“Se meu trabalho for automático, a tecnologia vai me substituir”, diz palestrante
Best-seller, consultor e CEO renomado em toda a América Latina, Andrea Iorio será uma das grandes atrações do Plenarium da Expo Indústria 2023, 12/11, no Multicenter .
SÃO LUÍS - Em entrevista, o escritor e CEO renomado Andrea Iorio é claro: “Se meu trabalho for automático, a tecnologia vai me substituir”. Especializado em preparar líderes e organizações para transformar seus negócios por meio da tecnologia, Iorio será uma das grandes atrações da quinta edição da Expo Indústria Maranhão. Ele proferirá a palestra “O Futuro do Trabalho e Trabalhos do Futuro” no espaço Plenarium no dia 12 de novembro. Os principais tópicos discutidos serão: transformação digital, liderança, inovação e soft skills. Para descobrir qual é o futuro do mundo do trabalho, inscreva-se no site expoindustriama.com.br. Leia a conversa na íntegra.
Como foram as experiências à frente do Tinder na Latam e como Chief Digital Officer da L’Oréal?
ANDREA IORIO - foram experiências incríveis. E cada uma com uma diferença. Se a gente for olhar para o Tinder, é um aplicativo nascido no digital, é um aplicativo móvel, era uma startup. Então era tudo muito mais fácil em termos de agilidade e podíamos inovar e fazer coisas novas. Com certeza essa foi uma experiência muito boa. Eu passei cinco anos à frente do aplicativo. Por outro lado, na L´Oréal, uma empresa com mais de 110 anos de mercado, muitos sucessos foram alcançados. A inovação estava em um ritmo menor porque já era uma empresa de grande legado. Então, para poder acelerar digitalmente, para poder inovar, a gente precisou impor maior velocidade nos processos internos. Foi uma questão de balanço. Consegui nestas duas experiências ver um pouco de dois mundos: aquele das startups nascidas digitalmente e aquele das empresas de grande história e legado que começa a desbravar no digital.
No seu livro “O futuro não é mais como antigamente”, você descreve os novos traços de líder em um mundo imprevisível e digital. Que traços são esses?
ANDREA IORIO - Esses traços são os que transformam a liderança muito mais ágil e conectada. Quando a gente olha para, de fato, o que é que está acontecendo no mundo de hoje, a gente nota uma aceleração muito grande nas mudanças do seu cliente consumidor nas tecnologias. Há no mercado vários competidores surgindo. Então, é fundamental que a liderança esteja muito mais além. O líder precisa estar conectado com todas essas mudanças. No livro, desenvolvi essa teoria de que nós precisamos de uma liderança com novas habilidades e competências, aquela que eu chamo da meta liderança. Ela é focada em três aspectos diferentes do antigo modelo de liderança. Primeiro, é uma liderança que pensa e toma decisões de forma diferente, com pensamento crítico e usando dados na tomada de decisão, tendo foco no cliente. Segundo, é uma liderança que é mais a executora; ou seja, ela é mais ágil e ela também é mais tolerante ao erro. Por fim, o terceiro aspecto é que se trata de uma liderança mais humana, pois, na era da tecnologia e da inteligência artificial, é uma liderança que terceiriza para suas equipes as habilidades de inovar. Trata-se de uma micro gestão, baseada na confiança que leva à colaboração. Acho que tem alguns aspectos ali que fazem com que a liderança que o mundo pede hoje seja diferente a respeito da liderança que o mundo já pediu anteriormente.
Sua outra obra é intitulada, “6 competências para surfar na transformação digital”. Como se prepara para o mercado de trabalho na era digital? O que devemos ter em mente? Quais são as competências humanas necessárias para isso?
