Gravidez na pandemia

Covid-19: fora do grupo prioritário da vacinação, gestantes relatam medo e cuidados

Especialista explica que ainda não há estudos das vacinas voltados nem para gestantes nem a crianças.

Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h04

SÃO LUÍS - Sem uma base de estudos sobre a eficácia das vacinas contra o novo coronavírus em gestantes, lactantes e crianças, este público ficou de fora da campanha de imunização neste primeiro momento.

É importante lembrar que as gestantes devem seguir seu calendário vacinal normal. Tomar as vacinas recomendadas durante a gravidez pode ajudar a proteger a mãe e o bebê.

No caso da vacinação contra o coronavírus, crianças e grávidas devem participar em breve dos estudos do Instituto Butantan, o responsável pela vacina CoronaVac, que já começou a ser aplicada pelo Brasil. Com a restrição no momento, essa população específica deve aguardar a evolução dos estudos e dados sobre a eficácia das vacinas contra a Covid-19 nela.

Eu na verdade esperava que a gestante pudesse tomar a vacina
Johellen Castro, grávida de três meses.

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Moradora da Estrada da Raposa, na região metropolitana de São Luís, a atendente de laboratório Johellen Oliveira de Castro, de 28 anos, está com quase três meses de gestação. Por causa do próprio trabalho, antes de descobrir que estava grávida, ela conta que já tomava os cuidados necessários. “Graças a Deus eu nunca peguei. Tive muito cuidado durante esse tempo”, afirmou.

“Eu na verdade espera que a gestante pudesse tomar a vacina. Porém, na consulta, o médico me disse que se a composição da vacina fosse de agentes vivos, a gestante não pode tomar. E me explicou que esses tipos de vacinas são proibidos a gestante”, relatou Johellen.

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A bióloga e doutora em Imunologia, Rosane Guerra, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em uma entrevista ao Imirante.com confirmou que ainda não há estudos voltados a crianças e gestantes, por isso a contraindicação da vacina a este público nesta primeira etapa.

Amanda aguarda chegada do bebê após enfrentar complicações. Foto: Arquivo Pessoal.

A empreendedora e influenciadora digital, Amanda Lícia Araújo Dourado, de 27 anos, que mora no Calhau, testou positivo para a Covid-19 com 29 semanas de gestação. “Quando eu descobri a gravidez na pandemia, fiquei com muito medo. Nós precisávamos trabalhar, eu e meu esposo, sustentar a casa (…). Tive que ficar de repouso, tive que tomar medicação para conseguir segurar o bebê. Foi muito difícil esse momento para gente”, ressaltou.

Que todas as pessoas tenham consciência, que tomem a vacina, que pensem no próximo.
Amanda Dourado, grávida de nove meses.

Amanda, que correu o risco de ter um parto prematuro, hoje está no nono mês de gravidez, sabe que não pode descuidar e segue todas as regras como usar máscaras, higienizar as mãos e evitar aglomeração.

“Que todas as pessoas tenham consciência, que tomem a vacina, que pensem no próximo”, pediu Amanda. “Que vacinem não só pensando em si, mas pensando também no próximo, nos familiares que estão ao seu redor”, destaca.

Um documento sobre orientações práticas relacionadas à Covid-19, publicado na última segunda-feira (18) no site da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), reforça o que as produtoras de vacinas já divulgaram: mulheres grávidas ou amamentando foram excluídas dos estudos com vacinas contra o coronavírus. “A segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas nestes grupos, no entanto estudos em animais não demonstraram risco de malformações”, aponta o documento.

O documento ressalta: “a falta de dados de segurança e eficácia ainda nos impede de recomendar vacinação Covid-19 de rotina para todas as mulheres grávidas e lactantes”. No entanto, um trecho diz que as vacinas contra a Covid-19 “não devem ser negadas aos grupos de gestantes mais vulneráveis”.

A orientação é que haja o constante acompanhamento médico. “Uma conversa entre a gestante e seu obstetra pode auxiliar nas decisões sobre o uso de vacinas aprovadas pela Anvisa para a prevenção de Covid-19 em pacientes grávidas”, destaca o documento.

É aconselhável, ainda de acordo com o documento, que aquelas mulheres, que planejam uma gravidez, completem o ciclo de vacinação contra Covid-19 (quando possível) para atingir a eficácia máxima da vacina antes da gravidez.

O documento ressalta também que estas orientações podem ficar desatualizadas à medida que novas informações sobre a doença em gestantes se tornarem disponíveis.

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