SÃO LUÍS - O depoimento do caseiro Roubert Sousa dos Santos, de 19 anos, conhecido como Louro, acusado de participar do assassinato do empresário Marggion Lanyere Ferreira Andrade, de 45 anos, foi veiculado na edição desta manhã (20), do programa Ponto Final, apresentado pelo jornalista Roberto Fernandes, na rádio Mirante AM . O caseiro foi preso horas depois de o corpo de Marggion Andrade ter sido encontrado enterrado em uma cova rasa no próprio terreno que comprara do corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho, de 57 anos.
Ameaça - Roubert afirmou, à polícia, que Marggion chegou a lhe confidenciar que estava recebendo ameaças de morte por parte de um grupo de "bandidos". Citou o corretor Elias Filho e o vereador do município de Paço do Lumiar, Edson Arouche Júnior, de 42 anos, o Júnior Mojó (PSL), como supostos integrantes do referido bando.
- Ele [o corretor] foi várias vezes lá no terreno me ameaçar, dizendo que eu tinha que sair dali, senão iria pegar uma carregadeira e destruir o muro. Depois disso, o corretor me procurou outras duas vezes e me ofereceu dinheiro para que eumatasse meu patrão [o empresário], mas eu não aceitei. Na segunda proposta, Elias chegou em uma caminhonete SW4 prata, acompanhado de outras três pessoas que ficaram dentro do veículo. Conversando comigo, ele disse que aquele terreno era dele e me ofereceu até R$ 5 mil para eu matar Marggion", resumiu o caseiro do empresário assassinado com um tiro na nuca.
Sobre a suposta participação de policiais, que estariam atuando como "capangas" do corretor de imóveis, o caseiro da vítima afirmou que "Elias andava com uma pistola à mostra", e sempre estava em companhia de "pessoas armadas, que também os ameaçava".
Inquérito - O caseiro afirmou, ainda, e consta no inquérito policial enviado à Justiça, que Elias propôs pagar a ele a importância de R$ 5 mil para quematasse Marggion. Em casa, disse ter comentado o fato com o cunhado e ex-presidiário Alex Nascimento de Sousa, que já havia trabalhado para Marggion e Elias, respectivamente.
- Alex comentou comigo que Elias tinha lhe oferecido R$ 12 mil para que ele [Alex] matasse Marggion, o que foi aceito. Ele me convidou juntamente com adolescente para matar Marggion. Alex me prometeu R$ 2 mil e R$ 1 mil para o adolescente e que o restante do dinheiro utilizaria para pagar um advogado, pois Alex comentava que tinha sido condenado a cinco anos de prisão - declarou.
Roubert contou que ele Felipe ficavam conversando e duvidavam se Alex teria mesmo coragem de matar Marggion ou era só uma brincadeira.
- Na quinta-feira à noite, dia 12, Alex disse: rapaz amanhã eu mato aquele desgraçado. Eu e Felipe acordamos por volta das 5h30 e por volta das 8h, Alex chegou de bicicleta e juntos foram cavar a cova onde enterrariam Marggion. Eu e Felipe conversamos com Alex e perguntamos se ele teria coragem de matar Marggion. Momento em que Marggion chegou, como de costume, trazendo o café, pão, leite e suco) - detalhou.
Segundo inquérito policial, Alex retirou a porteira, Marggion entrou e deu dois passos em direção ao cômodo e logo em seguida foi baleado com um tiro na nuca disparado pelo ex-presidiário. Alex chamou o cunhado e Felipe para que carregassem o corpo até a cova, o que foi feito.
Roubert fugiu para a casa da companheira no bairro do Cohafuma. Felipe foi para casa da mãe. Alex disse que iria ficar para limpar o sangue que ficou no terreno.
O ex-presidiário contou aos comparsas que Elias teria orientado para queimar o corpo da vítima. Antes de enterrarem o empresário, os acusados retiraram a importância de R$ 500,00 que estava no bolso da calça e dividiram entre eles.
O caseiro da vítima citou também no inquérito policial o vereador do município de Paço do Lumiar, Edson Arouche Júnior, de 42 anos, o Júnior Mojó (PSL), como integrante do bando que queria tomar o terreno. Na noite desta quarta-feira, (19), a polícia ouviu o depoimento do parlamentar sobre o caso, mas não foram reveladas informações da conversa.
Vítima de grilagem - Em matéria publicada nesta quinta-feira, (20), em O Estado do Maranhão, de autoria do jornalista Saulo Maclean, um casal procedente de Imperatriz é apontado como a quinta vítima do corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho na compra de um terreno na praia do Araçagi, e que resultou na morte do empresário Marggion Lanyere Ferreira Andrade o primeiro na lista dos compradores.
