Checagem

Veja o que é #Real ou #Fake nas falas dos candidatos ao Governo no Debate Imirante

Equipe de checagem do Imirante.com analisou algumas das principais declarações que ganharam repercussão nas redes sociais ou sobre temas de impacto.

Imirante.com

Atualizada em 02/09/2022 às 13h48
Candidatos participaram do debate organizado pelo Imirante nesta quinta-feira (Paulo Soares/Grupo Mirante)

SÃO LUÍS - Seis candidatos ao Governo do Maranhão participaram nesta quinta-feira (1) do debate realizado pelo Imirante.com.

Participaram do debate, os candidatos Carlos Brandão (PSB), Weverton Rocha (PDT), Lahesio Bonfim (PSC), Simplício Araújo (Solidariedade), Joás Moraes (DC) e Enilton Rodrigues (PSOL).

A equipe do Checagem Imirante checou as principais declarações dos políticos. 

Acompanha abaixo:

Joás Moraes (DC)

“A situação dos nossos equipamentos públicos em segurança é caótica porque nem os concursos que foram feitos, foram cumpridos pelo governo que está aí.” 

Não é bem assim

De fato o Governo Flávio Dino (PSB) - que tinha como vice o hoje governador e candidato à reeleição, Carlos Brandão (PSB) -, deixou de cumprir com a convocação, nomeação e efetivação de um número considerável de aprovados no concurso público realizado para a Polícia Militar em 2017 e a totalidade de aprovados no concurso para a Polícia Civil, em 2018.

De um total de 1.800 aprovados no concurso da PM e que foram submetidos ao Curso de Formação da Polícia Militar, por exemplo, cerca de 1.100 ainda aguardam a efetivação na corporação. Já na Polícia Civil o déficit é bem menor. É preciso reconhecer, que no mês de agosto o governador Carlos Brandão anunciou a nomeação de 300 novos PMs; 13 novos delegados; 13 escrivães; 13 investigadores e 7 peritos, diminuindo a dívida da atual gestão para com os aprovados em concursos públicos. A pendência, contudo, ainda é elástica.

Porém, não é possível determinar, como afirmou o candidato Joás Moraes, que os equipamentos de segurança pública estão em situação caótica. São vários os aspectos que podem ser analisados separadamente e de forma isonômica sobre o tema. Não é possível atribuir a toda estrutura da segurança um status negativo com base apenas no quesito: nomeação de concursados. 

Carlos Brandão (PSB)

“Talvez você não esteja andando, Simplício, pelo interior. Convido você a fazer uma viagem pelos ferryboats. São ferryboats novos que foram implementados; toda a Baixada está elogiando”

Não é bem assim

É verdade que a gestão do governador Carlos Brandão adquiriu e implantou ao sistema de transporte aquaviário do Maranhão, na travessia São Luís - Cujupe, duas embarcações adicionais. Tratam-se dos ferryboats José Humberto e São Gabriel. Não dá, contudo, para afirmar que os dois ferryboats são novos e têm recebido elogios em toda a Baixada Maranhense. São inúmeras as críticas que ainda existem sobre o serviço prestado e transtornos enfrentados por usuários. Na semana passada, por exemplo, durante uma forte chuva em São Luís, parte do teto do ferry José Humberto cedeu, e provocou pânico nos passageiros. Não houve, contudo, feridos.

Sobre a idade dos “novos” ferryboats: Apesar de ter passado por um processo de restauração e adaptação antes de ser inserido no sistema de transporte aquaviário no Maranhão, o ferryboat José Humberto não é novo. O registro da balsa junto ao Tribunal Marítimo data de 1987. O ferry era utilizado na travessia das águas do Rio Amazonas, antes de chegar ao Maranhão. Já o ferryboat São Gabriel, implantado ao sistema no fim do mês de agosto, começou a ser construído por volta de 2014 pela empresa Henvil e entrou em operação em 2017 no estado do Pará. O São Gabriel é um dos maiores em operação nas regiões Norte e Nordeste. 

