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Benedito Buzar é jornalista e historiador.
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Academia Maranhense de Letras retomará sessões solenes presenciais no dia 18

Benedito Buzar

Atualizada em 02/05/2023 às 23h38
Sede da AML: sessões presenciais serão retomadas na próxima quinta-feira, 18 (divulgação)

Por causa da pandemia, a Academia Maranhense de Letras passou quase dois anos sem realizar sessões solenes e presenciais.

Nesta quinta-feira, 18 de novembro, a Casa de Antônio Lobo abre as suas portas para solenemente receber o mais novo acadêmico: o ministro, professor e intelectual Reynaldo Soares da Fonseca, ocupante da Cadeira 38, patroneada por Adelino Fontoura.

Nessa noite, acadêmicos e convidados, com absoluta certeza, deverão ouvir dois brilhantes e inesquecíveis discursos: o do empossado e o de quem vai saudá-lo: Alberto Tavares da Silva.


SOUZA BISPO: O INTELECTUAL QUE VEIO A PÉ DO RIO DE JANEIRO A SÃO LUÍS

Cândido Pereira de Sousa Bispo, veio ao mundo a 3 de outubro de 1896 em Grajaú e faleceu em São Luís a 15 de julho de 1950. De família pobre, conseguiu se formar em Direito e firmar-se na vida como renomado advogado, professor, jornalista, membro da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

No dia 29 de novembro de 1922, com 26 anos, decidiu realizar uma inacreditável proeza humana e sem motivações religiosas, interesses pecuniários ou objetivos promocionais.

Meteu na cabeça fazer uma viagem do Rio de Janeiro com destino a São Luís, usando apenas os pés, projeto que cumpriu depois de andar mais de oitocentas léguas. Ao final da longa e proveitosa jornada de andarilho, arrebanhou informações preciosas sobre a vida do homem brasileiro, que “viu com os olhos do corpo e da alma, a terra imensa e promissora, mais rica que o homem, mais formosa que a gente que a habita e resolve com indiferença dos que desconhecem em que pisam.”

“Naquela jornada cívica de cinco lustros”, o escritor maranhense, em conferência realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, afirmou que “autodidata que sempre fui, aprendi noções gerais de cartografia, de topografia e de geologia, e observando as camadas de terras, compreendi que não devemos estar indiferentes a tais estudos, indiferentes a tais conquistas científicas”.

E arremata: “Aqueles meses, para mim, valeram um curso de engenharia, tal o meu interesse pelas disciplinas correlacionadas à terra”.

Para chegar a São Luís, no dia 23 de julho de 1923, depois de uma penosa, mas valiosa caminhada, conheceu e se encantou com a região central do Brasil, rica e despovoada, a respeito da qual disse poeticamente: “Em noite sem luar, mas constelada, ficaria na dúvida para defini-la qual o legítimo firmamento: o céu estrelado, ou o terreno recamado de ouro e diamantes”.

Como se fosse um Juscelino Kubitscheck, profetizou para aquela região iluminado futuro: “Quando a locomotiva, condutora da fartura, atravessar o coração do país, por essa região e chegar ao norte brasileiro, então outra sorte terá a nossa pátria. O Brasil tornar-se-á rico e poderoso”.

Na sua última etapa de viagem, depois de transitar por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Piauí , ingressou em terras maranhenses e visitou várias cidades, sobre as quais registrou comentários mordazes, uns mais, outros menos, como os seguintes: “Carolina, a mais bela, próspera e adiantada do alto Tocantins; Riachão, o melhor clima do estado, mas um lugarejo morto por causa da politicalha; Balsas, entreposto comercial mais importante do sul maranhense e com estreita relações com as praças piauienses; Loreto, sede de extenso município, mas um lugar morto e inferior aos povoados que lhe pagam tributos, como São Felix e Mangabeira; Benedito Leite, a localidade mais influente da margem esquerda do Parnaíba; Nova York, fronteira a um lugarejo piauiense; Pastos Bons, cujo nome retrata os campos formosos do Maranhão, do Parnaíba ao Gurupi e Tocantins; Porto Franco, porto fluvial do que se serve Pastos Bons; São João dos Patos, Passagem Franca e Matões, carece de transportes modernos até para a palavra, pois nem telégrafo possuem”.

