O país do tudo e do Todes

O Brasil é um país absurdíssimo, bem definido por Tim Maia, onde puta goza, gigolô tem ciúmes... etc. etc. etc. e onde, recentemente, se criou mais um etc.: o TODES, palavra que quer significar a boa intenção dos homens públicos em dar vez a uma potencial minoria.

Sem conseguir, diga-se de passagem. Porque os brasileiros, esses seres estranhíssimos, preferem sempre o caminho mais fácil de, ao invés de trabalhar e lutar por suas boas intenções (se é que elas existem, de fato) preferem modificar as leis e, agora, as palavras. 

Haja leis neste país! Toda hora nasce uma, a todo segundo uma é modificada, já que em vez de resolver o problema, o que seria bom, o resultado é nada vezes nada. 

Como devem ter se convencido de que não basta inventarem leis, já que ninguém as cumpre (a começar por eles mesmos), os homens públicos deram agora para alterar o idioma Português, deturpando lhes as palavras e seus significados.

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É o que está acontecendo com a palavra Todos. Não satisfeitos com a abrangência semântica da palavra acharam de inventar uma corruptela da mesma: a tal de Todes. Sim, isso mesmo, com todo seu gigantismo o Todos não lhes bastou. No afã de se destacarem para a plateia, nada como inventar palavras, exibindo não o talento de Guimarães Rosa ou Manoel de Barros ao criarem seus neologismos, mas como se executassem seu ofício com uma marreta. Desse ‘árduo’ trabalho eis que surge o Todes como se, a partir daí, todos os problemas de discriminação e injustiça social pudessem ser resolvidos. 

Pobre palavra Todos! Jamais imaginaria que iriam lhe criar uma irmã tão feia, tão abortada, e tão ineficaz!

Que se previna a Língua Envergonhada, do saudoso escritor maranhense Lago Burnett e que se cuide a palavra Nada. Deve ser a próxima!

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