O livro que você é
Livros são mesmo quase pessoas: “A palavra, como se sabe é um ser vivo”, já dizia Vítor Hugo.
Este tema surgiu após a leitura de uma revista antiga Metáfora, quando, entre os destaques literários do mês, surgiu a indagação: “Que livro você é? “Na verdade, se tratava de um site em que, depois das respostas a um questionário, identifica, de acordo com a personalidade do indivíduo, com qual livro ele pareceria.
Antes de entrar no site preferi imaginar que livros se parecem com quem. Um exercício que teve o dom de me revelar que, de fato, livros são mesmo quase pessoas: “A palavra, como se sabe é um ser vivo”, já dizia Vítor Hugo.
1 - Os livros de AUTO-AJUDA – Os livros de auto-ajuda hão de se parecer com qualquer sujeito que se ofereça para solucionar sua vida sem que você peça. Muitas vezes você se encontra, de fato, estressado ou melancólico quando – de repente! – eis que um sujeito, que parece farejar os dramas íntimos dos outros mais do que o Leão do imposto de renda fareja seus ganhos, se planta em sua frente se oferecendo para dizer obviedades sob um viés de grandes achados.
Ou seja, o livro de auto-ajuda, se fosse gente, seria um cara-de-pau semelhante a esses palestradores motivacionais, que percorrem as empresas proferindo mensagens idiotas, e estampando na face uma felicidade gorda - não de fartura, mas de excesso de gordura. Como dizia Fernando Sabino, não passa do pior tipo de chato: aquele que rouba tua solidão sem te fazer companhia.
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3 - Os best-sellers juvenis. – Os atuais best-sellers de literatura juvenil sobre vampiros, anjos, zumbis ou equivalentes não parecem nem de longe com esses seres estranhos, mas, principalmente, com aquele que os lê: no caso, o adolescente. Vá lá, um jovem sonhador e imaginativo, como são todos, e inofensivo como o Justin Bibier, com a cara deste, o riso deste, o talento fragmentado deste. Nem agradável, nem desagradável, apenas jovem, com o que a juventude tem de mais pulsante que é a ilusão de aventura se sobrepondo à realidade. Com alguma boa vontade se parece com algum dos quatro Beatles quando ainda estavam começando.
Surpreendentemente, não se parecem com o cantor Luan Santana, por exemplo, talvez porque este, arrebatado por uma arrogância que impede que ele sinta a própria mediocridade, não tenha sequer aquilo que mesmo o pior livro possui: algo de simpatia.
Devo dizer, para concluir, que fui ao site para saber que livro sou e ele me respondeu: o livro Carmem, de Ruy Castro, que é uma biografia de Carmem Miranda. Segundo eles se um dia eu fosse um livro seria uma biografia (????)
Como faz tempo o adquiri, fui procurá-lo para conhecer-me melhor, mas não o encontrei. Devo tê-lo emprestado e, livro, como se sabe , não se devolve. Portanto, mais um EU perdido. Desses que a gente tem, alguém pede emprestado, mas não devolve.
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