O palavrão na história
A falta de um bom palavrão é pior que uma pandemia!
Imagine o tédio de uma eternidade sem tempo e sem espaço. Sem celular para se distrair e sem alguém para xingar nas redes sociais. Pior, muito pior que isso: sem vivalma, nem pensamento, nem matéria. Só Deus e Deus.
Sentia vontade de reclamar para alguém, mas não havia. Como reclamar se ele era o próprio Deus? Até que um dia não aguentou, e sentiu o impulso, muito natural - até para Deus - de mandar tudo à ...Puta que pariu. Mandou.
A dúvida é se teria sido esse o palavrão inicial, ou teria sido outro: Merda, Porra, Putaria, Vida fodida...? Ninguém sabe. O que se sabe é que Deus xingou pela primeira vez e foi então que aconteceu o big-bang, uma explosão divina e infinita, decorrente de um tédio eterno.
Hoje, para a Ciência, pouca dúvida resta de que o Universo nasceu por causa de um palavrão.
2.Depois disso o palavrão adormeceu em sono profundo até que bilhões de anos depois nasceram Adão e Eva, à imagem e semelhança de Deus. A partir daí, como se sabe, foi palavrão pra tudo quanto é lado até porque nenhum ser humano nasce sem que se fale um palavrão (carinhoso, vá lá!) na hora do paroxismo sexual.
É fácil admitir que o xingamento chulo obedeceu a um princípio evolutivo paralelo ao do homem. Como não tinham a sonoridade de hoje, é óbvio que os palavrões emitidos por nossos ancestrais com cara e jeito de macacos eram berros e grunhidos, tanto mais ofensivos quanto mais elevados eram.
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Sim, porque a humanidade jamais prescindiu de um bom palavrão. Como hoje demonstra a ciência, um palavrão é libertador. Embora isso possa até ser tido como uma blasfêmia ou exagero, a verdade é que falar palavrão faz um “puta de um bem pra caralho” porque os palavrões estão na parte animalesca e mais primitiva de nosso cérebro. Quando os soltamos revelamos aquilo que é da nossa natureza animal.
3. Houve tempo em que os piores impropérios eram de outras categorias. Como a religião tinha um papel mais destacado no cotidiano das pessoas especialmente durante a Idade Média 476 a 1456 d.C não havia nada pior que desejar que seu interlocutor fosse para o inferno ou coisas afins. Com o passar do tempo isso foi mudando e a secularização fez com que esse tipo de injúria se tornasse menos ofensivo. Se hoje poucas pessoas acreditam em Deus quanto mais no inferno! Então mandar alguém pro capeta, Lúcifer, sete-peles, cão, canhoto, satanás, perdeu o impacto.
Recente reunião ministerial, em gravação que se tornou pública, mostra o quanto o palavrão chegou às altas esferas. Em pouco mais de duas horas o presidente Bolsonaro emitiu uma preciosa coleção: 8 porras, 7 bostas, 5 merdas, 4 putarias, 2 foder, 2 puta que o pariu, 2 filhos da puta e 1 cacete.
Hoje o grande receio da ciência é justamente esse: o palavrão virar palavrinha e tolher o homem de sua mais preciosa válvula de escape conhecida. Nos pavorosos tempos atuais procura-se por um palavrão forte e impactante para xingar as pandemias, a obrigatoriedade eleitoral, O VAR, o preço da gasolina e não se encontra, já que todos se tornaram insuficientes.
Conclusão: A falta de um bom palavrão é pior que uma pandemia!
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