Ensino e competições de robótica aumentam a confiança das meninas para aprender tecnologia
O aprendizado de robótica na escola gera interesse em carreiras técnicas, que têm defasagem de mão de obra especialmente de mulheres e pessoas negras.
SÃO LUÍS – No mundo inteiro, e no Brasil não é diferente, há defasagem nas carreiras de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Há muitas barreiras para minorias étnicas, mulheres, negros e pessoas com menor poder aquisitivo. As estudantes das Escolas SESI no Maranhão que participam do Torneio SESI de Robótica FLL, dias 4 e 5 de fevereiro, estão dando demonstração de que elas podem ser o que desejarem e isso inclui seguir carreiras em tecnologia.
Até 2025, o déficit de mão de obra no país em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), de acordo com um estudo da Brasscom, será de quase 800 mil vagas. A pesquisa aponta, entre outras coisas, que o Brasil tem vocação para a área de tecnologia; que o setor continuará crescendo exponencialmente e que oportunizará uma verdadeira transformação da realidade socioeconômica de milhares de famílias. Os salários na área de TIC são 2,5 vezes superiores à média nacional.
Um dos desafios apontados pela associação é despertar o interesse dos jovens pela formação em tecnologia, sobretudo de mulheres e negros. Nos cursos de TIC no Brasil, apenas 14,8% dos alunos são do gênero feminino.
Robótica – Participar de competições de robótica realmente prepara os alunos para seguirem em carreiras nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM)? Esta foi a pergunta feita por pesquisadores americanos em um estudo realizado em 2016.
O alvo da pesquisa foram estudantes culturalmente diversos e de baixo nível socioeconômico que competem na First Tech Challenge. A FTC é uma das modalidades que contará com uma exposição no Torneio SESI de Robótica FLL, que acontece em São Luís, no SESI Clube Araçagi, nos dias 04 e 05 de fevereiro.
Não há dúvidas que com a robótica os estudantes ganham experiência na resolução de problemas, programação, captação de recursos, documentação e uma melhor visão da comunidade. O que a pesquisa descobriu além disso é que participar da FTC beneficiou os alunos na construção de confiança em robótica, habilidades de trabalho em equipe, além de aumentar o seu prazer em aprender e motivação para buscar carreiras em STEM.
Para além da teoria, a robótica ensinada nas escolas coloca uma lente de aumento nas habilidades apreendidas, cria uma atmosfera de entusiasmo nos alunos e os coloca de frente para o mundo real nas competições que ocorrem fora do ambiente escolar. Mas isso não é possível sem investimentos em capacitação, equipamentos e o trabalho e apoio feito pelos instrutores de robótica e os mentores das equipes.
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O superintendente do SESI-MA, Diogo Lima, explicou que todas as funções desempenhadas dentro de uma equipe de robótica podem ser desempenhadas por meninas e meninos. Temos uma equipe com predominância feminina, a Gipsy Danger, da modalidade F1 in Schools, e a melhor técnica do Brasil hoje é a professora do SESI Maranhão, Conceição Oliveira. “A atuação das meninas reflete a nossa filosofia de trabalho. As duas grandes áreas de atuação do SESI, Educação e Saúde e Segurança na Indústria, são comandadas por mulheres no Maranhão. As competências não são definidas por gênero”, frisou Diogo.
Stephannie Oliveira, 14 anos, conta que vai participar do Torneio pela primeira vez e já sabe que programação é para a vida inteira. “Quero que as meninas saibam que elas são tão capazes quanto os meninos. Eu tenho o privilégio de ter um técnico de robótica na competição que me coloca para cima, que não faz distinção entre meninos e meninas”, disse a competidora da equipe V8, da modalidade FLL.
Ayla Carolina e Maria Eduarda integram a equipe The Crew, da FLL. “A história da mulher, e especialmente da mulher negra como nós somos, não é nada fácil”, reconheceu Maria Eduarda. Para Ayla, as mulheres ainda estão em minoria na tecnologia, mas as que estão na área já fazem uma grande diferença. “É gratificante ver que o nosso esforço nos estudos está sendo recompensado. Espero que isso inspire outras meninas”, desejou Ayla.
Torneio - A temporada 2023 do Torneio SESI de Robótica First Lego League (FLL) desafia estudantes de 9 a 16 anos a encontrar soluções para a produção, armazenagem, distribuição e consumo de energia, além da diversificação da matriz energética.
Este ano são 41 equipes no torneio na modalidade FLL. Os competidores são das Escolas SESI de Imperatriz, Bacabal e São Luís; dos estados da Paraíba, Tocantins e Piauí, além de estudantes de escolas públicas de São Luís, Paço do Lumiar, Bacabal, Imperatriz, Rosário, Matinha, Lagoa Grande, Santo Antônio dos Lopes e São José de Ribamar. São 9 equipes que disputam na modalidade F1 in Schools. Os competidores são das Escolas SESI São Luís e Imperatriz, além de alunos do Tocantins. Dos 300 alunos inscritos no torneio, 118 são mulheres.
O Torneio SESI de Robótica FLL é aberto ao público e acontecerá no SESI Clube Araçagi. Dia 04/02, às 7h, ocorre o credenciamento das equipes, às 10h a cerimônia de abertura e terão várias competições ao longo do dia. No dia 05, domingo, às 8h, será o início das avaliações dos projetos com a temática de energia, às 15h a cerimônia de premiação e encerramento do Torneio às 17h.
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