SÃO LUÍS - O Projeto Escola Aberta realiza ações de educação não-formal e desenvolve oficinas de arte, lazer, cultura e esporte, além de espaços para o exercício de cidadania, visando à organização comunitária e a aproximação entre escola e comunidades.
O projeto nasceu de um acordo de cooperação do governo brasileiro com a UNESCO, em outubro de 2004, na cidade do Rio de Janeiro. Seu principal objetivo é contribuir para a melhoria da qualidade da educação, a inclusão social e a construção de uma cultura de paz, ampliando as oportunidades de acessos a espaços de promoção da cidadania, contribuindo para a redução da violência escolar nas unidades próximas das áreas de riscos e impacto social.
As atividades são realizadas nos finais de semana por voluntários escolhidos de acordo com as suas atribuições e são coordenadas por pessoas das escolas ou das comunidades, orientados pela Secretaria Municipal de Educação. Em São Luis, o projeto começou no ano de 2007, na Unidade de Ensino Básico Tancredo Neves, localizada no bairro da Cidade Operária. O professor Tales Lemos Mota começou como voluntário e depois passou a ser coordenador do Projeto Escola Aberta. Ele lembra quando a professora Lenir, que era secretária da escola na época, lhe convidou para participar desta empreitada e prontamente aceitou o desafio.
“Quando fui convidado para participar do projeto, perguntei à professora o significado do Escola Aberta e ela prontamente me disse que era uma ação de cunho social, que dispõe de recursos financeiros limitados”, disse. Em São Luís, foram contempladas apenas 17 escolas.
Há uma grande confusão quando se fala no Projeto Escola Aberta. Ele é confundido com o Programa Escola de Vida. Ambos são programas federais, mas o que os diferencia é que o Escola Aberta é coordenado pela Secretaria Municipal de Educação, enquanto a Escola de Vida é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação. No entanto, os dois trabalham com os mesmos propósitos. O objetivo maior do Projeto Escola Aberta é trabalhar com crianças e adolescentes excluídos socialmente, ou seja, que estejam a mercê da marginalidade. Antes do projeto, existia um grande número de atos de vandalismos nessas unidades, alunos com baixo rendimento escolar, paredes pichadas e venda de entorpecentes nas proximidades das escolas. As quadras esportivas não ofereciam as menores condições para que fosse desenvolvida qualquer atividade física e esportiva. “Sentimos a necessidade de ressocializar esses alunos, para que possamos resguardar a sua auto-estima, de seres humanos enquanto seres humanos” enfatizou o professor Tales.
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Fazendo uma breve retrospectiva, o professor relata que morou em um bairro de classe média, no Monte Castelo, mas foi acolhido com carinho no bairro da Liberdade. “Nessa minha convivência, assimilei muito aquela coisa de irmandade, herdei uma linguagem simples e clara, mas direta”, conta Tales Mota.
Zona rural - O Projeto Escola Aberta atua em várias comunidades. O sucesso já é tão grande que o seu raio de atuação chegou à zona rural. O professor Tales reforça que a principal dificuldade enfrentada pelo projeto é a financeira. “Somos obrigados a trabalhar com recursos limitadíssimos, insuficientes para arcarmos com qualquer despesa extra”, revela. “A escola entra com o espaço físico e não disponibilizamos de recursos humanos. Cabe a nós, voluntários, fazermos um trabalho de formiguinha. O nosso maior parceiro é a própria coletividade”, afirmou o professor Tales.
Dados revelados pela própria coordenação do projeto comprovam a eficácia do programa. Antes era grande a evasão nessas escolas, mas com a aplicação do Escola Aberta, o desempenho dos alunos em sala de aula melhorou bastante. Crianças que não participavam das oficinas por falta de espaço, hoje com a expansão dos laboratórios pais e filhos desenvolvem juntos algumas atividades O Projeto Escola Aberta dispõe de oficinas de artesanatos, balé clássico, karatê, dança do ventre, capoeira, futebol de campo, futsal, vôlei entre outras atividades. Não existe uma faixa etária para freqüentar as oficinas. É feita uma divisão por idade e o projeto disponibiliza pelo menos trinta oficinas em que já foram atendidas aproximadamente cerca de 5.000 pessoas.
Quando perguntado sobre a participação dos órgãos governamentais e as empresas privadas no programa, o professor Tales não escondeu a sua indignação pela falta de reconhecimento de um trabalho feito com seriedade e responsabilidade, sem fins lucrativos e que não dispõe do apoio da grande mídia para divulgá-lo. “Fica aí um alerta para as autoridades. Não é difícil encontrar um terreno abandonado que esteja servindo de abrigo para marginais e transformá-lo em uma área de lazer decente, para evitar que esses jovens de hoje sejam os delinquentes de amanhã. Não é difícil pegar um prédio público abandonado que esteja servindo de boca-de-fumo para o tráfico e transformá-lo em uma escola decente, com professores preparados, habilitados e bem pagos para educar os nossos filhos, pois deles depende o futuro dessa imensa nação. É fácil fazer, para isso basta querer. Educação é coisa séria, por isso merece ser tratada com respeito”, afirma. Se o Projeto Escola Aberta deu certo, com apoio e seriedade outros que vierem com certeza terão o mesmo desempenho.
O Projeto Escola Aberta fica na Unidade de Ensino Básico Tancredo Neves, Unidade 101, s/n, Cidade Operária, próximo ao ponto final da Maiobinha, e funciona aos sábados e domingos, das 08h00 às 17h00.
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