SÃO LUÍS – Impasse nas negociações entre os sindicatos da Indústria da Construção Civil do Maranhão (Sinduscom) e dos Trabalhadores da Construção Civil para definir o fim da greve dos trabalhadores. Uma reunião com as duas partes foi marcada para esta terça-feira (1º) no Ministério Público do Trabalho. No entanto, a possibilidade de um acordo parece estar muito distante.
E a questão se agrava porque os presidentes dos dois sindicatos não se entendem. Na manhã desta terça-feira, o telejornal Bom Dia Mirante entrevistou os representantes de cada sindicato e o clima entre eles esquentou depois de graves acusações feitas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Humberto Mendes. As denúncias foram direcionadas às empresas que integram o sindicato patronal. Para Mendes, todas essas empresas utilizam-se da prática do “caixa dois”.
- O setor patronal cresceu oferecendo produtividade do sistema de “caixa dois”. A sua empresa [referindo-se ao presidente do Sinduscom, João Alberto Mota] é das piores que desconta no sistema de caixa dois. Decepciona quando o senhor diz que desconhece essa fraude, porque a sua empresa é causadora dessa fraude – afirmou.
João Alberto Mota respondeu às acusações garantindo que esta prática não acontece em sua empresa. Segundo o presidente do Sinduscom, Humberto Melo será processado pelas graves acusações.
- O presidente do sindicato laboral está exaltado. Ele tem se responsabilizar, a partir de agora, por alguns processos. Ele, como pessoa física, ele tem que ser institucional e não pode falar nome de empresas. Ele pode vim a ser autuado em alguns processos porque esse tipo de acusação é muito grave. Inclusive, citou a minha empresa e outras empresas em que nós utilizamos caixa dois, o que não é verdade. As nossas contabilidades estão abertas para a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) ou a quem quer que seja para fazer suas investigações. O artifício do caixa dois é imoral. A empresa tem que ser penalizada. Nunca propusemos isso – disse.
Compra de helicópteros
As acusações do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil foram além. Segundo Humberto Mendes, o que os trabalhadores exigem é um aumento salarial, que poderia ser conquistado sem problemas. No entanto, Mendes acredita que os empresários estejam dificultando as negociações porque eles estariam “comprando frota de helicópteros” e negou que a greve, iniciada no dia 26 de janeiro, atrapalhe as obras do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
- {A greve] não atrapalha, porque se tivesse eles [empresários] não estavam todos concentrados no “Minha Casa, Minha Vida]. Eles iriam procurar fazer apartamentos que são mais valiosos. Esse “Minha Casa, Minha Vida, são todos os diretores do sindicato patronal que se agregaram em cima disso para dificultar o salário dos trabalhadores pensando que não temos conhecimento. Eles estão comprando frota de helicóptero. Isso não nos convence – afirmou.
Mais uma vez, João Alberto Mota defendeu o Sinduscom. Para o presidente do sindicato patronal, o empresário que compra helicópteros é porque tem condições para isso.
- Humberto [Mendes] falou que uns compraram frota de helicóptero, mas isso é problema de cada empresário. Se ele tá comprando isso é porque ele pode. Ele tá pagando imposto. Ele ta comprando uma coisa legal. Embora estejamos com o crescimento enorme da construção civil, mas isso não quer dizer que as empresas estão acumulando fortuna pra comprar frota de avião, helicóptero ou de qualquer coisa – rebateu.
Contradições
Humberto Mendes e João Alberto Mota ainda discordaram da quantidade de trabalhadores que permanecem de braços cruzados. Para o presidente do Sinduscom, 70% dos operários já voltaram ao trabalho. Segundo Mota, só existe paralisação quando representantes do Sindicato dos Trabalhadores fazem “piquete” nos canteiros de obra.
- Vários canteiros de obra estão trabalhando normalmente, a não ser quando chega o Sindicato dos Trabalhadores fazendo piquete. A greve é legal, no entanto, você coibir, proibir o trabalhador que quer trabalhar é ilegal. Chego a dizer que 70% das empresas já voltaram a trabalhar – garantiu.
Porém, Humberto Mendes garantiu que 80% dos trabalhadores ainda estão de braços cruzados.
- Nós estamos com 80% dos trabalhadores parados. Quando o presidente do sindicato patronal diz que não tem conhecimento e diz que 70% dos trabalhadores tão trabalhando é menos verdade – finalizou.
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