SÃO LUÍS - O primeiro dia do Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico (Fipa), realizado de forma inédita em São Luís, cidade declarada pela Unesco como Patrimônio Mundial, em 1997, foi marcado por palestras, exposição, visita técnica a prédio tombado e uma apresentação cultural do grupo Bumba Meu Boi de Matinha. O evento é celebrado anualmente entre Brasil e Portugal, alternando a cada ano em um dos dois países.
Em 2023, são 32 palestrantes, dezenas de representantes de prefeituras de outros estados, 100 pessoas do Conselho de Arquitetura Urbanismo do Brasil (CAU-BR). A edição deste ano conta com mais de 600 pré-inscritos. Além de presencial, o 9º Fipa está sendo transmitido on-line no link www.youtube.com/@fumph8125.
Na abertura oficial do 9º Fipa, ocorrida na manhã da última quarta-feira, o debate sobre a “Diversidade em Diálogos Permanentes”, tema do evento em 2023, foi iniciado pelos anfitriões do evento, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide e a presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), Kátia Bogéa. Além dos representantes da gestão municipal, participaram da mesa, o Presidente do Conselho Diretivo Nacional da Ordem dos Arquitetos, o arquiteto português, Gonçalo Byrne, da arquiteta urbanista e coordenadora Geral do Fipa Brasil, Maria Rita Amoroso; do engenheiro e coordenador-geral do FIPA Portugal, Aníbal Costa; do presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA) e arquiteto, Jose Luís Cortés.
Nomes como o da presidente do Conselho de Arquitetura do Brasil (CAU-BR) e arquiteta, Nádia Somekh; do vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Rafael Passos; do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass; do diretor-geral da Direção Geral de Patrimônio Cultural de Portugal e arquiteto, João Carlos; do reitor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Walter Canalles; do coordenador cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Rui Lourido; do arquiteto e presidente do Conselho Internacional Arquitetura Língua Portuguesa (Cialp), Rui Leão, do reitor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Natalino Salgado, e diretor da Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM), Mário Augusto Ribas Nascimento, também estiveram na mesa oficial de abertura do evento.
Os pesquisadores, estudiosos, especialistas e profissionais começaram a debater sobre ações sustentáveis e de proteção do patrimônio arquitetônico mundial, traçando os caminhos a serem tomados para alcançar a real valorização dos bens históricos. Aliado ao conteúdo, o evento mobiliza recursos no campo da arquitetura em integração ao patrimônio cultural, com suas misturas e identidades, permeando diálogos com as comunidades técnica, científica e institucional. O encontro promove um alerta ao público em geral, sobre a responsabilidade e a missão do cidadão em proteger e divulgar as riquezas de São Luís.
Em seu discurso de abertura, a coordenadora Geral do Fipa Brasil, Maria Rita Amoroso, agradeceu a presença de todos no Fórum, e destacou sobre a presença de todas essas instituições para uma tomada de consciência frente ao patrimônio nacional.
“Justamente este é um dos papéis do Fipa, que ao circular por diversos estados brasileiros, conforme edições anteriores, ajudou a incentivar essa conscientização local. Buscando valorizar o patrimônio cultural material e imaterial, o Fipa se destaca pela oportunidade de apresentar um patrimônio, muitas vezes desconhecido pela sociedade brasileira ou não valorizado pela sua importância histórica. No caso do Maranhão, sabemos que é preciso continuar a investir na salvaguarda do patrimônio cultural do estado, principalmente na sua capital, São Luís, reconhecida pela Unesco como patrimônio mundial, mas também, como a cidade de Alcântara e demais localidades, expandido esse trabalho para todo estado”, discorreu.
O prefeito Eduardo Braide destacou a importância de São Luís sediar o evento inédito na região Nordeste do Brasil. “São Luís é a primeira capital do Nordeste a sediar o Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico e hoje a gente reúne na cidade os maiores especialistas em patrimônio arquitetônico, representantes de Portugal, Espanha, México, para discutir a melhor forma de restaurar, preservar, mas, acima de tudo, de ter uma cidade mais humana", destacou o prefeito Eduardo Braide, explicando, em seguida, os programas realizados por sua gestão no Centro Histórico de São Luís.
Ao dialogar com a arquitetura brasileira e portuguesa no contexto da paisagem urbana, em simbiose com a geografia local, São Luís é protótipo e inspiração para o reconhecimento da diversidade como vetor imprescindível para a discussão do patrimônio cultural em meio às “transitoriedades” na contemporaneidade, buscando ações efetivas de recuperação e permanência de identidades locais. Esse é um dos pontos relevantes da iniciativa de realização do Fipa, enquanto condição de entendimento da importância cultural e histórica do patrimônio material e imaterial, sua conservação e utilização por parte da sociedade – no Brasil, em Portugal e ao redor do globo.
