SÃO LUÍS - “A Nordeste de que?”, a provocação do artista cearense Yuri Firmeza foi o que motivou a exposição À Nordeste, que o Sesc 24 de Maio, em São Paulo, recebe entre 15 de maio e 25 de agosto. Com curadoria de Bitu Cassundé, Clarissa Diniz e Marcelo Campos, À Nordeste reúne um conjunto de 343 trabalhos, de diversas linguagens e suportes, do barro aos memes, criações singulares de 160 artistas, quase todos nordestinos, mas não exclusivamente. Artistas de contextos e linguagens diversas, mas com um ponto em comum: uma produção pulsante, que problematiza os imaginários que se tem acerca do Nordeste. A crase em À Nordeste surge como elemento desafiador do estereótipo regionalista, pois evita o artigo definido — e, com ele, uma identidade unívoca — de “o Nordeste”.
“Com esse conjunto riquíssimo, diverso e heterogêneo de obras e artistas, não temos qualquer pretensão em apresentar ao público o que é o Nordeste hoje, mas, sim, o que é estar à Nordeste. Sob essa perspectiva, lançamos luz sobre jogos políticos e estéticos, marcados por contraposições em relações às hegemonias, centralidades e, inclusive, outras periferias”, afirma Clarissa Diniz. Os curadores revisitaram as nove capitais nordestinas e várias cidades do interior. “Iniciamos essas viagens e visitas a campo no segundo semestre do último ano, em pleno processo eleitoral. Neste período, o Nordeste vivenciou um momento um tanto quanto singular, revigorante, de contraposição a uma ideia de Brasil que acabou prevalecendo naquele contexto”, pontua Diniz. “Pudemos ver um Brasil em transformação, a partir de um Nordeste de muitas lutas, mobilizações e reivindicações em torno de suas questões”, completa Bitu Cassundé.
Entre os artistas, mais de 10 maranhanses
Para se ter uma ideia da diversidade de artistas que integram a exposição, nomes como Abraham Palatinik, Almandrade, Antônio Bandeira, Ayrson Heráclito, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, Bispo do Rosário, Cristiano Lenhardt, Gilberto Freyre, Glauber Rocha, Jean-Pierre Chabloz, Jonathas de Andrade, Juliana Notari, Leonilson, Marepe, Mestre Vitalino, Romero Britto, o coletivo Saquinho de Lixo, Pêdra Costa, Tadeu dos Bonecos, Véio, Zahy Guajajara e muitos outros. “Temos justapostos artistas renomados e criadores culturais que sequer estão inseridos no circuito que hoje entende-se como o circuito da arte contemporânea. Não hierarquizamos aqui as diversas formas deprodução de cultura, como outrora se fez entre ‘cultura erudita’ e ‘cultura de massa’. Esse conjunto cumpre um desejo que é dizer o que é a região hoje e quais são as questões ali em voga”, afirma Marcelo Campos. Mais de 10 maranhenses participam de À Nordeste. Veja lista completa:
Abel Teixeira
Cláudio Costa
Ferreira Gullar
Gê Viana
Joãosinho Trinta
Márcio Vasconcelos
Marepe
Ramusyo Brasil
Thiago Martins de Melo
Ton Bezerra
Zahy Guajajara
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Para facilitar a navegação do público em meio à exposição, que pelo volume de artistas e obras assemelha-se a uma Bienal, os trabalhos foram divididos em oito núcleos distintos, que se ramificam e contaminam uns aos outros: Futuro, Insurgência, (De)colonialidade, Trabalho, Natureza, Cidade, Desejo e Linguagem. Neles, obras já existentes se articulam a 12 criações inéditas, especialmente comissionadas pelo Sesc 24 de Maio para esta exposição, dos seguintes artistas: Daniel Santiago (PE), Arhur Doomer (PI), Gê Vianna e Márcia Ribeiro (MA), Ton Bezerra (MA), Isabela Stampanoni (PE), Pêdra Costa (RN), Jota Mombaça (RN), Ayrson Heráclito, Iuri Passos e Kabo Duka (BA), SaraElton Panamby e Nara Albuquerque (MA), Marie Carangi (PE) e Alcione Alves (PE), Luis Matheus Brito (SE) e Marcelo Evelin & Matheo di Blasio (PI / Itália).
Sob estas oito chaves de leitura diversas, a exposição À Nordeste propõe um mergulho em questões e perspectivas não-hegemônicas em torno do imaginário que se tem dessa região. O Nordeste emerge então não como um lugar, mas como uma posição, uma situação em meio a um pensamento pautado por centralidades impositivas, colonialistas, extrativistas, que posicionam o centro-sul do País como caixa de ressonância e instância normativa para comportamentos estético-formais.
Algumas obras serão expostas em sala especial, com visitação apenas para maiores de 18 anos. A exposição contará, também, com uma série de recursos acessíveis, como videolibras, audiodescrição, maquetes e reproduções táteis de alguns trabalhos.
Exposição À Nordeste
Curadoria: Bitu Cassundé, Clarissa Diniz e Marcelo Campos
Abertura: 15 de maio de 2019, às 20h
Período expositivo: de 16 de maio a 25 de agosto
Local: Sesc 24 de Maio
Endereço: Rua 24 de Maio, 109, República, São Paulo
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 21h, domingos e feriados, das 9h às 18h
Classificação indicativa: + 14 (algumas salas são +18)
Agendamento de grupos: agendamento@24demaio.sescsp.org.br
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