fon, nagô-abeokutá, nagô-nupê, nagô-ibadam, cabinda, fulupa (felupe) e que nos tempos de hoje já se confundem. Essas nações são diferentes, mas se respeitavam entre si. As casas mais antigas do Tambor de Mina – Terreiro da Turquia, Terreiro do Justino, Casa de Nagô e Casa das Minas – essas duas últimas já não se praticam ritual, mas a sua essência está lá plantada para sempre e são exemplos das casas de origem matriarcais: A Casa de Nagô Abioton fundada em janeiro de 1792, Casa das Minas fundada em junho de 1796, Terreiro da Turquia fundado em junho de 1889 e o Terreiro do Justino fundado em agosto de 1896.

Continua após a publicidade..

Um homem um Babalorissá em sua consciência e na sua humildade já escrevia a tempo que a intolerância religiosa as perseguições às discriminações o preconceito aos sacerdotes e sacerdotisas de outrora iriam aumentar de forma estrondosa. Portanto, é preciso que estejamos unidos contra o enfrentamento dos crimes, preconceito, desconstrução as ofensas às destruições aos assentamentos de casas de cultos religiosos africanos no Brasil. O tempo está passando rápido e a velocidade em destruir a nossa identidade é o que essa sociedade nivelada de democracia está querendo. Todos os crimes que se comentem contra os afrodescendentes têm a ver com a nossa identidade étnica religiosa. Aprendi que somos descendentes de civilizações altamente desenvolvidas, por isso temos que resgatar, a nossa dignidade enquanto pessoa. Se não vamos entender as leis, não saberemos usar as leis para brigar por nossos direitos. Se me considero inferior ainda não construí minha identidade. Ouso a afirmar que esse homem do tempo fez de sua consciência a sensibilidade o amor pelos vodúns, pelos caboclos, orixás e o coração voltado para a religião de matriz africana e pela a preocupação do povo descendente de africano fez o seu Baluarte o seu reinado dos Ashantis no Maranhão. O ESCOLHIDO.

Quero com toda humildade dizer que não sou a espertiz no assunto religiosidade de Matriz Africana no Maranhão e nem tenho a pretensão em ser só quero sempre está aprendendo com os mais antigos e na oralidade. E ressalto a importância da oralidade e ancestralidade para o fortalecimento dos terreiros. Mas precisamos escrever algo bom para a contribuição de nosso povo e principalmente para os tempos de hoje ainda que seja de forma singela. E para mim, falar desse Babalorissá que partiu em 2015 para o Babá Olorun é um desafio! O homem do tempo do senhor do tempo que estive muito perto e aprendi o mínimo.!!!

O Babalorissá Euclides Menezes Ferreira-Talabyan Lissanon, “O homem do tempo o senhor do tempo”.

Seus Livros:
1. O Candomblé no Maranhão (1984)
2. Orixás e Voduns em Cânticos Associados (1985)
3. A Casa Fanti-Ashanti e seu Alaxé (1986)
4. Tambor de Mina em Conserva (2002)
5. Candomblé: A Lei Complexa (2003)
6. Pajelança (2003)
7. Álbum Fotográfico – Arquivo de um Babalorixá (2004)
8. Cartilha dos 50 anos (2008)
9. Itan de Dois Terreiros Nagô (2008)
10. Cartilha de Memórias - Agora é Minha Vez (2013)

Agora é Minha Vez em dizer: Modupé Babá,

Obs: Texto esse autorizado pela Família do Babalorissá Euclides Menezes Ferreira-Talabyan Lissanon

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.