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ANDREA IORIO - Primeiro, tem que entender muito bem o papel da tecnologia e não só o papel da tecnologia para reduzir custo, que é algo para o qual estamos muito atentos, mas também o papel da tecnologia para maximizar o valor para o cliente. A gente tem que olhar para a tecnologia como um aliado e não como uma ameaça. Esse é um ponto muito importante para quem está iniciando neste mercado. As dicas para quem está começando entenda bem o papel da tecnologia é pensar nas seguintes perguntas: Como você pode utilizá-las no seu negócio? Quais são as habilidades e competências que você quer não só para você, mas para seu time? Você quer ter uma empresa que é um, por exemplo, conhecida ou focada em eficiência operacional? E se você quiser ser mais inovador, você tem que ter mais tolerância, tem que entender qual é a cultura que você quer, pois a cultura é o que define os comportamentos. A gente tem de entender o papel da tecnologia e, também, entender, por outro lado, o papel das nossas habilidades humanas. Sobretudo, preciso saber o que é que eu quero desenhar para mim. O que é que eu quero para meu cliente? É ali onde a gente vai conseguir uma enorme transformação.
O tema da sua palestra é “O Futuro do Trabalho e Trabalhos do Futuro” na Expo Indústria no dia 12 de novembro. Como você caracteriza o trabalho do futuro?
ANDREA IORIO - Hoje, têm sido criadas profissões. Tem uma estatística recente da Dell Technologies, que aponta que 85% dos empregos que existirão até 2030 nem foram inventados ainda. Então, isso faz com que a gente entenda que fundamentalmente vamos primeiro saber se nosso emprego existirá e segundo, que ele vai existir se fizer parte daqueles 15% que ainda existirão no futuro. Acho que a gente tem muito o que pensar. Como palestrante, por exemplo, eu tenho que pensar daqui a cinco anos. Pensar em como que a tecnologia irá mudar o mundo das palestras. Será tudo feito como um parlamento aberto? Não sei se haverá um robô que tem mais conhecimento que eu para me substituir. Não sei, só sei que eu preciso entender o que é que me diferencia dessa tecnologia e aí, então, preciso ser mais humano do que esse robô. A resposta então está ali onde cada um vive. Está ali no mercado de trabalho. Não é a tecnologia que veio para necessariamente substituir meu emprego. Ela vai substituir o meu emprego na medida que eu continuar fazendo as coisas, como sempre fiz, sem me transformar, igual uma máquina e indo para trabalho, sem criatividade, sem trazer ideias novas e só focando na operação. Se meu trabalho for automático, a tecnologia vai me substituir; ela poderá saber fazer melhor aquilo que faço agora. Onde a gente é insubstituível é realmente naquilo que nos torna mais humanos.
Quando se fala em digitalização e tecnologia, há sempre o temor de que a mão de obra humana seja substituída. Como você vê esse dilema hoje? Há áreas de trabalho mais longevas? Quais campos de trabalho que não podem ser substituídos pelo uso da tecnologia?
ANDREA IORIO - Vejo um trabalho onde a gente vai ter de migrar para tecnologia: toda a parte mais chata, burocrática e automatizada do nosso trabalho. Isso para a gente ganhe em tempo e em recursos emocional e para resgatar o que precisamos para sermos mais criativos, mais empáticos, com os clientes e com os colaboradores. Vejo um formato de trabalho onde a gente não necessariamente irá trabalhar mais horas. Há coisas que hoje a gente faz no ambiente de trabalho. Por quê? Porque o operacional toma muito tempo e ali, por exemplo, a gente chega no fim da semana e não concluiu, no fim do mês e não concluiu, no fim do ano e não concluiu. E aí a gente pensa: Caramba, não consegui pensar na estratégia do ano que vem porque eu estava ocupado demais pensando a curto prazo, apagando o incêndio. Não, é isso que não pode acontecer no futuro do mercado de trabalho. O mercado é onde a gente vai ter de buscar mais habilidade de fazer tudo isso, ao mesmo tempo, onde cada vez mais as pessoas terão a possibilidade de fazer seus trabalhos em paralelo, onde um executivo poderá ser palestrante e ganhar dinheiro como consultor. Por quê? Porque a internet, a tecnologia permite isso. A gente vai precisar entender quais habilidades e competências novas precisamos desenvolver para fazer com que tudo isso seja possível, porque é só assim que a gente vai conseguir estas novas oportunidades.
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