Weverton Rocha (PDT)

Eu tenho rodado o Maranhão, toda feira eu pergunto: 'de onde vem esse tomate, essa cebola, essa batata? [a resposta é:] São Paulo, Minas Gerais e Ceará

Fato

Dados da Cooperativa dos Hortifrutigranjeiros do Maranhão (CEASA) de 2017, mostram que a importação de hortifrut é o principal formato de abastecimento de feiras e mercados da capital nos últimos anos. O levantamento, na ocasião, foi destacado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima) que em publicação institucional, mostrou que 95,83% da produção comercializada no município, é oriunda de outros estados. A publicação aponta também como maiores fornecedores para o Maranhão, os estados da Bahia, Ceará e Pará, respectivamente. Weverton também já havia falado sobre a produção adquirida junto à Bahia e ao Pará, em entrevistas.

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O levantamento corresponde ao que indica um estudo elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que publicou um mapa sobre a exportação de hortifrut no Brasil, com a produção detalhada de cada estado. São Paulo, como citou o candidato, é um dos maiores produtores de tomate no país e com larga escala de exportação para estados da Região Nordeste. Minas Gerais também aparece como um dos maiores produtores de hortaliças e de exportação para as demais regiões do país. Maranhão está aí, incluído.

Em 2019 a greve dos caminhoneiros provocou falta de abastecimento e quebra de estoque no Ceasa, em São Luís. Na ocasião, a administração da entidade afirmou que dezenas de caminhões não conseguiram trazer hortaliças e frutas produzidas em outros estados, o que impactou negativamente no mercado local.

Enilton Rodrigues (PSOL)

"Você imaginar, ainda, que de 88, a data da Constituição Cidadão, apenas em 95 se teve o primeiro território quilombola certificado, isso é mais um escárnio para a sociedade”

Fato

Segundo a Comissão Pró-Índio de São Paulo, em 20 de novembro de 1995, a Terra Quilombola Boa Vista, em Oriximiná, no Pará, se tornou o primeiro quilombo regularizado no país.

Lahesio Bonfim (PSC)

“Temos um estado que vive uma condição lastimável, de pobreza, de miséria, de fome. Quase 60% da nossa população é pobre. O governo fazendo assistencialismo em todos os sentidos. Não tem uma perspectiva. O número de desempregados nesse estado tomou um boom. A média nacional cerca de 9%, a média do nosso estado, quase 19%”

Não é bem assim

O candidato acertou ao citar os dados da pobreza. Segundo o “Mapa da Nova Pobreza”, desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), o índice de maranhenses vivendo com menos de R$ 497 mensais em 2021 era de 57,9%. 

Mas errou ao falar sobre o desemprego. A Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, aponta que 15,5% da população maranhense acima de 14 anos estava desocupada em 2021.

Simplício Araújo (Solidariedade)

“Dizer que eu quero ser governador porque eu quero reverter um pouco da pobreza e da miséria nos próximos quatro anos aqui no Maranhão. Nós temos 1 milhão e 400 mil pessoas passando fome. Nós temos 1 milhão de pessoas em programas assistenciais”.

Não é bem assim

Segundo o artigo "Fome e modernização no Maranhão: os projetos de desenvolvimento em Itaqui–Bacanga e o comprometimento das práticas alimentares na comunidade de Camboa dos Frades (São Luís) (1970-2021)”, divulgado em revista científica da Agência de Geógrafos Brasileiros, Seção Bauru, em 2018, 695 mil (35,2%) dos lares maranhenses encontravam-se sob risco de fome, e 609 mil (30,9%) em situação de fome. 

Segundo a escala de insegurança alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU), contudo, fome é definida como “privação alimentar”. "Já insegurança alimentar moderada é quando as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e foram forçadas a reduzir a qualidade ou quantidade de alimentos. A insegurança alimentar severa é quando as pessoas ficam sem comida por um ou mais dias”, diz a entidade. 

Já em relação aos programas assistenciais, o candidato está correto. Levantamento feito pelo G1 com base nos números do Auxílio Brasil fornecidos pelo Ministério da Cidadania e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que 1.107.306 maranhenses têm o benefício como única fonte fixa de renda.

Assista aqui, a íntegra do Debate Imirante realizado na última quinta-feira (1)

 

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