A ação é articulada pela Prefeitura de São Luís, por meio da Fumph. A arquitetura e o patrimônio cultural da cidade foram decisivos para receber o Fipa deste ano. O histórico multicultural e arquitetônico da Cidade dos Azulejos representa a integração das ações de preservação patrimonial enquanto permanência de memória e da identidade de diversos povos, como os laços erguidos entre Brasil e Portugal.
Ainda pela manhã, na abertura, a presidente da Fumph, Kátia Bogéa, detalhou sobre o empenho para que São Luís fosse a sede do evento em 2023. “A iniciativa da candidatura da cidade de São Luís para sediar o Fórum se deu em razão de termos um centro histórico que é patrimônio mundial. A ideia era justamente trazer para São Luís um evento dessa magnitude, que está reunindo as melhores cabeças do mundo acadêmico, técnico e profissional dentro dessa temática. Dito isso, fizemos um filme, apresentamos a candidatura e foi aprovado no 8º Fipa, que ocorreu em Portugal em 2022. Agora estamos colocando em prática as discussões que acrescentarão muito para o desenvolvimento do nosso patrimônio”, pontuou.
Pela tarde, palestras foram ministradas na Faculdade de Arquitetura da Uema, no prédio localizado dentro do centro histórico de São Luís. O presidente do Iphan, Leandro Grass, foi o primeiro a palestrar e levou à discussão do público a temática “Por um novo Iphan”. Já o arquiteto e diretor Geral da Direção Geral do Patrimônio Cultural DGPC-Portugal, Joao Carlos dos Santos falou sobre a “Instalação do Museu do Tesouro Real - Palácio Nacional da Ajuda (2018-2022)”. Também de Portugal, a diretora do Departamento, Estudos, Projetos e Obras DGPC-Portugal, Elisabete Moura Lopes Barreiros Ferreira destacou o título “O Investimento do Plano de Recuperação e Resiliência- PRR na Salvaguarda do Património Cultural Português”, tema de sua palestra. E por último, a palestra “A política de Patrimônio Material 2023-2026”, apresentada pelo arquiteto e diretor do Departamento de Patrimônio Material Depam/Iphan, Andrey Rosenthal Schlee.
Quatro universidades maranhenses, também fazem parte da organização do Fipa 2023, entre elas, a UFMA, Uema, Universidade Dom Bosco (UNDB) e Universidade Ceuma (Uniceuma).
Para encerrar o primeiro dia de evento, a noite, o Centro Cultural Vale e Instituto Cultural Vale, parceiros do Fipa, apresentaram a montagem das exposições que estarão disponíveis para o público. A primeira exposição, vinda de Portugal, intitulada
“Urbanismos de Influência Portuguesa”, sintetiza os resultados de um projeto de investigação elaborado entre 2005 e 2008 na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, que apresenta a evolução conceitual e metodológica da prática urbanística portuguesa num período significativo do século XX, por meio do estudo das influências que se estabeleceram entre Portugal e as antigas colônias na África. A curadoria é de Maria Manuela da Fonte e Sérgio Padrão Fernandes.
A segunda exposição, “Cartografias Urbanas do Maranhão” – é uma linha do tempo demonstrada por meio de mapas do estado em diferentes épocas, do século XV ao XX, desde o conhecimento do novo território através de rios e mares, aldeias indígenas e bancos de areia, passando pelo traçado da vila idealizada por portugueses e finalizando com o processo de expansão urbana da cidade. Os participantes poderão realizar um passeio pelos mapas sobre urbanismo.
A exposição tem curadoria de Grete Pflueger, arquiteta, doutora em urbanismo (UFRJ), mestre em Desenvolvimento urbano (UFPE), professora associada do curso de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Mestrado em Desenvolvimento socioespacial e Regional da Uema e curadora da exposição ao lado de Rosilan Garrido, artista visual e doutora em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Lisboa, mestre em Artes (USP) e professora adjunta de Arquitetura e Urbanismo da Uema.
As exposições ficarão por dois meses em São Luís, tendo como objetivo compreender as nossas cidades e os modelos que influenciaram o seu desenvolvimento. Trata-se de mostra de alguns dos Planos de Urbanização que foram elaborados entre 1934 (data do 1º Decreto‑Lei português a definir as regras destes planos) e 1974 (data a partir da qual ocorreu a independência das colônias), para as cidades de África e da Ásia que se encontravam sob administração colonial portuguesa. Esses planos foram recolhidos e estudados no âmbito de um projeto de investigação da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.
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