Debate Imirante é marcado por embates Lahesio x Weverton e Simplício x Brandão

SÃO LUÍS - O debate realizado na noite desta quinta-feira (1º) pelo portal Imirante, entre os candidatos ao Governo do Maranhão, foi marcado por intensos embates entre alguns dos principais postulantes ao Palácio dos Leões na eleição de outubro.

Os mais acirrados ocorreram entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (PSC), e entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o ex-secretário de Estado da Indústria, Comércio e Energia Simplício Araújo (Slidariedade).

Participaram, ainda, Joas Moraes, do Democracia Cristã, e Enilton Rodrigues, do PSOL.

Tecnicamente empatados, segundo a pesquisa Ipec/TV Mirante usada como base para a definição dos participantes do debates, Weverton e Lahesio protagonizaram três "rounds”  de disputa.

No primeiro deles, o candidato do PSC foi sorteado para comentar pergunta da jornalista Carla Lima a respeito de índices econômicos do Maranhão. Na resposta comparou números do PIB maranhense com os do Piauí, mas foi confrontado logo na sequência pelo pedetista, que foi sorteado para comentar.

Weverton citou o rebaixamento da nota de crédito do Município de São Pedro dos Crentes na gestão do adversário. "É muito fácil falar, mas na gestão você não conseguir resolver coisas básicas. Você tenta vender um mundo que não existe”, disse.

Na sequência, o pedetista manteve Lahesio como alvo, mesmo ao debater Esporte com Simplício Araújo.

“É necessário estimular o trabalho. Fazer com que o gestor possa, de verdade, tirar a bunda da cadeira e ir atrás de resolver os problemas. Eu tenho aqui um ex-gestor que sempre se vitimiza. Ele vive dizendo que foi perseguido, que ninguém nunca mandou nada para lá. Dizer a ele que o Maranhão, Lahesio, tem 217 municípios. Eu nunca lhe vi em Brasília, você nunca nos procurou, você nunca mandou um ofício solicitando nada. Eu até achei que lá era o melhor município do mundo, porque você nunca pediu nada para nós”, comentou.

Os dois debateram, ainda, sobre saneamento básico - quando Lahésio questionou por que Weverton votou contra o marco do saneamento - e sobre infraestrutura, quando o pedetista provocou o adversário a responder se conhecia os 217 municípios do Maranhão e o que faria para melhorar a infraestrutura do estado, dando como exemplo a localidade Canárias, em Araioses.

“Eu vou fazer totalmente diferente do que o governo de vocês fez durante esses últimos oitos anos. Vocês deixaram nossa malha viária em frangalhos, investiram pouco, ou quase nada em infraestrutura”, respondeu o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes.

Simplício x Brandão - Entre o governador Carlos Brandão e o ex-secretário Simplício Araújo, o ponto alto do embate ocorreu quando o segundo provocou o atual chefe do Executivo estadual a falar sobre o seu legado.

Brandão respondeu destacando participação de Simplício no governo e apontando obras na área de infraestrutura. O ex-titular da Seinc rebateu. “Não é o mesmo governo”, admitindo ter feito parte da gestão Flávio Dino, mas estabelecendo diferenças para a atual administração.

“Estamos vendo um governo paralisado, fazendo apenas política”, comentou, citando, ainda, R$ 2 bilhões do orçamento secreto que teriam sido enviados ao Maranhão - Brandão explicou que o recurso foi destinado a prefeituras, não ao governo -, o alto orçamento da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra) e problemas no serviço de ferryboats.

"Um governo que manda dinheiro apenas para quem lhe apoia”, completou Simplício.

Ao responder, Brandão disse ser "uma pena que o candidato Simplício comece a criticar o governo que ate outro dia ele elogiava”. E convidou o ex-aliado a participar de agendas do governo na área de infraestrutura.

Simplício seguiu no embate. “Não estou aqui me vangloriando do que eu não fiz. Você sabe muito bem, Brandão, que a gente tinha na sua pessoa uma figura apenas decorativa dentro do governo”, emendou, aproveitando para destacar uma das suas propostas de governo. “Não vou morar no Palácio e a primeira privatização que eu vou fazer é da casa do vice-governador", disse, classificando o imóvel como uma “regalia".

Brandão reage - Simplício também alegou falta de obras do governo Brandão. Falou sobre a distribuição de peixes e cesta básica, mas questionou o destino. “A gente não sabe se está chegando verdadeiramente para quem precisa”, afirmou. E acrescentou: "Não vejo nenhuma obra sua”.

“Candidato Simplício, eu acho que você não está acompanhando o governo”", respondeu o governador, ao citar obras de hospitais, construção de escolas técnicas, os Iemas, novas estradas, praças, restaurantes populares e a pavimentação de vias urbanas nos municípios.

