Dia das Mães

Mãe conta história de amor e desafios na criação de filho com deficiência: 'parti do luto à luta'

A terapeuta ocupacional Millan Carneiro, de 37 anos, é mãe do Miguel Arcanjo, de sete.

Imirante.com

Atualizada em 14/05/2023 às 09h48
Millan Carneiro e o filho Miguel Arcanjo. (Foto: Adriano Soares / Imirante.com)

SÃO LUÍS - Neste domingo (14) é celebrado o Dia das Mães, data em que é importante lembrar e celebrar o amor extraordinário das mães que cuidam de crianças atípicas. Elas enfrentam desafios únicos, mas seu amor incondicional e dedicação são ainda mais notáveis. Elas desempenham um papel mais que especial na vida de seus filhos, oferecendo apoio, carinho e uma fonte constante de força. 

Uma dessas mães é a terapeuta ocupacional Millan Carneiro, de 37 anos, mãe do Miguel Arcanjo Carneiro, de sete, que poucos meses após ter nascido foi diagnosticado com paralisia cerebral. Desde então, a vida da terapeuta mudou completamente, ela conta que foi um momento de desconstrução para dar início a uma reconstrução de sua vida ao lado do filho.

A ‘mãe leoa do leãozinho’, como Milan se apresenta nas redes sociais, conta que, após o diagnóstico do Miguel, partiu do luto à luta. Do luto da criança idealizada, à luta de proporcionar qualidade de vida ao filho que, segundo ela, já não estava dentro dos padrões que a sociedade exige.

“Sempre foi uma luta muito árdua, pois já não é fácil você lidar com a criação de uma criança considerada 'normal', dentro dos padrões impostos pela sociedade, e aí quando você quando recebe essa criança que exige muito mais, exige uma renúncia, um sacrifício”, conta.

Millan e Miguel. (Foto: Adriano Soares / Imirante.com)

As mães de crianças atípicas frequentemente precisam adaptar suas rotinas e planos de acordo com as necessidades dos seus filhos. Isso pode envolver ajustes nas atividades diárias e na carreira profissional. Foi o que aconteceu com Millan, ela precisou se afastar das atividades presenciais como terapeuta ocupacional para cuidar exclusivamente da rotina especial do filho, que também tem os diagnósticos de tetra paresia, epilepsia, disfagia e gastrostomia (GTT)

“Eu tive que renunciar muitas coisas como mãe e como mulher para me dedicar única e exclusivamente ao Miguel Arcanjo. Tenho a minha profissão, mas não mais exerço ela presencialmente. Estou afastada, porque o quadro do meu filho exige muito de mim”, afirma Millan.

Mãe solo, Millan conta que a chegada do filho foi um divisor de águas em sua vida e que, hoje, a história dela – sem romantismos – serve de inspiração para outras mães, pois apesar dos desafios diários, ela experimenta momentos de alegria, crescimento pessoal e de um amor incondicional que só cresce. Toda essa dedicação tem um único objetivo, que é o de proporcionar ao pequeno – e grande - Miguel a melhor qualidade de vida possível. 

As mães de crianças atípicas enfrentam desafios únicos e adicionais em comparação às mães de crianças típicas. Essas mães, como é o caso de Millan, se dedicam a cuidar e apoiar seus filhos que possuem necessidades especiais, lidando com uma variedade de dificuldades físicas, emocionais e sociais. 

Nas redes sociais, Millan mostra um pouco da rotina do Miguel. Há três anos, ela criou um perfil no Instagram chamado ‘Mamãe do Miguel’, onde compartilha com os seguidores o dia a dia do filho. Veja aqui o perfil.

Rede de apoio

Em casa, rodeados de amor, Millan conta com o apoio da própria mãe, a dona Gracilene Carneiro, de 58 anos, que é a avó coruja do Miguel, e de um irmão caçula, de 20 anos. Eles moram no bairro do Maiobão há 22 anos e são conhecidos por toda a comunidade que é empenhada em ajudar o Miguel no que for necessário.

“O Miguel é conhecido por toda a comunidade. Todas as pessoas conhecem ele. Miguel também é uma criança que a gente já precisou fazer campanha para adquirir recursos muito caros. A gente sabe que nada para eles é acessível”, explica.

Millan, Miguel e dona Gracilene. (Foto: Adriano Soares / Imirante.com)

Realização

Com um sentimento de realização, Millan diz que ser mãe é doação, amor e presença. Ser mãe do Miguel, para ela, é um desafio muito grande, mas cheio de amor, cuidado e afeto. 

“Ser mãe do Miguel é um desafio muito grande, porque a gente nunca sabe quando vai anoitecer ou amanhecer dentro de um UTI, pelo quadro dele. E a gente vai vivendo um dia de cada vez. Eu já não faço mais planos a longo prazo. Eu só trabalho com o médio e o curto, porque é o que a gente consegue dentro do quadro do Miguel. Eu já fui muito exigente com o meu filho, e aí eu me frustrava, mas isso foi trabalhado em mim. Eu não posso exigir além do que ele pode me oferecer. Eu, como mãe, tenho meus erros e acertos, mas eu tenho a certeza plena de que eu sou a melhor mãe que o Miguel poderia ter”, afirma.

Por isso, o apoio, a compreensão e o reconhecimento da sociedade são fundamentais para ajudar essas mães a enfrentarem os desafios e promoverem um ambiente inclusivo e acolhedor para suas famílias. 

Crianças atípicas

As crianças atípicas são aquelas que possuem necessidades especiais ou características que as diferenciam do desenvolvimento típico. Essas crianças podem apresentar uma variedade de condições e diagnósticos, como transtorno do espectro autista (TEA), paralisia cerebral, deficiências físicas, transtornos de aprendizagem, entre outros.

Cada criança atípica é única, com suas próprias habilidades, desafios e potencialidades. Suas necessidades podem variar em termos de saúde, educação, terapia e suporte emocional.

Dia das Mães

O Dia das Mães tem uma longa história e é comemorado em diferentes partes do mundo. A data moderna teve origem nos Estados Unidos, no início do século XX, quando Anna Jarvis, filha de uma ativista pacifista, iniciou uma campanha para criar um dia especial em homenagem às mães. Em 1914, o presidente Woodrow Wilson oficializou o segundo domingo de maio como o Dia das Mães.

Desde então, a data se tornou uma ocasião significativa para celebrar a maternidade e expressar amor e gratidão às mães.

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