SÃO PAULO - Uma série de mensagens preconceituosas contra nordestinos publicada no Twitter a partir do último domingo (31) pode ser alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) após uma procuradora regional de São Paulo ter encaminhado um ofício sobre o tema na última quarta-feira (3). A seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) também anunciou que vai oferecer uma notícia-crime junto ao MPF-SP na quinta-feira (4), segundo o presidente da seccional pernambucana da ordem, Henrique Mariano.
As mensagens de ataque a nordestinos começaram no final de domingo, após a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência. Entre as mais republicadas estava a de uma jovem identificada como Mayara Petruso, que chegou a figurar na lista de assuntos mais comentados do Twitter.
A procuradora regional Janice Ascari recebeu as mensagens em sua página na rede social, imprimiu os arquivos e os encaminhou nesta quarta ao Ministério Público Federal. “Constatei condutas irregulares de preconceito e discriminação na esfera nacional. Existe uma lei para isso. Não pude deixar de ver e fazer o meu dever”, disse Janice, que se identifica como “paulista, paulistana e absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação”.
“Eu, como procuradora regional, sendo um caso da esfera nacional não tenho autoridade para abrir a investigação. Então repassei às autoridades competentes”, afirmou.
O presidente da OAB-PE afirma ter reunido documentos tirados da internet e conseguido o endereço de Mayara Petruso em São Paulo. Todas as informações serão encaminhadas ao MPF. Henrique Mariano diz que pedirá que a autora das mensagens responda pelos crimes de racismo e de incitação pública ao crime de homicídio. “Ela pede, em sua mensagem, que as pessoas afoguem nordestinos”, explica.
Mariano falou também sobre relatos de que a jovem seria estudante de Direito. “É uma postura inadmissível para qualquer ser humano, mas é especialmente triste ver uma atitude dessa vinda de uma acadêmica do Direito. É uma posição que contraria todos os princípios norteadores da profissão que ela diz querer seguir”, afirma.
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As páginas que originaram as postagens no Twitter foram excluídas. Mesmo assim, Janice Ascari afirma que é possível identificar a autoria das mensagens. “É um mito essa história de que as pessoas são anônimas na internet”, afirma.
A assessoria de imprensa do Ministério Público Federal informou que só pode se manifestar sobre o caso após um de seus procuradores analisar as denúncias.
A análise pode levar a uma investigação do próprio MPF, o encaminhamento do caso à Polícia Federal ou ainda o arquivamento, se o caso não for considerado crime.
O escritório de advocacia Peixoto e Cury informou nesta quarta que Mayara Petruso foi sua estagiária “mas não faz mais parte dos quadros do escritório”. “Com muito pesar e indignação, [o escritório] lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis”, disse em nota.
O G1 tentou entrar em contato com Mayara Petruso na tarde desta quarta, sem sucesso.
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