Complexo da Maré

Visita de Flávio Dino a favela repercute na Assembleia

Yglésio acredita haver "canal de diálogo" de "alguém no ministério" com facções que dominam área.

Ipolítica

Dino visitou ONG no Complexo da Maré (Divulgação/Redes da Maré)

SÃO LUÍS - Os deputados estaduais Yglésio Moyses e Carlos Lula, ambos do PSB, promoveram um debate na Assembleia Legislativa do Maranhão, nesta quinta-feira (16), a respeito da visita realizada na quarta-feira (15) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), sem escolta, a uma entidade na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, considerado um dos mais violentos do Rio de Janeiro.

Ao subir à tribuna, Yglésio destacou o fato de o titular da pasta haver entrado no local sem segurança reforçada, e mencionou o fato de que a comunidade é dominada por facções criminosas.

“Eu não vi ninguém falando em torno de fake news em relação a isso. Eu, por exemplo, jamais disse que o ministro tem conluio com traficante. Discordo disso. Mas, lendo essa matéria bem aqui: ‘Maré, a favela de todas as facções armadas que a polícia ainda não conseguiu tomar’. O ministro da Justiça chegou à favela sem qualquer tipo de escolta policial, chegou com mais um carro ali, foi recepcionado por locais naquele momento”, destacou.

Segundo ele, nem mesmo o mais “abnegado aliado” de Dino “poderia dizer que não houve uma articulação de alguém do ministério com representantes da comunidade, inclusive das facções, para que a visita fosse tranquila”. “Ou seja: há um canal de diálogo, óbvio”, completou.

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Em resposta, Lula pontuou que, “não é por ser uma área pobre, que só tem traficantes” no Complexo da Maré. Segundo ele, o ministro foi ao local para escutar as pessoas trabalhadoras que moram no local.

“É muito infeliz a fala do deputado ao asseverar que o Ministro da Justiça foi ao Complexo da Maré e não tratou de pegar arma de traficante ou de moradores daquela favela. Deputado, queria dizer a Vossa Excelência que o Complexo da Maré não é por ser uma favela, não é por ser uma área pobre, que só tem traficantes lá. Muito pelo contrário. As pessoas que moram ali naquela favela, que moram ali naquela situação, como as que moram em periferias das grandes cidades, elas passam muitas dificuldades. Muitas. É muito preconceito, é absurdo até querer asseverar que qualquer ação do estado que se passe em favela, em periferia, seja tão somente repressiva. A gente tem de entender as periferias das cidades, das favelas, dos complexos, como local onde tem pessoas que vivem no dia a dia, que são trabalhadores, que são pais de família e que devem ser escutados, sim”, comentou.

Agenda - Segundo comunicado do Ministério da Justiça e Segurança Pública, na visita à comunidade, o ministro Flávio Dino participou do lançamento do Boletim “Direito à segurança pública na Maré”, publicação que a Redes da Maré faz anualmente desde 2016 e que apresenta a sistematização dos dados sobre os impactos da violência armada no Complexo.

“Entre os dados, estão mortes causadas por arma de fogo, operações policiais, confrontos entre grupos armados, violações de direitos e descumprimento de preceitos fundamentais. A Redes da Maré é uma organização da sociedade civil, que nasceu a partir da mobilização comunitária e que atua para articular soluções para os problemas da população local”, diz a pasta.

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