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"Não sei se você tem alguma coisa contra a segurança alimentar. Mas quando o governador Flávio Dino me entregou o governo, eu recebi com 100 restaurantes populares, eu já inaugurei 50. Isso garante segurança alimentar para as pessoas de baixa renda. Nós estamos num momento de crise, de fome, e a gente precisa atender essas pessoas de baixa renda”, ressaltou Brandão. “Estamos construindo toda uma cadeia para preparar essas pessoas para os grandes investimentos. Você me acompanhou no exterior, e sabe que eu conheço as grandes empresas e vou trazer para que a gente possa gerar emprego e renda”, reiterou.

Na sequência, Brandão poderia ter escolhido Weverton para um embate, mas preferiu chamar Joas Moraes.

O governador e o senador, no entanto, acabaram se enfrentando adiante. Após três confrontos com Lahésio Bonfim, o pedetista acabou preferindo debater com Brandão o tema infraestrutura.

O socialista citou várias estradas e questionou críticas ao programa de asfaltamento de vias urbanas. Ao comentar, Weverton antes explicou porque rompeu com o grupo do governador.

“Uma das coisas que me fez não seguir contigo era justamente a gente ter essa capacidade e a independência de admitir que ainda tem muito o que se fazer e não ter a humildade de reconhecer os erros que se cometeu”, disse o senador, e acrescentou não ser “muito honesto com a população”, apontar boa qualidade das estradas e o serviço de travessia por ferryboats.

Em resposta, Brandão reafirmou a transparência do governo. "Não temos orçamento secreto. Todo o recurso que a gente recebe, aliás, muito pouco, do governo federal, porque os parlamentares hoje fizeram aliança com os prefeitos, não há mais aquela interlocução antiga que existia, de a gente reunir a bancada para colocar recurso para o Estado. Hoje, os deputados e senadores se reúnem e destinam recursos para os municípios. E no nosso caso, todo o recurso que chega no Estado, a gente coloca no Portal da Transparência e tem licitação. Nosso recurso é transparente. Não existe escola secreta, não existe hospital secreto, não existe policlínica secreta, não existe restaurante popular secreto, não existe asfalto secreto”, relatou, antes de convidar a Weverton para fazer a travessia de ferry entre Sao Luís e Cujupe com ele. O senador recusou o convite nas considerações finais.

Educação - O tema Educação foi o mote para o único confronto direto entre o governador Carlos Brandão e Lahesio Bonfim.

O ex-prefeito de São Pedro dos Crentes criticou a falta de concurso público e a demora no início do ano letivo.

“Eu continuo achando que o governo de vocês foi um governo de atraso. A educação começa só em junho, com celetista, que não faz concurso público, que não aumenta o salário dos professores há muitos e muitos anos, que não valoriza o professor”, afirmou.

Ele defendeu como proposta um diagnóstico da educação no pós-pandemia, concurso público para professor e capacitação profissional dos educadores maranhenses.

Na réplica, o governador convidou o adversário para visitar um dos Iemas construídos pela atual gestão.

“Estamos lá, tempo integral. Começa 7h da manhã, termina 5h da tarde, três refeições por dia, com cinco, seis laboratórios, laboratórios de física, química matemática e biologia, para que eles possam ter um aprendizado prático e aulas teóricas”, declarou, apontando que alunos do Iema são destaque.

"80% dos alunos que passam hoje na Universidade Estadual, nas universidades públicas, são oriundos de escolas públicas”, completou.

Lahesio, no entanto, fez novo questionamentos: ”Porque não investiram mais no EJA? Porque estão deixando tantos analfabetos nas nossas ruas? Porque não valorizaram a educação das pessoas que não aprenderam a ler ainda? Nós temos que investir na nossa base. Os Iemas são muito bonitos, mas precisamos ter mais equipamentos dentro dos Iemas, nós precisamos ter mais professores dentro dos Iemas. Nós precisamos investir também nas nossas escolas de Ensino Médio que não são Iemas, que estão aí largadas, que os professores são mais é celetistas, que recebem bem menos que um professor concursado. Você sabia, que às vezes o professor só está chegando em maio, junho, depois que vocês fazem o seletivo. Você precisa visitar mais as escolas do Maranhão”.

5G - Em discussão sobre a chegada da tecnologia 5G no Maranhão com Enilton Rodrigues, Joás Moraes apresentou uma proposta curiosa: interligar Boca Raton, na Flórida (EUA), com o município de Raposa via cabo submarino. “Nós vamos construir um corredor de tecnologia no Maranhão”, disse.

A acrescentou: “O nosso programa de governo para a área da ciência e tecnologia é estar capacitando os técnicos do governo e colocando esse elemento na pauta do dia. Mas a gente acredita que a grande prioridade do Maranhão hoje é a gente produzir no investimento, girar a roda do que é prioridade política no estado. A gente pode usar as nossas universidades estaduais, usar todo esse corpo, toda essa ciência produzida nesses campos para que a gente possa desenvolver e fazer com que essa tecnologia chegue para todos”.

O Debate Imirante durou pouco mais de 2h30, e teve média de 10 mil usuários online durante toda a exibição. Dentre os convidados, apenas o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Júnior, candidato pelo PSD, não participou, alegando estar em agenda pelo interior do estado nesta quinta.

Saiba quem disputa as eleições em São Luís.

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