Antes de chegar à capital maranhense, fez questão de passar pelas cidades que margeavam a recém-inaugurada Estrada de Ferro São Luís-Teresina, destacando-se Caxias, Codó, Coroatá, Itapecuru-Mirim e Rosário, sobre as quais disse: “progridem ao impulso de seus filhos, arrimada à de elementos bons que lhes chegam com aptidões e desvelos”.

Dessas cidades, Coroatá e Rosário mereceram comentários especiais. Da primeira, escreveu que esperava do Governo a construção de uma estrada de ferro para ligá-la à região tocantina. Da segunda, afirmou que poderá se transformar em subúrbio de São Luís, com a conclusão da ponte Benedito Leite, sobre o canal dos Mosquitos.

Ao final da conferência, não esqueceu de dizer algumas palavras a respeito da “Ilha de São Luís, que, com excelentes mananciais de água potável, ricas terras de cultura, viçosos palmeirais, aguarda o remodelamento da capital, que o governo atual (Godofredo Viana) empreende para de tudo produzir. O Maranhão já não está de cócoras, levanta-se, ergue-se ao aceno da varinha mágica do governo que agora lhe dirige os destinos”.

Em tempo: o texto encimado, extraí resumidamente de uma extensa conferência proferida pelo acadêmico Souza Bispo, a 17 de novembro de 1923, na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e publicada no livro de sua autoria, “A Estrutura Geográfica do Maranhão”.

CAMPANHA ELEITORAL FORA DE ÉPOCA

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Eu acompanho as lutas políticas do Maranhão desde os anos sessenta do século passado, razão pela qual me acho em condições de opinar sobre o atual quadro político reinante em nosso estado.

Ao longo da minha vida de octogenário, jamais vi uma campanha política, com vistas à sucessão ao governo estadual, ser tão afrontosa quanto à intempestividade, ilegalidade e imoralidade como a que se processa diante de nossos olhos e ouvidos.

Pela primeira vez, assiste-se a uma deslavada campanha eleitoral, protagonizada por dois políticos militantes, que se lançaram pré-candidatos ao cargo de governador, usando dinheiro em profusão e ao arrepio da legislação eleitoral.

Os dois pré-candidatos, como se já tivessem suas candidaturas homologadas pela Justiça Eleitoral, realizam e promovem aberta e despudoradamente eventos políticos, comícios, passeatas, carreatas e outras ilegalidades ao arrepio da lei e das autoridades, estas, silenciosas e acomodadas diante de tantos abusos.


POESIA DE SARNEY

O primeiro livro de poesia de José Sarney foi escrito aos 13 anos de idade.

O livro estava datilografado e no ponto de ser publicado, mas o jovem intelectual o esqueceu num banco de um bonde que o conduzia à Praça Gonçalves Dias.

Para surpresa e alegria de Sarney, o livro com o nome de Poemas Descartados, depois de longos anos de sumiço, foi encontrado e entregue ao autor.


UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

O Ministério da Educação quer criar cinco novas universidades federais, a partir do desmembramento das já existentes.

No Maranhão, deverá ser criada a Universidade da Amazônia, vinculada ou extraída da nossa Universidade Federal.

As novas universidades serão dirigidas por reitores temporários e nomeados pelo ministro da Educação.

PALESTRA EM LISBOA

Está acontecendo em Lisboa a reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Uma grande representação do Congresso Nacional participa do evento, no qual o deputado Gastão Vieira será um dos conferencistas.

Convém lembrar, que este evento foi criado no governo do Presidente José Sarney, que, em homenagem ao Maranhão, realizou em São Luís a primeira reunião da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa.

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