De acordo com o superintendente da SPCC, Sebastião Uchoa, as novas vítimas teriam comprado à vista parte do terreno que já era de propriedade do empresário por R$ 53 mil.
- A negociação foi feita no dia 27 de julho deste ano, sem que o casal soubesse de que aquele lote já tinha um dono, no caso o empresário. Essa situação só foi constatada depois que Marggion Andrade estranhou o fato de ter aparecido uma pessoa para limpar a área a mando dos novos compradores. A vítima, portanto, apresentou ao casal seus documentos de escritura e registro deimóvel legítimos - adiantou o delegado Sebastião Uchoa.
Ilegalidade - Ainda segundo a polícia, a documentação apresentada pelo empresário teria sido emitida legalmente há cerca de 10 anos, por um cartório de registro de imóveis no município de São José de Ribamar, hoje nominado de "Cartório de Imóveis Luciene Castelo Branco Campos Santos". Este ano, as demais revendas do mesmo lote teriam sido despachadas por um cartório de São Luís, entretanto, apenas com as escrituras, faltando, portanto, os registros obrigatórios para a validação da posse da área. Antes de o casal se apresentar como vítima do corretor, outra transação ilegal já havia sido constatada pela polícia.
Conforme as investigações, o dono de uma escola particular, localizada em São Luís, no Cohatrac, teria sido dos três primeiros compradores do terreno em questão, que também teria sido enganado por Elias Orlando Nunes Filho. A vítima, neste caso, teria adquirido toda a área por mais de R$ 100 mil. A compra do terreno ocorreu no dia 26 de junho, exatamente um mês antes do mesmo imóvel ter sido vendido ao casal imperatrizense. O dono da unidade de ensino também soube que foi enganado, depois que viu a documentação de Marggion Andrade.
Nesta quarta-feira, 19, diante dos fortes indícios de falsificação de documentos, Uchoa considerou a possibilidade de a polícia estar diante de uma grande "quadrilha de grileiros de terras" na região Metropolitana da capital.
- As aquisições de documentos de procedência duvidosa; os sinais de prática de estelionato, associada à revenda do mesmo terreno várias vezes, a pessoas diferentes dão à Polícia Civil a convicção de que estamos diante de uma verdadeira organização criminosa. Nosso trabalho não está baseado em suposições. Temos documentos, confissões e reconhecimento do autor intelectual do crime - frisou Uchoa.
Soltura - O corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho foi beneficiado com um habeas corpus, concedido pela desembargadora do Tribunal de Justiça do Maranhão, Maria dos Remédios Buna, em menos de 24 horas de sua prisão, ocorrida no início da manhã de segunda-feira, 17, na porta de sua casa, no Planalto Anil II.
No documento, a magistrada argumenta que as provas dos autos são insuficientes para embasarem o decreto prisional uma vez que a autoria do crime encontra-se comprometida, pois o autor dos disparos de arma de fogo que ceifou a vida da vítima, segundo depoimento dos outros acusados, é o senhor conhecido por Alex
Nascimento dos Santos, encontra-se em local incerto e não sabido que o paciente afirma jamais ter tido qualquer tipo de contato sequer conhece o mesmo, e ainda, pelo fato de constar em desfavor do paciente apenas depoimento do adolescente e do caseiro Roubert Sousa dos Santos, e ausentes outros meios de provas que relacionem a autoria e materialidade do delito em tela ao paciente.
Cadeia - Antes da prisão preventiva do corretor feita pela Polícia Civil, a Polícia Militar, decretada pelo juiz de Direito da Comarca de São José de Ribamar, Marcelo José Amado Libério, foram presos o caseiro da vítima e um adolescente de 15 anos, que teria participado do planejamento do crime. Marggion Andrade foi assassinado na sexta-feira, 14, por volta do meio-dia ao chegar o terreno com o almoço do caseiro. Continua foragido o ex-presidiário Alex Nascimento de Sousa, apontado como o autor do disparo que matou a vítima.
Oferta - Em depoimento, o caseiro do empresário afirmou que o corretor Elias Filho, dono da Imobiliária Territorial, teria encomendado a morte de Marggion Andrade pela quantia de R$12 mil, porém, negou ter recebido o dinheiro negociado.
Vítima - O empresário assassinado foi sócio da loja Maraíba Construção, na Cidade Operária, onde atualmente era proprietário da loja América Pisos.
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