SÃO LUÍS – O crescimento desordenado e aleatório de São Luís resultou no abastecimento, drenagem e rede de esgotos precários e insuficientes. Os sistemas hídricos existentes na capital não atendem à demanda da população. E para suprir essa necessidade hídrica, os poços artesianos tornaram-se a alternativa mais viável para os que não possuem água em suas residências.
Condomínios, lava-jatos e estabelecimentos comerciais são os que mais usufruem do abastecimento hídrico através do sistema de poços. Entretanto, grande parte da população carente utiliza esse mecanismo para suprir necessidades básicas.
Com profundidade diferente dos poços comuns, a exemplo de cisternas ou cacimbas, o poço artesiano é perfurado por máquinas de empresas especializadas. Para o procedimento é necessário uma área de sete metros de largura por 25 metros de comprimento; e a utilização de dois a quatro caminhões para se conseguir um poço de uma profundidade que varia entre 100 e 1.500 metros. Após a perfuração, a estrutura é revestida com tubos de aço, e requer um filtro especial.
O Decreto- Lei nº 226A/2007, de 31 de maio, regulamenta os proprietários que utilizam água do solo devem pedir autorização, licença ou outorgas de uso dos recursos hídricos para as autoridades competentes. Devido a essa burocracia e o preço elevado cobrado pelas empresas que atuam na área, a população opta pelo método mais rápido e barato de obter água.
O que muitos não sabem é que a água cristalina e sem odor não é sinônimo de qualidade. Cavados de maneira irregular, grande parte dos poços estão com suas águas contaminadas. Os poços artesianos estão comprometidos por diversos fatores, dentre eles a poluição ambiental, salinização, e contaminação de vírus e bactérias.
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Doutor em Saneamento Ambiental, Lucio Macedo explica que o lixo localizado próximo a essas fontes subterrâneas é um dos principais fatores que contaminam as águas dos poços.
A perfuração clandestina e a má utilização dessa fonte reduzem o volume de água nos lençóis freáticos e acarretam na invasão de água salgada no meio ambiente.
Autor do estudo que afirma que em 10 anos São Luís pode chegar a uma grave crise hídrica, o pesquisador diz que devido à construção em lugares impróprios e de forma rústica, a contaminação da superfície do solo acaba se infiltrando e contaminado toda água existente no lençol freático. “O saneamento precário e a poluição atingem o lençol freático e, consequentemente, a água que é usada por quem tem o poço em sua casa. A utilização dessa água contaminada acarreta na disseminação de doenças infectocontagiosas na população.”, explicou.
Segundo ele, é necessário que o poder público acompanhe mais de perto essa situação. "Além de orientações sobre a perfuração clandestina e o risco causado por ela, é necessário que o governo invista no saneamento básico da cidade. O abastecimento da capital, também, é um ponto que precisa ser levado em consideração, pois a utilização irregular desses poços se dá pela falta de um sistema hídrico de qualidade”, destacou.
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